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Roteiro_de_Filme_ou_Novela-->CONTOS POPULARES -- 04/07/2002 - 10:46 (LUIZ CARLOS LOCATELLI) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
SEGUE ABAIXO DOIS EPISÓDIOS PARA UMA SÉRIE DE TV.
Roteiro Cinematográfico Para Série de Tv.
Título da Obra: Contos Populares..
Autor: Luiz Carlos Locatelli
Registrado, por postagem postal dia . . . . . /2001


Histórias:
A CASA MAL ASSOMBRADA.
A VACA E A ESPINGARDA.



Os personagens de apoio, são sempre representados pelos mesmos atores em todas as histórias.
Somente os personagens principais de cada história é representado por um ator diferente.
O personagem principal é Armando, um jornalista, que após ser despedido de um pequeno jornal em decadência, decide sair pelo País em busca de boas matérias trabalhando como Free Lancer.
Armando é medroso. Mas acredita que uma boa aventura o fará um Jornalista de sucesso. Ele nunca consegue, porque alguma coisa sempre o atrapalha.




HISTÓRIA 01 - “A CASA MAL ASSOMBRADA”

Personagens: Armando – O jornalista
A Namorada de Armando.
O Vaqueiro. – (Apoio)
O Chefe, dono do Jornal.
O motorista do ônibus.
Os performances de um Circo.
O Garçom do boteco.
O homem da bicicleta (Muito Medroso – acredita na Lenda)
Performances de um circo ( Palhaços, mágico, bailarina, etc.)
Figurantes: Componentes de um circo em decadência.

Locação: Um casarão Velho de uma pequena cidade do interior.
SEQ. 01: LANCHONETE/INT/NOITE. ( 2 minutos)

É noite. Armando e a namorada entram numa Lanchonete.
A Namorada de Armando usa roupa muito sensual para a ocasião. Ela é bonita.
Armando é um Jornalista, segura nas mãos uma máquina fotográfica, e carrega um gravador pequeno no bolso.
A lanchonete, está cheio de gente. Ao entrar as pessoas assobiam para a moça.
Armando fica enciumado. Ela fica toda contente com a cena. Armando liga o gravador sem que ele perceba.
Armando puxa ela até uma mesa mais afastada. Os dois sentam-se.

ARMANDO: Precisava dar esse show todo? O nosso relacionamento está indo por água abaixo e você ainda fica dando bola para esse tipo de gente. Quer me ver derrotado?

NAMORADA: Você já é um derrotado. Olha só para você. Não confia no próprio taco. Tem medo de perder a Sua fogosa...

ARMANDO: Há, você sabe que eu não gosto desse tipo de atitude. As suas roupas são muitos chamativas, elas de deixam oferecida...

NAMORADA: Eu sou oferecida. Gosto de me oferecer. Gosto de aparecer. Sou feliz me aparecendo. Os homens gostam. As outras mulheres morrem de ciúmes, e eu me divirto com isso.

ARMANDO: Até parece que estamos ensaiando um texto de teatro. Quem diria que você fosse me dizer essas coisas. Estou ficando velho.

Nisso entra um vaqueiro na lanchonete. Ele é alto e fica procurando com os olhos alguma coisa.
A namorada de Armando, observa e diz...

NAMORADA: Quer conhecer meu novo namorado?

ARMANDO: O Quê, ficou louca? O seu namorado...

NAMORADA: É aquele grandão lá. Quer ver.

A moça dá um assobio, o rapaz vê e se aproxima. O Vaqueiro chega perto dela, pega ela, abraça e dá um beijo forte. Armando fica sem saber o que está acontecendo. As pessoas ficam assobiando. Os sons de assobios ficam fortes, Armando tapa os ouvidos em seguida dá um grito.

ARMANDO: Parem com isso.

Todos se calam.

ARMANDO: Eu poderia saber o que está acontecendo?

NAMORADA: Claro, o fim do nosso namoro. Vou ficar com esse peão de Rodeio, ele me oferece mais opções de aventuras, e além do mais é um homão. Tem uma camionetona...

ARMANDO: (VAI DIZER ALGUMA COISA, PARA, DEPOIS DIZ) Acho que entendi. Acabou,

NAMORADA: Acabou. Fim. The End. (fala alto) Finito.

ARMANDO: Muito bem. Aceito a decisão. (diz para o rapaz) Cuidado hein! Ela é especial em plantação de chifres.

O rapaz bate o pé para ele. Armando sai andando. Os dois ficam rindo e mostrando chifres para ele. As pessoas do bar vaiam. A moça da outro beijo forte no rapaz. As pessoas vaiam. O rapaz, tira um revólver e dá um tiro para cima. Todos sentam-se rapidamente.

CORTE:

SEQ. 02: JORNAL-ESCRITÓRIO/INT/DIA. ( 2,15 Minutos)

Armando, entra na portaria do Jornal. Senta-se num banco na porta do escritório do chefe. Na parede alguns banners, quadros, uma foto do chefe. Há uma pilha de jornal num canto. Armando fuma muito. Ele está nervoso. Aos poucos ele pega uma revista e vê uma manchete: CONTOS POPULARES, Armando dá um sorriso e continua olhando. De repente um grito.

CHEFE: Armando, entra.

Armando leva um tremendo susto, coloca a revista no lugar. Apaga o cigarro num cinzeiro e entra para o escritório.

CORTE

Ao entrar, Armando percebe que o chefe está de cabeça baixa. Folheia um jornal. Fala em voz calma.

