B a n z o
banzo...
banzo...
oito dias na semana
banzo de zé, de chico, de ana
banzo sob sol, sob chuva
banzo dos campos de cana
banzo saudade e sofrer
sem que se saiba o porquê
na senzala, no terreiro
banzo velho, banzo erê
sonhos amordaçados,
liberdade atada em grilhões
saciando dia e noite
fome e sede dos barões
dos engenhos, nos roçados
banzo negro, banzo açoite.
banzo banzo banzo banzo banzo banzo...
banzo banzo banzo banzo banzo...
banzo banzo banzo banzo...
banzo banzo banzo...
banzo banzo...
banzo!
banzo inerte,
entorpecente.
banzo da raça
de toda uma gente
sal do suor,
choro de dor infindável.
oito dias na semana – implacável...
B-A-N-Z-O.
Rio, 21 de abril de 2001
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