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Poesias-->Criançando com as palavras - Nada Nasceu -- 07/02/2002 - 14:13 (Maria Cristina Alves de Souza) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Transcrevo aqui as poesias(se assim posso chamar) que escrevi no natal de 1998, inspirada pelos livros: "Livro Sobre Nada" e "Retrato do Artista Quando Coisa" escritos por Manoel de Barros. Decidi desenvolver uma comunicação com o autor através de suas poesias, escrevo como que atendendo o desejo do autor exposto nos versos contidos no Livro Sobre Nada, página 47:

"Carrego meus primórdios num andor

Minha voz tem vício de fontes

Eu queria avançar para o começo

Chegar ao criançamento das palavras

Lá onde elas urinam na perna

Antes mesmo que sejam modeladas pelas mãos

Quando a criança garatuja o verbo para falar o que não tem"

Quis experimentar "chegar lá" ao "criançamento das palavras".

E aqui está o resultado:

Dividido em quatro partes:

Criançando com as Palavras - Nada Nasceu

Criançando com as Palavras`1

Criançando com as palavras 2

Criançando com as palavras 3



Date: Thu, 24 Dec 1998 11:39:40



O pensar me surpreende

olhar a chuva e pensar é mesmo uma coisa!

pensava no rato, no homem, no homem de saber

Rato sabe tudo, ele é bom de ouvido

Rato ouve tanto, que chega a ouvir o silêncio

a milhas e milhas de distância

Depois um sinal: livre



Vamos fazer um teste?

(experimentemos juntar a primeira e a última linha do que escrevi)

As vezes precisamos dar sentidos novos às palavras

Elas se rebelam contra o mesmo

Vou rescrevê-las, elas me transgrediram nesse momento

Vejamos:



O pensar me surpreende: livre

Olhar a chuva e pensar é mesmo uma coisa: livre

Pensava no rato, no homem, no homem de saber: livre

Rato sabe tudo, ele é bom de ouvido, livre

Rato é livre porque sabe tudo ou porque sendo bom de ouvido

ele é o mais livre dos animais?

Rato ouve tanto, que chega a ouvir o silencio

a milhas e milhas de distancia, depois o sinal: livre



Ainda vou mudar

As letras estão me simulando : ESTAMOS ASSIM



O pensar me surpreende

olhar a chuva e pensar é a mesma coisa

Pensava no rato, no homem, no homem de saber

Rato sabe tudo, ele é bom de ouvido

Rato é livre porque sabe tudo

ou porque sendo bom de ouvido ele é o

mais livre de todos os bichos?

Rato ouve tanto, que chega a ouvir o silencio

a milhas e milhas de distância, depois o sinal.



Date: Thu, 24 Dec 1998 11:46:21 -0300 (GRNLNDST)



As letras estão me consulando

Elas querem se olhar invertidas



ESTAMOS ASSIM

Livre o pensar me supreende

Livre é olhar a chuva e pensar a mesma coisa

Live: Pensava no rato, no homem, no homem de saber

Livre: O rato sabe tudo, ele é bom de ouvido

Rato é livre por que sabe tudo ou porque

sendo bom de ouvido ele é o mais livre de todos os bichos?

Livre o rato ouve tanto que chega a ouvir o silencio

a milhas e milhas de distância, depois o sinal



Aliás, interrompendo o original (escrito ontem)

Se bem que troquei tudo, o original está lá em cima

no começo, depois as letras se rebelaram

roubaram o meu senso

o meu escrúpulo de ser o mesmo

tomou o meu conceito de ser igual



Eu dizia,

Aliás, rato é a única comunidade que o homem desconhece

o número deles na terra

O nome da liberdade escreve-se assim

Sois ratos

incalculáveis, indesejáveis, inaceitáveis

Rato é um bicho pronto

Pronto para as escorredeiras

Mas nenhuma tem força para levá-los

Quando ela vem

Ele faz acordo com a chuva



RAto tem dons

dons de conversador

Ratos conversam em silencio

Ele só fala alto com gato

É porque o gato lhe pergunta:

Vem brincar aqui?

Não posso, - diz o rato

O gato insiste, - sem entender

Aí o rato grita





Date: Thu, 24 Dec 1998 11:54:19 -0300 (GRNLNDST)

Subject: 3



O gato pergunta:

- Você está com medo?

O rato diz:

Nao percebe que aí de cima eu so brinco com você?1

Mesmo assim o que me permite esse privilégio

são os meus inimigos

Eles não sabem que quando eu grito

É porque você quer que eu lhe siga por cima

e eu só posso fazê-lo, aqui, por baixo

Eles parecem entender bem de adversidade - diz o rato.