CHEFE: Você é feliz?

ARMANDO: O quê?.....

CHEFE: Você está contente com o seu trabalho?

ARMANDO: É... Eu... Precisamos de mais aventuras.

O chefe dá um murro na mesa. Levanta-se falando alto.

CHEFE: Ação? Nós precisamos é de um bom jornal. Olha essa porcaria, parece que é feito por gente que nunca fez uma reportagem na vida.

ARMANDO: Bem, é que...

CHEFE: Eu sei que emprego para jornalista nessa cidade não existe, e sei também que você só sabe fazer isso. Por isso eu lhe ordeno, que se quiser continuar trabalhando nessa cidade, trate de me trazer uma reportagem bem original, diferente, pode ser tendenciosa, sensacionalista, não me importa, o que importa é que eu quero um boa matéria.

ARMANDO: Eu tenho uma boa idéia...

CHEFE: De boas idéias o ...

ARMANDO: ... O inferno está cheio. Eu sei disso. E sei também que o céu está cheio de estrelas para contar. Mas não vou fazer isso. Vou sair pelo Interior, coletando depoimentos sobre Contos Populares. Lendas, crenças, costumes. Vai ser um sucesso.
CHEFE: Não me importa, eu quero uma boa reportagem. Você tem uma máquina fotográfica, caneta e papel. Vou lhe dar um Notebook. Passe no caixa e pegue algum dinheiro para despesas. Pouco, porque a coisa tá feia.

Armando levanta-se, pega na mão do chefe..

ARMANDO: Peço a minha demissão. Não vou trabalhar mais para o Senhor. Isto é, diretamente. Vou sair fazendo minhas reportagens sim. Mas só trabalharei de agora em diante como Free lancer. Quem pagar mais eu vendo.

Armando tenta sair, mas o chefe lhe segura a mão. E lhe fala calmo e sereno.

CHEFE: Me ajude a salvar esse jornal. Por favor.

ARMANDO: Já fiz demais por ele. Agora é vez de fazer alguma coisa por mim. (Saindo) Thal.

Armando sai rindo. O chefe senta-se e fala para si.

CHEFE: Espero que você consiga alguma coisa meu amigo. Espero que faça boas reportagens, terei o maior prazer em publicá-las. Caso contrário, vamos todos contar estrelinhas no céu.

CORTE:

SEQ. 03: VÁRIOS LUGARES – ÔNIBUS / INT/ DIA. ( 2,15 minutos)

Armando está dentro de um ônibus. Há poucos passageiros dentro do ônibus. Apenas os atores de apoio, vestidos com roupas normal. A menina brinca na janela.

CORTE.

Armando olha pela janela. Vê várias situações. De um lugar bem simples. ( Pessoas na beira da estrada. Animais na pista.

CORTE.

O ônibus é mostrado de longe, passa por uma estrada com poucos movimentos, tem um aspecto bem pobre.

CORTE.

Dentro do ônibus, Armando, segura um mapa. Pergunta ao motorista.

ARMANDO: O patrimônio, Pau Lascado está longe?

As pessoas do ônibus riem muito dele. Armando fica sem graça.

MOTORISTA: Pau Lascado? Cuidado com que fala amigo. Se alguém do lugar ver você falando assim, considere-se morto, ou no mínimo bem estrupiado. O nome é Cruzmaltina. Nome dado pelo Finado Padre Gualter Farias Negrão. Tá certo que muitas mortes aconteceram lá. Mas é coisa do passado.

ARMANDO: Tá longe?

MOTORISTA: Porque a pressa? Vai encontrar um rabo de saia por lá. Ou vai atrás da Casa Mal Assombrada.

ARMANDO: Vou atrás da Casa Mal Assombrada.

As pessoas do ônibus fazem silêncio Geral. Se Benzem e sentam-se rapidinho. Aos poucos vemos suas cabeças aparecendo por trás do banco.
O motorista para o ônibus num istante, numa freada brusca.

MOTORISTA: Você é mais doido do que eu pensava. Pode descer. É só subir aí, vai dar lá na cidade.

CORTE:

Armando desde do ônibus. O ônibus vai embora. Armando cruza a rodovia e sobe a rua que dá acesso à cidade. Armando segura uma mochila grande ou uma bolsa de Nylon.
Detalhar uma placa que diz: ACESSO À CRUZMALTINA.

CORTE.

SEQ. 04: BAR BEM POBRE/ EXT/INT/DIA ( 1,30 minuto )

Do lado de fora do bar, Armando abre o mapa. Olha para as ruas da cidade. Tem pouco movimento, vê o bar, vai para o lado do bar andando.

CORTE

Armando entra no bar, há apenas o garçom que se veste mal e de trejeitos simples. Fuma cachimbo. Num canto do balcão tem um sujeito também simples, toma cachaça.

GARÇOM: O que vai amigo?

ARMANDO: Apenas uma informação. Onde fica a Tal Casa Mal Assombrada?

O Garçom que segurava um copo, derruba no chão. O outro que bebia a pinga quase cai da cadeira.

ARMANDO: O que foi? Será que falei alguma besteira?

GARÇOM: Não é uma boa idéia.

SUJEITO: Não devemos bulir com as coisas do além.

ARMANDO: Não se preocupem, quero apenas saber onde fica...

GARÇOM: Pra quê, muitas coisas estranhas acontecem lá. Dizem que entra lá, não sai vivo.

