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Discursos-->Meus filhos -- 07/09/2001 - 17:32 (Alberto D. P. do Carmo) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Não cresçam tão rápido, tenham a paciência das plantas. Floresçam aos poucos, perfumem minha vida na felicidade de vê-los rascunhando essa inocência.

Não tenham a pressa das multidões, cantem ainda por muitos anos aquelas músicas da minha infância, que eu vou sentir saudades das lágrimas dos contos de fadas. Deixem-me gravar no coração os seus olhos arregalados com as histórias que eu contava, quando meu sono sorria e desafiava a curiosidade de vocês.

Montem seus sonhos bem devagar, como os jogos que eu comprava, e vocês riam de alegria ao encaixar mais uma peça. Abracem-me sempre com as mãos lambuzadas de chocolate, num beijo com cheiro de bala de framboesa.

Meus anjos queridos, jamais esqueçam das árvores, dos morangos silvestres, que manchavam aqueles rostinhos com pele de seda, que eu beijava na minha alegria. Lembrem-se sempre dos caminhos que varavam a floresta, dos banhos na cachoeira, do mel puro que bebiam nos favos, e depois viravam doces chicletes.

Fujam da frieza das cidades, quando sentirem falta do vento. Voltem àquela horta, onde íamos molhar as manhãs de geada, de sol rosado no gelo do telhado. Peguem lenha seca no mato, acendam a lareira, e leiam a calma do fogo generoso. Quando os loucos dos shoppings incomodarem demais, corram até o lago e brinquem com a imagem da lua, dançando assanhada nas noites de outono.

Se os amigos das baladas, com seus piercings e brinquinhos de Mariazinha, vierem com emoções fáceis, lembrem-se da Melissa, que a gente ordenhava e depois mamãe fazia queijo. Se quiserem tentá-los com heavy-metals asquerosos e arrotados, recordem as músicas de Vinícius e Tom, dos Beatles, da Tocata e Fuga que sua mãe tocava ao piano, de Rapsody in Blues, e tantas outras.

Se lhes tentarem vender best-sellers baratos a preço de dólares, vasculhem as bibliotecas e os sebos, à procura dos verdadeiros tesouros.

Se forem tentados por profissões que se arrendam em escritórios habitados por seres rasteiros, lembrem-se das praças, do mar, da copa das florestas sem ar-condicionado, das casas térreas, das janelas abertas, das lagoas, dos gansos nadando no lago de casa.

Se lhes mostrarem dois velhos vergando ao peso do ouro e das jóias, não se iludam, a felicidade só habita os olhos dos seres simples.

Se um dia eu ficar velho, cantem aquelas canções que eu cantava antes de irem para cama. Deitem todos em cima de mim, como fazíamos nos fins de semana, cubram-me, como uma terra macia, que me germine novamente.



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