Acham que emitir sons é sinal de agravo

de desagrado, de inimizade,



por conta desses maus conceitos, todos

eu fico por aqui me multiplicando

comendo, vivendo e gozando

enquanto, eles, dizem que eu me prolifero

O que prolifera aí em cima eu vejo aqui, de baixo

Lixo, sujeira e imundícia

É isso que eles dão para nós

em troca do que fazemos para eles.

Expondo os corpos dos nossos amigos

para descobrir cura de doenças que

eles mesmo criaram



O gato a esta altura já estava deitado

(gato não é muito chegado a conversê)

É que gato quando não é noite, fica sentado

parecendo que está atoa para o vento

escutando os amigos lhe falarem lá de baixo

O vento tem para esses bichos

um nome especial

Eles chamam o vento de telefone

de elo, de élan, de nosso de Pai

Eles chamam o vento de Pai

da conversa



Date: Thu, 24 Dec 1998 11:58:44





A letra faz isso

Nos põe para os destemperos para o destrato

não é que ela me acordou pra isso?

Eu só escrevo o que ela quer



A letra se assenhoreou de mim

Tenho uma vontade que ela quem me dá

Vontade de dizer só o que eu quero

Fazer só o que eu quero

olhar, livros

ver livros,

dançar com livros,

Eles estão, ali



A letra hoje me pôs para experimentos

Lembrar de puxar dedos

Dedos entrelaçados têm força

De onde ela vem?

Não sei

De não se estar pensando em nada



Nada é uma força sem medida

sem controle

sem contexto



Sem ser, ela é sempre nada

Nada é agonizar

Agonizar sentidos

Sem apelos

sem consolos

sem consoles

sem parâmetros

sem nada

Nada,

nada,

nada,

nada,

nada,



Foi beira mar

Foi beira mar quem chamou

Foi beira mar



Date: Thu, 24 Dec 1998 12:04:58



A letra me concebeu constituinte

Constituo o incompleto



A letra me restaurou água Rio, chuva, enchente,

A letra me entortou para dentro,

Sou como um gancho prendo tudo que me vem



Palavras Elas se expõem para mim

Como uma lamparina



A letra me contentou De ser eu coisa alguma

Coisa nenhuma com sentido de ser algo

Tornei-me algo assim, algo sendo,

Algo continuado





A letra me alavancou

Arrancou-me do chão,

Subi

Quando foi que eu subi antes?



Ergui-me sobre mim mesma

Olhei e não vi nada

Só vi letra

Sendo ela mais que eu

Sendo ela mais que tudo

Sendo ela mais que o sempre

Mais que o puro

Mais que o insensato

Que o justo



Sendo ela , a letra,

eu estou dentro dela



A letra me levou para o seu ninho

Ele está cheio de serzinhos que É

A letra rogou-me uma espécie de música

Letra não tem praga, tem musicalidade

Ancestralidade

Aspersão



Date: Thu, 24 Dec 1998 12:09:55





A letra mandou uma ordem

De onde ela veio não sei.



Sexo é uma forma de conceber letras?



Letras que não se camuflam

Concebem palavras



As letras se agarram umas nas outras

É uma forma de dizer quero você.



A letra me deu um espetáculo matutino

No dia anterior eu era alguém

Agora sou ninguém



Ninguém pense que eu não sei quem sou!

Ser ninguém é ser eu mesma

Ser eu mesma é estar assim

Ninguém sendo eu



Sou eu mesma porque ninguém sou eu

Eu sou ninguém que escrevo

Sou ninguém que danço

Sou ninguém, que só, tenho companhia

Muitos amigos pensados

Muitas letras queridas





Queridos amigos, a letra me ligou a vocês

Estamos entrelaçados

por letras,

por palavras,

por senso,

por garantia,

por bondade,

por amizade,

por amor,



O nada são duas mãos entrelaçadas

que não conseguem se soltar um da outra

por causa das letras que se juntaram nelas

São os dedos

Dedos continuados



Date: Thu, 24 Dec 1998 12:12:10





A letra me manda

A letra me diz

A letra me comanda



Dizia para ela , agora

Meus dedos até doem

por causa da força que fiz

para separar os cinco dedos

agarrados uns nos outros



Como pode dez dedos ter naus firmes

(ia escrever: ter mais força que dois braços?)