ARMANDO: Vocês já viram isso acontecer?

SUJEITO: Pessoalmente não. Mesmo porque, eu não tenho coragem. Entrar lá é coisa pra doido.

GARÇOM: O padre da cidade acha melhor os fiéis nem comentarem no assunto, é coisa do demo. Se ele ver a gente falando disso, nem sei o que pode acontecer.

SUJEITO: Acho que ele escomunga a gente. (se benze) Credo em Cruz.

ARMANDO: Não vou dizer para ninguém que foram vocês que me disseram onde fica a casa.

O Garçom e o Sujeito apontam com a mão e fazem sinal que é bem longe.

ARMANDO: Muito obrigado. Acho que estou no caminho certo.

SUJEITO: O Senhor não tem medo.

ARMANDO: Medo do quê?

Armando Sai do bar os dois ficam olhando nele por traz

GARÇOM: Esse rapaz não sabe com que está mexendo.

ARMANDO: ( DO LADO DE FORA) Espero que não tenha nada mesmo, porque se não vou borrar a roupa.

CORTE:

SEQ. 05: CASA ABANDONADA/EXT/DIA. ( 1 minuto )

Armando se aproxima da casa abandonada. É uma casa de alvenaria velha. Suja, e com muita sujeira em volta.
Ele dá meia volta na casa, chega perto de uma porta.

CORTE.

O sujeito do Boteco, se aproxima de bicicletas. Corre muito, perde o controle e cai. Levanta-se rápido.

SUJEITO: Não entra aí. É muito perigoso. Coisas muito estranhas acontecem com pessoas que invadem a privacidade deles.

ARMANDO: Privacidade de quem? Seja mais claro.

SUJEITO: Dos mortos que vivem aí dentro.

ARMANDO: Mortos não faz mal a ninguém.

SUJEITO: Esses daí fazem.. Foram mortos asfixiados, e agora Eles querem vingança.

ARMANDO: (Rindo) Não se preocupe, tenho corpo fechado.

Ameaça abrir a porta. O sujeito dá um grito.

SUJEITO: Não, sem antes me dizer o que quer aí?

ARMANDO: Apenas conhecer o local, para depois entrevistar as pessoas. Sou um jornalista.
Estou fazendo uma reportagem sobre Contos Populares. Histórias que o povo conta.

SUJEITO: Mas isso não é história não, é verdade.

ARMANDO: Não me faça rir.

Armando abre a porta e entra. O Sujeito se benze e sai pedalando com muita rapidez. Pode ser câmera rápida.

CORTE.

SEQ. 06: CASA ABANDONADA – SALA/ INT/ DIA. ( 1.30 minuto )

Armando entra na sala da casa. Está desarrumada. Há quadros de artistas de circo pendurados pela parede. Sobre o velho sofá, sapatos de palhaço e peruca. Em outro canto, uma arara com roupas de artistas de circo. Está cheio de pó. Armando pega um gravador de mão e começa a gravar um texto, enquanto observa os objetos.

ARMANDO: A vida é feita de histórias. Umas verdadeiras, outras inventadas. Histórias simples, histórias complicadas. E as vezes por algumas arrepiantes. A imaginação das pessoas segue uma trilha desconhecida, e vai buscando mundos que as vezes jamais conheceremos na prática. Estou dentro de uma casa, que é tida como Mal Assombrada. Que por aqui passou uma troupe de um circo, e um domador ambicioso, resolveu matar a todos asfixiados. Abrindo o gás da cozinha. E depois fugiu com o pequeno circo. Aqui podemos encontrar roupas de palhaços, de mágicos, sapatos de todos os tipos, na parede quadros. Ali vemos o quadro de uma mágica. Mulher fazendo mágica? É a primeira vez que eu vejo. Até agora, não vi nada de anormal.

Nesse instante ele passa em frente o quadro da mágica. Os olhos piscam para ele.
Armando se assusta. E continua andando.

Armando olha para trás novamente. Os olhos piscam várias vezes.
Armando se assusta de verdade, salta longe. Bate em uma porta que abre. Ele cai para dentro do quarto.

CORTE.

SEQ. 07: CASA ABANDONADA – QUARTO/ INT/DIA. (2 minutos)

Armando cai dentro do quarto fazendo sinal de psiu. Ele levanta-se e vê que o quarto está vazio. Num canto vemos um velho baú. Ele caminha devagar pelo local, vai até o Baú. O baú está trancado. Ele encontra uma marreta num canto Que aparece do nada. Ele pega a marreta, e bate na fechadura, ela quebra-se. Nisso ele ouve um barulho. São muitas palmas. Ele se assusta. Em seguida abre o baú. Ao abrir o baú um facho de luz muito forte sai de dentro do baú com muitos fritos de aplausos e um som ensurdecedor. Ele cai do lado meio que desmaiado. Seus olhos começam a fechar. Aos poucos ele dorme. (Ao som de uma música africana)
De repente aparece na borda do baú um palhaço, olha em volta e salta para fora.
Depois sai uma bailarina. O palhaço a ajuda a sair.
Sai também uma mágica.
Sai um palhaço mirim.
Estão todos meios cansados. As juntas estão duras. Fazem brincadeiras em seguida vêem Armando caído no chão.
O mágico faz sinal que é para deixar com ele. Ele faz uns gestos com as mãos, cai do teto muitos confetes, Armando acorda devaga.
Os personagens fazem reverência para ele. Armando se assusta.
Pensa na fala do Sujeito.

