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Poesias-->O Sertão -- 08/02/2002 - 20:20 (Alex da Silva Lucas) |
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O Sertão...sequidão
em meio a um mar
de luz onde a morte
não dá lugar à vida.
Um calor escaldante
que determina
a frieza do lugar.
As folhas dão lugar
aos espinhos
que retêm a umidade
— que é pouca —
em meio a fervura
da areia
quente e morta.
Lugar sofrido.;
sofrido e esquecido
pelos que vivem
e estão mortos,
pelos que muito possuem
mas pouco têm.
Por fora são enormes
e por dentro
insignificantes
como um grão de areia
no deserto.
Vivem em grandes centros,
onde a civilização impõe-se
à Natureza.
E esquecem um lugar
distante,
onde a Natureza impõe-se
ao homem como a verdade
impõe-se ao não lúcido.
No Sertão, a vida luta
para não continuar vivendo
morta,
pois como nos centros,
as pessoas morrem
a cada dia, mas neste último
se morre por incapacidade
e não por impossibilidade.
Um com chinelo, o outro descalço.;
um vivo morre, um morto tenta viver.;
um corre, o outro se arrasta.;
um pensa nas sobras
e o outro nem pensa.
Também pensar em que?
Poesia integrante do livro "A Hipocrisia da Matéria" de Alex Lucas.
http://alexlucas.tripod.com.br
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