Estou presa a ti com dez dedos

com duas mãos juntas

Ninguém mais nos separará

Nem eu

Por isso a letra me ensinou a ser ninguém





Date: Thu, 24 Dec 1998 12:59:17



É preciso entender a ciência

A ciência, intrínseca da alma

o que se quer saber de verdade é:



Agora, que cada um de vocês

estão sabendo, que o que nasce de si é você (mesmo)

que vocês fariam para si mesmo, quando vocês nascessem de novo?

Como vocês iam querer que o mundo fosse?

E o que você não fez para os seus que você não sabia ser quem o seja agora, vocês , agora, fariam o quê?



No princípio "clonar" foi um verbo

(a ciência transpõe - mecânica é clonagem)



Direis, vós sois deuses

ensimesmado. conseguimos mostrar que nós, somos nós



E agora?

Nos pertencemos por causa de um número celular



Antes da fecundação, o ato em si, foi considerado pecado

Agora, quando o ensimesmamento é possível.

(consertei um, mas o outro vou deixar assim porque pensei em lá em cima)

do texto original : encimesmado foi escrito assim.

Considera-se pecado, isso mesmo!



Imaginem o mundo sem sexo.

Todo mundo assumindo que o "orgasmo"

(no texto original esrevi com letra deitada (italic), não existe

E que clonar é uma forma de diminuir a dor de quem nunca teve prazer antes nem depois do parto e mesmo assim pariu





Fez de tudo para ser chamada daquilo que nunca foi porque, para ser o que se é, é preciso gostar.



O IMPASSE ETERNO

Quem gosta já nasce, assim, fazendo

A gente enrola o cordão no pescoço

ou então nasce ao contrário

de C para a lua

dizem que o que gira não está parado



Voltei,

Um riso estica os meus lábios

São os meus pensamentos de agora,

Esse agora foi ontem 23/12/94

ia escrever 23/12/98

______________________________________

Acrescento este trecho agora,

é que de C para a L

Eu tinha escrito, antes.

de B para a L,

Mas e porque na Bahia

Somos mais chegados a letra C

É porque B, só de Bahia, Baianos e baianas

B serve para muitas outras grafias,

mas na Bahia a gente troca tudo por C

É que o melhor do coco é a água

mas para outras coisas a gente tira a carne (do coco)



Baiano gosta muito de dizer que fruto tem carne

é por isso que , enquanto coloca-se no liquidificador

ou antes quando se ralava o coco aquele último pedaço,

bem pequenininho , era uma disputa, por causa desse pedacinho, a gente aceitava ralar o coco todo.

Podia até dizer, que aquela era a nossa parte no latifúndio



é que ralar um coco é bom, mas quando era muitos cocos a serem ralados. Era muito melhor Comida de Baiano, doce de baiano, brincadeira de baiano tem muito uso desta Grafia. "C", ao invés de B.

é impossível trocar B por C quando se fala em Cocada. Já pensou?

Bocada. É o que a gente sente vontade de dar quando tira uma banda inteirinha do coco depois que abre.

Aí, sim, a gente vê, olha e fica com vontade de dar um bocada no coco.



Baiano é um ser assim

Chamam-nos , muito, de desbocado

porque tudo o que se fala na Bahia

tem um que de S

é que S na Bahia, por exemplo ,

a gente só via descendo.



Tem gente que diz Baixa.tá vendo?

Esse negócio de grafia nem a geo, resolve.

Na Bahia a gente guarda, muito bem, os nossos Tesouros.

No corpo e na alma.



Milho, por exemplo,

a gente come, acho , como todo mundo

vai rolando ele pela boca

e tirando os grãos com os dentes.

Mas isso não é bocada.

E que coco, por maior que seja a banda, a gente só tira dele um pedacinho.

É porque o gosto do coco na comida é um negócio.

Aí a gente prefere ralar pra ter o gosto do coco inteiro.



Date: Thu, 24 Dec 1998 13:04:42 -



A letra agora me chama para brincar

Quer fazer com esse o mesmo que fez com aquele

De hoje - experimentar linha a linha

Aí eu ri



Brincar com letra é igual a gozo de ama

(ia escrever alma)

O dedo às vezes rouba um ele da alma

Mas ainda bem, senão não veríamos que o que foi escrito,

de tra s para frente está escrito assim

AMa de gozo é igual letra com brincar



A gente se mistura se roça, se suja,

se pula,

se vira,

se brinca

Se volta para a tardinha começar de novo



Date: Thu, 24 Dec 1998 14:07:12





Eu vi um lençol rezando

É tão engraçado quando a gente vê um lençol

com sentido de inútil?