VOZ EM OFF: Eles querem vingança.

Armando tenta levantar-se, mas não consegue. Os personagens o ajuda. Quando ele se vê livre, sai correndo e gritando pelo quarto.

ARMANDO: Socorro, socorro. Me deixem em paz. Meu Deus do céu o que eu vim fazer aqui?

MÁGICO: Em busca de aventuras. E encontrou.

Vão todos para o lado dele. Armando Sai correndo pela porta. Os personagens se olham. Pegam-se nas mãos e somem.

Armando passa correndo pela sala e sai para fora. Volta correndo e pega sua mala. Sai correndo de novo. Volta e pega sua máquina fotográfica.

CORTE

SEQ. 08: IGREJA-SACRISTIA/INT/DIA. ( 1.30 MINUTOS)

Um Padre, folheia um livro dentro da sacristia. Aramando entra devagar.

ARMANDO: Com licença Padre.

PADRE: Entre Forasteiro, a casa de Deus é sua casa também. O que lhe aflinge?

ARMANDO: Queria fazer uma confissão.

PADRE: Pois não. Sou todo ouvido.

ARMANDO: Mas aqui, no meio da sala?

PADRE: Qual o Problema? As palavras deverão ser as mesmas, e Deus vai ouvir do mesmo jeito.

ARMANDO: Acho que eu estou vendo coisas.

PADRE: Coisas? Que tipo de coisas? Mulheres nuas? Ou homens nus?

ARMANDO: Que é isso Padre, eu me garanto. Acho que não são coisas daqui, Quer dizer desse mundo.

PADRE: Almas?

ARMANDO: Penadas.

PADRE: Onde?

ARMANDO: Naquela Casa.

O padre para um pouco e fala alto, como que descontrolado.

PADRE: Você foi mexer com assuntos proibidos? Quem te ordenou, quem disse que podia ir lá? Quem... Quem...

ARMANDO: Calma Padre, eu fui só. Não tive a ajuda de ninguém. Mas acho que me arrependi.

O Padre pega uma cruz e aponta para Armando>

PADRE: Vai de retro Satanás. Aqui não é sua casa. Volte de onde você veio.

Armando fica sem entender o que vê, pega as suas coisas e vai saindo.

ARMANDO: Eu vou voltar naquela casa e provar que vocês é que são os fantasmas desse lugar.

PADRE: Xô. ( O padre fica fazendo orações)

Armando sai de vez.

CORTE.

SEQ. 09: BAR/INT/DIA. (2.00 Minutos)

Armando se aproxima do bar novamente. Olha para todos os lados, vê um bêbado que vem andando. Do outro lado 4 crianças brincando de ciranda. Na sua frente um Mendigo tocando um violão na Porta do Boteco. Armando entra.
O Sujeito de antes está lá, no mesmo canto. O Garçom servindo do mesmo jeito.
Armando e entra e fica observando a cena, aos poucos se aproxima.

ARMANDO: Se não fosse o sujeito aí fora, eu diria que estava vendo um Replay.

GARÇOM: Vendo o quê?

SUJEITO: De jeito nenhum. Não existe Esse troço por essa bandas.. Aqui só tem macho. Macho do saco roxo.

ARMANDO: E tem medo de Fantasmas. De almas penadas. De coisas do além.?

SUJEITO: Mas isso é coisa que qualquer vivente tem. Medo de fantasma.

ARMANDO: Só tem medo quem não é macho de verdade, é isso que eu digo. Homem frouxo, se borra todo quando se fala em almas do outro mundo. Não é isso que você é?

GARÇOM: Escuta aqui, o Senhor tá afirmando que aqui somos todos frouxos, da munheca mole. Cagões?

ARMANDO: Eu não disse isso...

SUJEITO: Pois pode ter certeza, que somos tudo isso sim. Nos temos medo desse troço sim Senhor. Eu garanto.

GARÇOM: Já que você disse tudo, eu completo. E duvido se você também não está borrando de medo?

ARMANDO: Eu Estava. Não vou estar mais. Me dá uma garrafa da branquinha.

O garçom lhe serve a bebida. Armando pega a garrafa e vira todinha na boca. Toma tudo. Os dois ficam olhando para ele desconfiados. Ele tira o dinheiro do bolso, paga a conta e sai para fora.

OS DOIS: Vichi.
Do lado de fora, Armando passa perto do mendigo e lhe entrega a garrafa com um gole de bebida.

ARMANDO: Toca a marcha fúnebre pra mim.

Armando continua andando pela rua, levando suas coisas, o violeiro toca a marcha fúnebre. Os dois saem do bar e ficam olhando Armando indo para o lado da casa. Fazem sinais de maluco e entram no bar.

CORTE.

SEQ. 10: CASA ABANDONADA – JARDIM/ EXT/DIA. ( 2 minuto )

Armando. Dá a volta na casa e entra num canteiro de Jardim. Dá de cara com uma tumba. Os personagens estão na sua frente. Eles balançam a cabeça reprovando a atitude. Armando desmaia. Os personagens balançam a cabeça novamente.

CORTE.

Ao voltar, Armando está deitado sobre a tumba. Ele acorda e vê a cruz na sua frente. Passa a mão pelo corpo para ver se está vivo. Se belisca. Dói. Levanta-se e vai saindo dizendo no gravador que estava em sua mão.

ARMANDO: Desisto dessa reportagem. Vou embora para casa. Acho que me meti com assuntos proibidos. Nem a cachaça resolveu o assunto.

