Afetos, sentimentos e emoções parecem ser patrimônio exclusivo da poesia. Parece até que os poetas são as pessoas mais felizes do mundo, pelo simples fato de ver-mos em seus escritos um grande amor por tudo que os rodeia. Até mesmo em momentos difíceis um poeta consegue deixar a impressão de que aqueles momentos não o afetaram.l Talvez essa seja a interface mais bela entre a poesia e a psicologia. A psicologia se interessa pelos sentimentos, pela importância que eles têm na vida psíquica. Os atos, as escolhas e a subjetividade da pessoa estão carregados de sentimentos. Eles estão presentes quando estamos felizes ou tristes, realizados ou frustrados.
Nosso afeto é investido em tudo aquilo que gostamos: pessoas, animais, coisas... E o ponto de beleza mais exuberante é também o de maior complexidade: os relacionamentos afetivos. Envolver-se afetivamente com alguém é algo muito significativo e profundo. A afetividade é uma prerrogativa básica do ser humano, daí a busca pela realização afetiva. Nesse aspecto, homens e mulheres têm as mesmas necessidades e o mesmo desejo de completar-se no outro.
Sendo assim, Por que as pessoas se queixam de infelicidade, carência e outras lacunas afetivas? Essa resposta é muito ampla, mas vale ressaltar um aspecto dela: Muitas vezes se busca no outro aquilo que de fato está em nós ou nas nossas mãos. Colocamos no outro a razão de ser da nossa felicidade, realização, alegria, tristeza. As relações afetivas são mais ou menos satisfatórias na medida em que as pessoas envolvidas estejam bem consigo mesmas.
A vida afetiva que temos com alguém é o reflexo de nós mesmos. Transferimos para as nossas relações aquilo que somos, aquilo que temos. Daí a importância de gostar de si, antes de gostar de alguém; de se amar, antes de ser amado. Longe de ser egoísmo, essa fórmula beneficia também aos outros, pois estaremos melhorando em nós aquilo que compartilharemos com o outro numa relação afetiva.