Tem coisas que só criança pode ver não é pela loucura

não é pela atração que tem por mentira

mas, o que se dizer de um lençol

posto em uma cadeira caído até o chão?

Lençol não é feito para cobrir cama?



Por que criança tem esse sentido apurado

de dar utilidade ao jogado, ao largado

ao incompreendido?



Estava pensando em Bach

Tem Bach pra muitos gostos

tem um que adora pulga de passarinho



Quem será Rae?

Uma pulguinha qualquer

Quem mais voaria em tantos pássaros?



Alguém já disse

que não precisa aprender Kant

para saber que aves de uma mesma plumagem voam juntas

A pulga é um ser privilegiado



No meio de tanta discriminação na via aérea

ela prefere ser uma pulguinha do que uma ave.



Ave extingue, mas pulga tem uma vantagem, única

viver pulando de um lombo para outro,

de uma asa para outra, de um canto para outro



Como disse tem Bach pra tudo.

na Bahia Cantinho. É cantinho.

O encontro entre duas paredes

É a parte mais importante de uma casa,

Vai que as duas partes não se unam,

será que a casa ficaria em pé?

Como?



Tem coisa que é arte pra pedreiro. Uma junção.



Tem muito pedreiro que aprendeu a fazer

edifício, fazendo casa de taipa,

a gente amarra com arame uma porção

de galhos de árvores

árvore se dispõe a tudo para fazer o ninho

que prometeu a João,



João tinha uma vontade muito grande

de aprender como é que o passarinho

ia construir o ninho com apenas um galho



e não sossegou enquanto não subiu na mãe de todos.

Era uma árvore enorme, despojada

suas flores eram tantas e tão grossas

que parecia nem ao vento atender.



Árvore assim, chamam "pé de louco" em Salvador.



João pediu licença a árvore

Hei, sei que a Senhora é a mãe do meu Lápis

mas o passarinho passou com um galhinho na boca

e disse que estava vindo pra cá fazer seu ninho

Fiquei impressionado e por saber como é que

um passarinho faz ninho com um galhinho daqueles?



Suba que eu vou lhe mostrar.

João subiu até chegar ao braço

estendido da árvore

E lá estava seis passarios

(deixei assim, quem sabe não é isso que

passarinho diz quando vê a chuva chegando:

passai rios)



Quem são esses?

O passarinho respondeu:

São meus filhotes?



Nossa! espantou-se João,

Como você fez isso?





Date: Thu, 24 Dec 1998 14:09:27



O passarinho respondeu

Volte daqui a X dias que eu lhe mostro



Passados X dias João voltou, pediu licença a mãe

dos passarinhos e dos lápis e subiu

Quando chegou lá bem perto o passarinho disse:

Você foi convidado para ver o primeiro vôo dos meus filhotes

quando eles saírem do ninho, lhe mostrarei como eu o faço.

E os filhotes voaram.

Naquele momento, João só queria saber do ninho.

(eu sei o que você pode estar se perguntando)

Mas o João ainda não me falou sobre isso)



E o passarinho tirou um galhinho do ninho e João ficou surpreso.

Mas como? para fazer um você desmancha outro?

O passarinho respondeu: Não, estou desmanchando para ensinar você a fazer o seu, este eu fiz catando, que é como você vai fazer também.

Mas para eu lhe ensinar eu tenho que desmanchar o que fiz, antes.

E João ficou muito tempo sentado naquele pé de árvore que de louca, nela, não havia nada, só, muitos ninhos.



Date: Thu, 24 Dec 1998 14:28:36



Foi assim que João aprendeu que a parte mais importante de uma casa é o canto dela, porque é lá que as diferenças são resolvidas. Junta-se as duas numa só e pronto.

E João chamou seus amigos para catarem gravetos.



Existe vantagem nos menores, sempre.

ser o mais pobre ensina que morar em casa de taipa,

é como morar em cima de uma árvore.



Por isso João adorava amassar a terra,

amarras os gravetos, e juntar aquele barro naqueles quadrados todos que os gravetos deixavam abertos, quando um se encontrava com outros.



Ai dos gravetos, se não fossem os quatro cantos.

Ai do telhado se não fossem os quatro cantos

Ai de Maria se não fossem os quatro cantos,

Ai de nós, todos, se não houvessem passarinhos

para nos ensinar.

Melhor que forma de tijolo é forma de mão.

Aquela que você faz com carinho.