Armando desliga o rádio e guarda na bolsa, quando vai sair, ouve a voz do chefe em Off.

VOZ DO CHEFE: Espero que você consiga alguma coisa meu amigo. Caso contrário, vamos todos contar estrelinhas no céu.

Armando para e volta. Ao voltar dá de cara com os personagens novamente balançando a cabeça. Estão com uma pá nas mãos. Entregam a ele.

ARMANDO: É para cavar a minha tumba?
Eles riem.

CORTE.

Armando cava um buraco, está bem fundo. Bate em alguma coisa.
Os personagens o olham de cima para baixo. Ele faz sinal que encontrou alguma coisa. Eles batem palmas e sai um barulho como ele ouviu no baú pela primeira vez.

CORTE.

Armando está do lado de fora do buraco puxando o baú com uma corda, os personagens fazem mímicas de que estão fazendo muita força. O baú é retirado. Está destrancado. Armando abre a tampa. Ouve o som da Segunda vez do quarto. O baú está cheio de moedas. Ela olha para trás não há mais ninguém. Vê uma placa que diz. (OBRIGADO POR NOS LIBERTAR)

ARMANDO: Como vou provar isso, sem pelo menos uma foto...

Aparecem todos novamente em pose de foto. Armando bate a foto. Todos jogam beijos. Desaparecem novamente.

ARMANDO: O que eu vou fazer com isso. É fruto da crença popular. Não posso ficar com isso. (pausa) Há já sei... vou telefonar para o Circo que está na cidade. Não sei o número, vou lá pessoalmente...

Armando sai andando

CORTE

SEQ. 11: CASA ABANDONADA – SALA / INT/ DIA.

Armando entra na sala. A casa está totalmente limpa. As roupas estão arrumadas. O baú está lá. Duas pessoas entram com ele.

ARMANDO: Aí está. É tudo de vocês.

Os personagens aparecem num canto olhando, piscam para Aramando. As pessoas pegam o baú e levam para fora. Armando diz:

ARMANDO: O dinheiro de vocês estará em boas mãos. Vai para uma instituição de caridade do local. Vai colaborar com crianças pobres que não estudam, porque tem que ajudar os pais no trabalho. O pessoal do Circo vai administrar isso. Eles já fazem isso.

Os personagens apenas ri. O Garçom e o Sujeito entram na sala, estão desconfiados. Armando fala com os personagens:

ARMANDO: Muito obrigado, vocês são legais, essa primeira reportagem vai ficar legal. Sabiam que tem dois malucos aqui na cidade que morre de medo de vocês.

Os dois visitantes ficam olhando para ele. Eles só vêem Armando.

SUJEITO: Acho que ele pirou de vez.

Os fantasmas faz sinal para Armando da chegada dos dois.

ARMANDO: Não, só estou falando com as almas que cuidam desse lugar.

Os dois se benzem e saem correndo atropelando tudo pela frente. Armando sai atrás deles.

CORTE

SEQ. 12: CASA ABANDONADA – PÁTIO/ EXT/DIA.

Em câmera lenta, Armando sai pela rua andando. Os dois correm na sua frente. Olha para trás, vê os personagens na frente da casa dando tchal. Ouvimos uma voz em off. Enquanto mostra-se os personagens fazendo trejeitos.



VOZ DE ARMANDO: Minha primeira tentativa de reportagem foi um sucesso. Não precisei entrevistar ninguém, vivi a história e bati fotos. Não sei se essas fotos vão aparecer, já que os modelos são fantasmas. Será que os leitores vão acreditar na minha história? Agora estou me dirigindo para uma cidade vizinha, onde haverá o julgamento de um homem que roubou uma vaca. Digo, encenação de um julgamento. Dizem que é um causo antigo do lugar. Quero presenciar mais esse Conto Popular. É a História da Vaca e a espingarda.



CORTE.

HISTÓRIA 02 - A VACA E A ESPINGARDA.

SEQ. 13: DELEGACIA/EXT/DIA.

Abrir mostrando uma pequena porta de esquina. Uma placa estampa: Chefatura.
Um cabo está sentado num banco velho na perto da porta. O cabo está cochilando. Um bêbado passa todo espalhafatoso. Há um rádio velho ligado ao lado do cabo. Ao lado do rádio, há uma garrafa de bebida.

CORTE.

Um camburão modelo antigo, da polícia civil, chega fazendo um barulho enorme. Os escapes estourando, e o motor querendo morrer. O carro pára em frente à chefatura. O cabo acorda, levantando-se, sacando a arma e gritando.

CABO: É tiroteio, então é comigo.

O cabo começa a atirar para cima e para os lados. O bêbado que voltava, tem a garrafa quebrada perto da boca, ele se benze e sai correndo engraçado. Um menino que fazia alguma coisa atrás do muro, sai correndo com a bunda de fora. Um velho sai correndo com sua muleta. Um papagaio grita:

PAPAGAIO: Socorro, socorro. Invasão de mente insana. Socorro, invasão de mente insana.

O delegado desce do carro assustado. Grita para o cabo que está em sua frente.

DELEGADO: Congela.

O cabo fica estático mas começa a balançar ameaçando cair. O cabo fica com trejeitos, querendo se equilibrar , mas não consegue e cai de boca no chão.
O delegado tira Tião por uma porta.