Casa construída com amor é feita a mão.

Sabia que passarinho ajeita o ninho com as patinhas?



claro! Os filhotes vão crescendo e ciscando o resto da pele que lhe cobre com as patinhas. Com o bico ele só come e brinca com a pulguinha que vive lhes dizendo: Eu tô contigo desde que você nasceu, quem me trouxe até você foi seu pai, quer ver pergunte pra ele?



João, quando viu o resultado da obra de suas mãos, disse:

Vou jogar o barro na parede pra ver se cola.

E o barro grutou (ia escrever grudou) Tenho língua pegada quando escrevo - troco t por D algumas vezes. E o barro grudou na parede

João procurou, aquele amigo que tem um pai marceneiro e lhe pediu um pedaço de madeira.

O pai do menino perguntou a João, para que você quer esta madeira? E ele disse, para retirar o barro que eu joguei na parede da casa de minha tia. Foi assim que nasceu a primeira plaina. É assim que se chama?







Date: Thu, 24 Dec 1998 14:46:17



João voltou com o pedaço de madeira e tentou tirar o barro que jogou na parede, mas ele colou:

João, tendo uma mão muito leve, resolveu pagar a parte que não estava (tá vendo aquele pagar ali? João ia escrever pegar) grudada e arrastou para ver se ela também grudaria.

foi assim que João aprendeu a rebocar parede.

É que entre uma bocada e outra em alguma coisa , tem criança que brinca de bocar outras coisas, para não ser apenas uma criança desbocada. (aqui um à parte- desbocada não é criança sem boca, mas é quem usa a boca que tem para dizer palavras feias, xingamentos)



João escreve muito errado, onde já se viu aparendeu? Mas não é isso mesmo?!

A parede rendeu para o João o nome de um passáro: João do Barro.



Mas ainda não acabou, depois de esticar aqueles bolos de barro pela parede, do lado de fora, João fez a mesma coisa pelo lado de dentro.Não sem antes, atentar para que não tivesse gominhos.



João me disse que ia tirar todos os sinais de que ele estava apenas brincando quando começou a jogar o barro na parede.



Por isso ele voltou lá, na casa do marceneiro e disse

Dá para dizer a essa tábua que você me deu que ela agora vai aprender a surfar no barro.



(risos do marceneiro: Surfar no barro? Como é isso?

É que não pensei em outra coisa para colocar o homem sobre as águas a não ser em uma prancha. É só ele e ele mesmo.

Então, tá, disse o pai do menino marceneiro.



Vou colocar uma coisa aqui nela pra ficar parecendo um peixe. Serve?

João respondeu serve.



Assim João começou a alisar os calombos que ficou dos seus bolinhos jogados na parede.



E fez isso por dentro e por fora, foi assim que João aprendeu a apanhar bolo com uma mão e jogar com outra.

Uma mão ajuda a outra na traquinagem, mas também tem que ajudar a espalhar os bolos pelas paredes da casa.



Date: Thu, 24 Dec 1998 15:03:55



Sou seduzida por palavras

elas me convencem a escrever

mas quando o que eu ia escrever era um pensamento

ela me apaga a lembrança e me estorna



Estorno é coisa de banco mas banco é uma coisa de ser colocada em frente de casa.



Lá em casa, não aquela que João ajudou a fazer

mas a outra, tinha um banco lá na frente,



Quem sentava nele era um tal de Manoel

Eta homem paloeiro. É esse o nome?



Tenho que por uma vírgula aqui

não é bem palroeiro que eu devia dizer

(não tem no dicionário essa palavra)

fico com o palreiro é próprio de passarinho

não de Manoel.





Mas lá em casa tinha um banco

era o banco de Manoel

não tinha um que subisse ou descesse

que não desse uma sentadinha,

ou que não lhe acenasse com a mão.



A primeira lição de comunicação

que Deus ensinou a gente aprende muito na escola

Um dedinho. Oi, estou aqui.



Eram os visitantes falando com Manoel

sentado em seu banco de frente de sua casa.



Aonde eu estava?

No chão,



Quem quer aprender tem que estar sempre abaixo

Eu era apenas um bocado de farinha



É que quando prego fura pé de genge

(vou deixar assim)

Aliás, gege, (nem sei se é assim que se escreve -era a nação de minha família)



Mas eu dizia, quando gente fura pé no prego.

Põe-se um bolo de farinha.



Eu, menina de mato, só vivia com pé furado

E farinha, nunca faltou.