CORTE

Uma camioneta bonita encosta-se. Seu Antônio o acusador desce e se encaminha para a chefatura. Passa perto do cabo e chuta-o . O cabo, levanta-se e bate continência para o delegado.


DELEGADO: Pegue o seu parceiro de cachaça aí atrás e leve para dentro.

O cabo abre a porta e tira outro bêbado. O bêbado sai abraçando o cabo. Fazem uma cena engraçada. Onde os dois bêbados tentam se equilibrar indo para dentro da chefatura.

DELEGADO: Eta lugarzinho pra Ter cachaceiro.

Entram para dentro da Chefatura. Armando chega correndo, antes de fechar a porta. Ele faz pose de corrida olímpica. Chega perto da porta quando ela está acabando de fechar. Ele segura a porta e entra.

CORTE.

SEQ. 14: DELEGACIA/INT/DIA.

O delegado está sentado à sua escrivaninha. É uma escrivaninha velha, modelo antigo. No alto da parede, sobre o delegado há uma foto sua. Na foto o delegado usa um bigode grande. O homem que acusa, está sentado num banco velho, que está encostado na parede esquerda. O bêbado e o Cabo estão sentados num banco que está no lado direito, para quem entra. Armando entra e fica de pé no meio da sala. Tião o acusado, olha para Marciano o acusador e fala.

TIÃO: O Senhor aqui compadre, quem diria... É acusado de roubo também. Ainda bem que não sou só eu.

DELEGADO: Cala a boca, não ordenei que falasse.

Tião para de falar bruscamente, tapa a boca e senta-se com rapidez.

DELEGADO: Agora fale. Porque roubou a vaca do seu vizinho?

TIÃO: Vaca? Achei que eu tivesse sendo acusado da melancia que eu peguei ontem que estava inriba da divisa. Como eu não sabia de quem era, se meu ou do meu compadre, que é meu vizinho... Espera, estou sendo acusado de roubar uma vaca do meu compadre? Quem disse isso?

MARCIANO: Eu.

TIÃO: Num tô intendendo. De que vaca o compadre está falando?

MARCIANO: Da malhada. E para de me chamar de compadre, que eu não sou seu compadre mais.

TIÃO: Continuo não intendendo. Eu só tenho uma vaca e tá comigo já faz bem uns oito ano. Ela é maiada também.

Tião tira uma velha fotografia do bolso e mostra ao Delegado.

TIÃO: Vê aqui, no cantinho seu Delegado. É a vaca maiada, quando ainda era um bezerrinho. Há, mais deixa que isso já faz muito tempo, era uma tardezinha do meis de junho.

CORTE:

SEQ. 15: EMPANADO-PORTA DA CHEFATURA/EXT/DIA.

Há um empanado armado no lado de fora da Delegacia. Todos os personagens assistem a apresentação de bonecos. Aqui a cena vai sendo narrada em off, e os bonecos encenam a história.

VOZ DE TIÃO: Fazia um frio arrebatador. Diziam que tava abaixo de zero. Eu capinava meu pasto seu Delegado. pra morde os assape num crescer mais. Os meus dedão do pé congelava dentro da botina. A minha mão, parecia um sorvete. Mas era o meu dever. Tinha que capinar. De repente comecei a escutá uns gemido doído que vinha da moita de bambu. No começo fiquei espantado mas depois me acostumei e fui ver o que era. Mas Qua seu delegado, o Senhor nem imagina o que eu vi ali. Era uma bezerrinha morrendo de frio. Aquilo cortou o meu coração. Abracei aquele ser vivente, como se fosse uma filha minha e levei prá casa. E daí...

CORTE:

SEQ. 16: DELEGACIA-SALA/INT/DIA.

Armando interrompe a fala e pergunta.

ARMANDO: Isso que o senhor está falando é verdadeiro? Quer dizer, aconteceu mesmo?

TIÃO: Pois é claro que sim. Como o sor que alumeia lá fora. Juro pela arma de todos voceis aqui.

ARMANDO: Também não precisa tanto. Pode deixar a minha de fora.

DELEGADO: Será que isso daqui virou a casa da Mãe Joana? Pelo que me consta, ainda é a Chefatura. Então quer dizer que o Senhor levou a Bezerrinha para casa.

TIÃO: Claro. Eu não ia deixar ela lá morrendo de frio no meio do mato.

CABO: Um claro bem claro, ou um claro bem escuro?

BÊBADO: Concordo plenamente. (Mostrando o dedo de positivo)

O Delegado fica apenas observando e balançando a cabeça.

CABO: E você feche a matraca. (batendo na cabeça dele)

TIÃO: É claro que tava um claro bem claro. Ainda era de dia.

CABO: E se o sol tivesse apagado?

BÊBADO: Boa parceiro. Essa foi boa. Foi boa mesmo. Parabéns. Congratulacion.

O delegado dá um soco na mesa e grita forte.


DELEGADO: Será que vocês ficaram loucos!... Tião continue sua história. E daí...

CORTE:

SEQ. 17: EMPANADO-FORA DA CHEFATURA/EXT/DIA.

A cena continua sendo mostrada do lado de fora, no empanado e todos assistindo.

VOZ DE TIÃO EM OFF: Daí seu Delegado, foi uma alegria geral. Comecei a comprar leite do leiteiro pra dar mamadeira pra bezerrinha. Dava comida, dava de tudo. Dedicamos um tempo da nossa para ela seu Delegado. E a danada foi crescendo, crescendo, que virou aquela baita vacona. É a nossa vaca maiada. Dá leite todo dia pra morde nóis alimentá o Chiquinho, dá leite inté pra nóis vendê na feira. O Senhor que eu roubei essa vaca Seu Delegado? Como que eu ia saber de quem era, se ninguém preguntou dela para mim na época.