Acho que tinha mais gente com pé furado lá em casa mas é porque diziam que o que parecia um furo igual ao meu chamavam calo. Eu sempre estranhei ter calo bem no colo do pé. Lá no começo.



Calo, eu sempre achei, só dava em quem usava sapatos (apertados) e não em quem só andava de pés descalços.





Date: Thu, 24 Dec 1998 15:23:34 -



Estava ali, pensando no rato

Quando vi um lençol rezando

quando vi meu pensamento assumir tamanha imprecisão

de um realidade eu ri

lembrei de um deserto

de um homem

Para um rato ser aceito

Só vestindo-o com um manto de príncipe

Exupéry bem sabia disso

Por isso ao seu amigo , conhecido no deserto

entre uma viagem e outra

ele conheceu um rato

Mas quem iria lhe acreditar

Que um ser imprestável, para tantos

desprezado pelo mundo inteiro

Dele, nem cobra gosta - era um grande amigo das crianças?

Por isso eles se sujeitam a ficar lá por baixo,

cantando para que elas adormeçam

sonhem bons sonhos?

Rato conhece um amigo a milhas e milhas de distâncias

de uma cidade habitável





Date: Thu, 24 Dec 1998 17:01:33



Tivemos um gata, não lembro de onde ela veio

não sei bem de onde a trouxemos

Ela apreceu em nossa vida como o sol

por que ela vem?

Vem ela, vem a chuva, o trovão, o vento.



Não lembro dela, quando era pequena,

foram muitos, pequenos, gatos, que conheci

Mas "IAUA", era o seu nome,

A gente dá nome para gata,

Um empréstimo de nobreza.



Ser uma IAUA depois dessa,

tornou-se símbolo de nobreza,

Ela tinha um Q de não ser algo,

um Q de não querer ser ela,



Lembro pouco da IAUA,

Lembro mesmo é do Porte,

Nobreza de ser algo mais,



O que essa gata tinha de diferente?

Agora lembro, Trouxemos ela, não sei de onde,

não sei como, nem lembro quando.

Da nobreza a gente só guarda os gestos,



Agora lembro. Trouxemos IAUA, ainda pequena

para que fosse a GATA do NEGÃO



NEGÃO era o nome de um GATO aleijado,

que nós acreditamos ter ficado curado



NEGÃO ficou grande e forte, muito forte,





Date: Thu, 24 Dec 1998 17:38:50



vou enviar partido, o sistema está ficando ruim.



Outro dia lembrávamos dele

Foi o único gato que vimos

colocar duas orelhas para trás,

pensávamos, nós: ele está com fome



Aquele IAU era um título nobre,

(foi substituído depois, se der eu conto porque )

ele punha as duas orelhas para trás

e pensávamos: Esta com fome

Ficávamos com medo

o que faz aceitar o medo?

Amar mais que o medo!





Date: Thu, 24 Dec 1998 17:40:53



Foi um tempo difícil aquele

dividíamos o que tínhamos por três,

Às vezes o que tinha era dado apenas para um

E lá vai nós dois, eu e o IAU, nos solidarizar



A fome solidariza? (antes não tinha pergunta, agora tem)

principalmente quando você faz mais para dar ao outro do que a si.



a gente aprende a amar bicho por que?

porque , sem sabermos como,

ele entende o que estamos fazendo por ele





Date: Thu, 24 Dec 1998 17:44:22



Mas o IAU tinha uns hábitos, não muito naturais,

- a gente pensava - para gatos,

mas parecia próprio de machos.

Ele saia de noite.





No começo ele saia e ficava miando muito, lá fora,

Então descíamos, e íamos caminhar com ele,

mas ele caminhava e miava,

Depois ele aprendeu a caminhar sozinho

Mas ele caminhava e miava ao mesmo tempo

as alturas, pras alturas,

Depois ele aprendeu a caminhar sozinho

sempre miando,

Ele se achegava a porta, olhava para ela e miava

eu lhe abria a porta. De manhã, um miado e eu já sabia, ele voltou

Pensamos que ele estivesse querendo uma companheira



Date: Thu, 24 Dec 1998 17:47



Trouxemos para ele, uma IAUA.

Amorosa, uma gata estranha parecia ter

um sentido de ser profundo

o negão nem tchum, para ela.

Mas ela bem que provocou

Mas o NEGÃO já era um gato,

Não tinha tempo para esperar ela crescer

Ela era um filhote de sua espécie

Um dia o NEGÃO foi embora, nunca mais voltou.