CORTE.

SEQ. 18: DELEGACIA-SALA/INT/DIA.

Seu Marciano, põe a mão na cabeça e diz.

MARCIANO: Me desculpe meu compadre, ela é uma bezerrinha que nasceu muito feia e doente, pedi para o meu capataz abandonar. Não sabia que ele tinha deixado ela lá na sua moita de Bambu.

DELEGADO: Só não estou entendendo uma coisa. E porque o Senhor o acusou de Assalto?

MARCIANO: É que desapareceu uma vaca minha, irmã da sua Vaca malhada compadre, e como eu vi aquela no seu pasto, achei que fosse a minha. Mas vejo que lhe devo muitas desculpas.

DELEGADO: É bom que isso seja feito mesmo. Para que eu não o indicie por falso testemunho.

Os dois compadres se abraçam.

MARCIANO: Me perdoe. Quero convidar o Senhor e a comadre para um churrasco lá em casa amanhã. É Domingo mesmo.

Os dois saem abraçados. Armando cerca os dois na porta e pergunta para Tião.

ARMANDO: O Senhor poderia me dizer qual o seu nome por favor:

TIÃO: É Sebastião Cruz e Silva, mais conhecido como Tião. O Tião da Vaca maiada.

O delegado interrompe.

DELEGADO: Temos mais um caso para ouvir, será que poderiam nos dar licença.

Os compadres saem de vez.

DELEGADO: Que Se aproxime o Senhor Pafúncio Pé de Cana. O Senhor é acusado de Roubar uma espingarda.

O Bêbado levanta-se e se encaminha até o delegado, cambaleando.

BÊBADO: O negócio é o seguinte. Ó, eu vou falar o que aconteceu. (fala poéticamente) Foi numa tarde fria e gelada do mês de Dezembro.

O delegado apenas balança a cabeça e abaixa.

CORTE:

SEQ. 19: RUA ABANDONADA-CIDADE PEQUENA/EXT/DIA.

A Voz do bêbado vai sendo narrada em off, enquanto que a cena acontece.
Mas ele fala uma coisa e acontece outra.

VOZ: Sue Delegado eu acabava de sair de uma igreja. Estava cumprindo com os meus compromissos com Homem lá de cima.

CENA:

O bêbado sai de um boteco, está completamente bêbado. Sai agarrado a duas mulheres.

BÊBADO: Vocês estão comigo. Fiquem tranquilas. Estando comigo estão com Deus.

As meninas tomam um gole da bebida no bico. Passa um sujeito mal encarado montado num cavalo grande e bonito. O bêbado olha para o Sujeito.

BÊBADO: O que foi, tá me achando bonito?

CAVALEIRO: Pode ser. Quem sabe, eu queira te transformar na minha mulherzinha...

O bêbado para de falar no momento, perde o assunto e sai andando.

CAVALEIRO: Ei, onde você pensa que vai. Começou, agora termine.

NA DELEGACIA:

DELEGADO: Sei você saiu da igreja e foi procurar um trabalho, num Domingo?

BÊBADO: Isso mesmo. Como que o Senhor adivinhou?

ARMANDO: Você conseguiu arrumar o emprego?

BÊBADO: Chi, como. Um baita empregão.

VOZ EM OFF. Cheguei perto de um fazendeiro, um homem distinto, andava num carrão do ano. Não sei que ano, mas era do ano. E pedi o emprego.

CENA:

O cavaleiro desce do cavalo e se aproxima do Bêbado lentamente. Ele vem mexendo nas cintas. O bêbado começa a se apavorar. Roe as unhas. As mulheres apenas riem. O bêbado chega perto e agarra uma das meninas e dá-lhe um beijo muito forte.
O bêbado tenta falar algo mas não diz. Desiste.
O cavaleiro agarra a outra e dá outro beijo demorado. O bêbado fica apenas rodeando os dois. O cavaleiro para de beijar.

CAVALEIRO: Gostou?

BÊBADO: Claro que não. Não foi comigo.

CAVALEIRO: Não se faça de arrogado, eu beijo você também.

BÊBADO: Não. (sai correndo)

CAVALEIRO: Volte. Ainda não terminei. Você agora vai trabalhar para mim.

O bêbado volta devagar.

CAVALEIRO: Você vai limpar a minha as minhas botas.

BÊBADO: As suas botas, essa não.

CAVALEIRO: Essa sim. (bravo) Agora.

O bêbado corre rápido até ele, se abaixa e começa a limpar com a camisa.

CAVALEIRO: (FAZ SINAL COM A CABEÇA REPROVANDO) É com a língua.

O bêbado se desespera.

BÊBADO: Há não, o que foi que eu fiz?

CAVALEIRO: Limpa.

O Bêbado se abaixa e começa a lamber a bota.

CORTE:

NA DELEGACIA:

DELEGADO: E a espingarda, onde entra?

BÊBADO: Ainda não entrou. Calma, eu chego lá. A coisa é doída seu Delega. O Senhor sabe que o meu emprego, era uma coisa pra macho. Só macho podia fazer. Macho de verdade. Macho mesmo. O Senhor sabe como é, não seu Delega...

DELEGADO: Se você me chamar mais uma vez assim, eu faço você lamber minhas botas.