Acho que naquele chamego da IAUA com o IAU

Ele lhe contou alguma coisa.

a IAUA foi crescendo, e querendo sair de noite

Fiquei de porteira de gato e gata





Date: Thu, 24 Dec 1998 17:50:13



IAUA era especial a começar pelos olhos

parecia coruja



Um dia, fui, de madrugada

olhar onde a IAUA ficava

Eu a vi, empoleirada na árvore,

como uma coruja,

eu ri e fiquei a pensar:

Não é que ela parece mesmo uma coruja!



Uma dia apareceu um NEGÃO na rua, outro

A IAUA se apaixonou por ele

Tivemos que sair correndo a segui-la

Nunca tínhamos visto uma gata

correr atrás de um gato.

Mas ela correu. ela o convenceu

ela o conquistou



Date: Thu, 24 Dec 1998 17:52:02 –



No primeiro cio,

lá estava a IAUA

esparramando as patas,

e se abrindo pro Negão,

Era um shoW!



E eu, ali, espectadora!

de nobre tarefa

Assistir a fecundação dos amantes

OH, GRITO!

Era a IAUA DIZENDO

aos quatro cantos,

sou sua, serei sua, sempre



Date: Thu, 24 Dec 1998 17:56:13



IAUA pariu,

uma porção de tricolores,

lindos, imponentes, majestosos e magníficos



um dia.........................................

...............................................

O neguinho da IAUA era um qualquer

abandonado debaixo de um carro



IAUA continuou suas idas e vindas

IAUA ficou, de novo, pra parir,

Tínhamos, agora, uma outra gata

que ainda não tinha parido

Ô seres solidários.

A IAUA teve dificuldades

E lá estava uma Neguinha,

taludinha, que só,

subindo na IAUA

fez, fez até que a IAUA expeliu

Entre eles um tortinho - lindo! lindo!



A IAUA adora o negro

A neguinha cuidou dos filhos da IAUA

como sendo delas





Date: Thu, 24 Dec 1998 17:59:26 -



Enquanto IAUA continuava suas idas e vindas

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Um dia, logo depois de ter parido,

IAUA deixou seus filhos aos cuidados da neguinha,

e desceu ao ao encontro do seu ser sem ser

do seu ser que se encontrava não sei com quem.



Olhei , surpresa!



Um filhotinho de rato brincando com o rabo da IAUA

, e ela sentada,

deixava ele brincar, e só, olhava,



Ser adverso aquela gata,

Acho que sei bem o que ela estava dizendo para aquele filhote

de ratinho.

Enquanto tem uma que cuida dos meus, eu cuido de quem não teve alguém

para ajudar a dar a luz.

Era um ratinho, órfão.





Date: Thu, 24 Dec 1998 18:04:00 -0300



Era um ratinho órgão (ia escrever órfão)

brincando com a tia que conheceu

ainda quando estava na barriga de sua mãe.



Um dia a IAUA se foi

Gato tem que ter pulga, grudando nele, agora eu sei.

A neguinha foi junto, de livre e espontânea vontade.

a neguinha também pariu, antes de ir.



Um dia, depois de muitos achados e dados

O abandonado depois de banhado e cuidado,

fica tão convencido, como se tivesse sido

concebido em berço esplêndido.

Aí, todo mundo o quer



Um dia, dizia - vi uma gatinha, em vias de ser abandonada

Nós a recebemos, pois,

Mas depois, não sei porque, devolvi-a,

arrependi-me a tempo.

Para tirar três manchas pretas de sua testa,

ela estava sendo banhada de thinner

apanhei-a de volta.



Um dia IAUA também pariu,

E ficou buchuda de novo





Date: Thu, 24 Dec 1998 18:07:08 -0300 (GRNLNDST)



Acho que lição a gente aprende por corredeira

Aprendi a falar com gato,

ele ainda estando na barriga da IAUA.



Eu sentia ele atendendo ao meu chamado

A IAUA, deitava e ele vinha para se encostar em meu dedo.



Finalmente, parteira de gato.

E lá estava ele, esperei até que viesse o último

Mas ele já estava la e parece ter falado de mim para sua irmã.

Dos sete, ficaram três.

Eram dois rajados e uma neguinha,

os outros quatro - brancos - foram dados



Nunca tinha visto um gato mais dengoso

nunca tinha visto gata mais calada





Date: Thu, 24 Dec 1998 18:09:37 -0300 (GRNLNDST)



Ele nunca se comportou muito como filho da IAUA

nem como irmão das outras que nasceram junto com ele.

Só vivia para querer adentrá-las

Foi castrado. Continuou mais macho.

Fico surpresa quando os vejo

A neguinha e o machinho,

sendo os mesmos, lá , onde estão

A neguinha, até hoje, não pegou cria

A outra gatinha desapareceu, desde a primeira

vez que a pusemos com o machinho, lá.



Date: Thu, 24 Dec 1998 18:15:40



Darwin - um esticador de pescoço

o INVISÍVEL É RISÍVEL

por uma voz, trazemos à luz, uma vida.

parece que o que o NEGAU(IAU)

contou para a IAUA, eu aprendi

A gente se torna eternamente responsável

por aquilo que cativas



Ele chorava a sua dor

de saber órfãos , os filhos

daquele que ele, naturalmente,

acompanhou desde que o viu

no ventre de quem o concebeu

Mas não resistiu



Ela não pode descer

Ela não pode subir

É para isso que gatos saem de noite

Consolar os órfãos

Para lhes dizer que eles não estão sós

Tem alguém aqui em cima que os conhece

por nome, desde o ventre da mãe.



Por vezes isso é impossível

Quando por falta de comida,

soltamos o ajudador com fome.



Escrevi o texto inteiro, agora,

lembrando.

Que quando achamos o gatinho

que pensamos ser o aleijadinho

ele estava no mesmo lugar

percorrendo o mesmo caminho

por onde eu vi,

várias vezes,

o rajadinho

esticar a patinha

como que para cumprimentar

alguém lá embaixo.



Date: Thu, 24 Dec 1998 18:27:01 -0300 (GRNLNDST)



esse último rajadinho

é o aquele cujo filhote

estava , ali, ajudando um

gatinho, preto e branco

parecido com um tortinho

que nasceu aqui,

a descer da árvore.

Desce da árvore

Zaqueu.

Achei um nome novo para

um filhote que só

conheci pregado na árvore.

Tive que espantar três garotos

Eles estavam fazendo exercício

de perversidade para afastar

o ajudador

mas ele parece ensinou o segredo

da vitória,

como é que se desce de uma árvore.

É não fazendo barulho

Os nossos inimigos só dão ouvido

ao que ouve

mas não sabe do que se passa no coração

E o gatinho que antes, miava muito

ficou calado

e desceu da árvore sem que ninguém o ouvisse

miar.

Eu vi quando ele desceu

Outro dia eu vi o filhote ajudador

Ele estava quase do tamanho do pai dele.

Quando me viu ele parou

Eu o cumprimentei

Ele seguiu caminho









Date: Thu, 24 Dec 1998 18:35:01 -0300 (GRNLNDST)

Antes,

entre um tempo e outro

o Machinho, pai do filhote Zaqueu

foi deixado no mesmo lugar que o machinho

mas eu lhe chamei pelo nome

Aí o outro apareceu

EnTào eu vi pela segunda vez

agora, dois gatos com orelhas para trás.

e se entortando,

e se medindo

e se encostando cabeça com cabeça

encostava, quase e voltava



um rapaz apareceu

quis espantá-los não deixei

Protegi-os até quando vi que não ia acontecer nada

Eles bem sabiam o que cada um significava para si



Mas quando voltei, vi o machinho (o que tinha ido antes)

olhar para o lugar onde ele tinha encontrado com o outro

(o rajadinho)

passei muitos vezes por aquele lugar

e o via do mesmo jeito

olhando para o que não era

ou para o que foi



para o que ele estava olhando, afinal?

Nunca mais o rajadinho(o amarelo) foi visto

o machinho voltou a sua rotina.

Ele continua atendendo quando eu o chamo

A neguinha continua atendendo quando eu a chamo

Ambos fizeram encontraram repouso

não sabemos vindo de onde.



OUtro dia, eu soube

que a mesma pessoa que levou o amarelinho

para o lugar onde estão o machinho e a neguinha

o escarrerou de lá

Agora não se sabe por onde ele anda.

Eu nunca mais o vi.

Mas tem um filhote aqui que é semelhante ao pai

Acho que em tudo.

Até na pose, de ser gato, apenas







Date: Fri, 25 Dec 1998 10:50:23







Lema do espadim

Moisés usou o dedo

Lucas usou o Lápis

Jesus chamou o peixe,

Eu, quando achei, orei.





Faziam oito anos que eu tinha desistido,

por causa da incredulidade





Lema de quem tem nos insetos um acolhedor de sabedoria





Vaga-lume a gente apanha

fechando as mãos







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