BÊBADO: Isso não. Nunca fiz, e não é hoje que eu ia fazer. Não é que o homem resolveu me trocar de emprego. Me deu assim uma função ecológica. Coisa boa mesmo. (para a câmera) Há como era boa. (fazendo careta).

CORTE-FUSÃO.

CENA:

O bêbado faz uma cara feia acabando de limpar as botas.
Mostrar o cavalo com um monte de cocô no chão. Apenas um monte.

CAVALEIRO: Você não acha que essa cidade precisa de uma boa limpeza.

BÊBADO: Eu acho. Concordo com o Senhor. Plenamente.

CAVALEIRO: Então pode começar (mostra o cocô)
BÊBADO: Há não, isso já é demais. Isso eu não aceito. Pede para o seu cavalo fazer isso.

O cavaleiro tira do coldre do cavalo uma espingarda velha.

CAVALEIRO: Essa espingarda velha está enferrujada, mas ainda atira. Quer experimentar?

BÊBADO: Quem sou eu para contrariar. Faço tudo o que o Senhor mandar.

O bêbado começa a limpar a sujeira. Ele vê por baixo o Cavaleiro beijando as duas moças. Ele resmunga.

BÊBADO: Esse desgraçado me paga.

CAVALEIRO: Quanto eu te devo, babaca? Se resmungar mais uma vez, vou enfiar essa espingarda bem no meio do seu...

BÊBADO: Exclua os detalhes. Não quero nem saber

O cavaleiro começa a beijar novamente, as moças começa a passar a mão na bunda dele, ele fica doidão.
O bêbado pega a espingarda e sai correndo.
O cavaleiro tenta sair correndo para pegar ele, mas as moças não deixam.

CORTE:

NA DELEGACIA:

DELEGADO: Então quer dizer que você trabalhava para um homem distinto. Que era um emprego digno.

BÊBADO: Muito digno.

DELEGADO: Até agora eu não vi onde se encaixa a espingarda?

BÊBADO: Mas foi por pouco que ela não se encaixou.

DELEGADO: (bravo) Me fala da espingarda?

BÊBADO: Bem, (gagueja) A espingarda eu achei. (poético) era um revorvinho desse tamaninho. Ele tava sozinho seu Delegado, jogado na beira de um esgoto. (dramático) Tava lá passando frio, fome e ainda falta de carinho.

O Delegado começa a se mexer na cadeira, está inquieto.
Armando liga o gravador.

BÊBADO: Há seu Delegado. Eu vendo aquilo eu não aguentei. Peguei aquela arminha indefesa, abracei com carinho e levei para minha. Casa. Dei A ela muito carinho, amor. Amor de verdade seu Delega... do.

ARMANDO: Isso só pode ser um causo daqueles que não tem fim. Onde essa história vai parar.

DELEGADO: O Senhor acha que eu estou me sentindo bem ouvindo isso. Mas é lei, ele tem direitos. E eu, quer dizer, nós temos que ouvir.

BÊBADO: Aquele revorvinho foi crescendo seu Delegado. Foi crescendo. Cresceu tanto que virou aquela baita espingardona.
Agora me diga, o Senhor acha que eu roubei aquele coisa linda seu Delegado?

DELEGADO: O que eu posso dizer? Que você é um tremendo mentiroso e...

Nesse instante, entra pela porta, o Sujeito dono da arma, fica atrás olhando a cena.

BÊBADO: Mas é a pura verdade seu Delegado. Como eu poderia inventar uma história como essa. Tem um merdinha por aí dizendo que eu roubei, mas não é verdade. Eu Achei e era um revorvinho.

CAVALEIRO: Então quer dizer que o Senhor achou um revolvinho. Onde?

O bêbado vira-se para trás e dá de cara com o Vaqueiro.

BÊBADO: Minha Nossa!... E agora. Mas é verdade seu Delegado.

DELEGADO: Eu vou te prender por uma série de crimes. Não vou nem relacionar. Não valeria a pena perder tanto tempo.

Nisso entra as duas mulheres.

MULHER 1: É verdade dele seu Delegado, eu sou testemunha.

MULHER 2: Eu também sou testemunha. Vi tudo.

CAVALEIRO: Vocês ficaram malucas...

MULHER 1: Sai pra lá frouxo. Molenga. Coisa mole.

MULHER 2: Esse cara aí gente só tem tamanho e safadeza. Na cama é pior do que moça. Tá inventando essa história só para prejudicar a vida do Bebinho.

DELEGADO: Calem todos. Eu tenho a decisão. Vou prender os dois na mesma cela. E lá vocês decidem quem está falando a verdade. Cabo leve os dois.

O cabo leva os dois presos. O Delegado pega um telefone, disca...

DELEGADO: Senhor Secretário de Segurança, por favor me tire desse lugar. Quero voltar a combater os bandidos da capital, mas ficar aqui, não vai dar.

Armando sai falando para o lado da Câmera.

ARMANDO: E assim termina mais uma dessas histórias, contadas pelo povo. Se aconteceu não sei. Se não aconteceu, quem garante? O que eu digo é, enquanto existir Brasileiros, existirá uma boa história Para ser contada, até a próxima.

As duas mulheres se aproximam de Armando. Começam a jogar beijos para a câmera.

MULHER 1: De que televisão é? Eu vou aparecer na TV.

MULHER 2: Que dia vai ser? Preciso contar para as minhas amigas.

ARMANDO: Corta.


FIM.









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