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Teses_Monologos-->A Curtura da Cultura -- 07/04/2006 - 13:16 (Nezinho Costa) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A CURTURA DA CULTURA

POR NEZINHO COSTA

O que se espera de um grupo de pessoas que se dispõe a submeter-se a um exame vestibular é que o seu conhecimento da Cultura, na qual está inserido, seja, no mínimo, Muito Bom, dentro de uma escala onde se considere: Péssimo, Regular, Bom, Muito Bom e Ótimo.
É no que eu creio.
Partindo desse princípio, abaixo do parâmetro considerado, qualquer conhecimento cultural será insuficiente para alimentar o sonho de qualquer pretenso candidato, sério, a uma vaga na Universidade. Eis por que existem os “cursinhos”.
Mas, conhecimento cultural se adquire em cursinhos?! Não! Categoricamente, não. E, aqui, estou separando a CULTURA da DIDÁTICA, esta imprescindível.
Cultura, segundo o Dicionário Brasileiro Globo 46ª Edição, é: ...ESTADO DE QUEM TEM DESENVOLVIMENTO INTELECTUAL; CONJUNTO DE CONHECIMENTOS; INSTRUÇÃO. É isso que se espera de quem almeja enfrentar, com reais chances de vitória, o embate do vestibular.
E isso não se aprende em Cursinhos, apenas realça, reforça, donde se conclui que é necessário possuir tal “CONJUNTO DE CONHECIMENTOS” previamente.
Para cada área profissional disponível exige-se conhecimentos didáticos específicos, contudo, para todas, indistintamente, exige-se BAGAGEM CULTURAL E FILOSÓFICA – ainda dissecando a cultura – já que filosofia, aqui conceituada genericamente, é a arte de entender e conhecer o povo e sua cultura, para explica-lo, e, cultura é a bagagem de conhecimentos que esse povo possui.
Para se ter tais conhecimentos não se precisa pagar nada. É de graça. Pode-se obtê-los nas bibliotecas públicas, nos jornais, em determinados programas de rádio e TV, em bate-papos informais com pessoas cultas, etc. Basta que haja boa vontade em aprender, por parte daquele que necessita de tais conhecimentos.
Bem, feita a introdução acima, consideremos a curtura intelecto-cultural de nossos candidatos ao vestibular. Curtura aqui não é uma corruptela de cultura, se bem que poderia dado o linguajar matuto de nosso povo, mas, sim, FALTA dessa cultura. É curtura de curto mesmo, do Latim “CURTU”, que quer dizer “DE POUCO COMPRIMENTO OU DE POUCA DURAÇÃO; BREVE; RESUMIDO; ACANHADO; LIMITADO”, ainda segundo o dicionário já citado.
Essa acurturação, e não é aculturação, é causada pelo irreverentismo apregoado nos meios de comunicação, incentivado pelas facilidades cada vez maiores oferecidas pelas Faculdades que, ano a ano, despejam no mercado de trabalho milhares de “profissionais” mal formados e incapazes de enfrentar a concorrência reinante no “meio”. Por conseqüência, a grande oferta de “mão-de-obra” contribui para a desvalorização do verdadeiro profissional que, inconformado com a situação, deixa de aprimorar seus conhecimentos assim como não se esforça para melhorar seu desempenho, acarretando em baixa produtividade e má qualidade dos serviços prestados.
Vê?! Tudo isso por causa da curtura da cultura de nosso povo.
Ofereço, como base de dados para a presente argumentação, recente pesquisa realizada por mim, no dia 17 de março de 2006, em um CURSINHO PRÉ-VESTIBULAR COMUNITÁRIO DE MONTES CLAROS/MG, onde sou professor voluntário. A pesquisa foi em forma de entrevista, onde 48 (quarenta e oito) alunos responderam em folha.
Eis os dados coletados:
Bloco 01 Sabem o que é um Gênero Literário 43,75%
Sabem o que é um Gênero de Filme 91,67%

Bloco 02 Conhecem algum Escritor/Escritora 72,92%
Conhecem alguma Obra Literária 62,50%
Conhecem alguma Pintura famosa (obra de Arte) 68,75%
Conhecem algum Pintor/Pintora 37,50%
Conhecem alguma Escultura famosa 20,84%
Conhecem algum Escultor/Escultora 22,92%

Bloco 03 Lêem Jornal 50,00%
Vêem TV 97,92%
Ouvem Rádio 83,33%

Bloco 04 Conhecem algum político brasileiro, ou têm preferência por algum 75,00%
Conhecem algum político internacional, ou têm preferência por algum 64,60%

Bloco 05 Pena de Morte É Contra 81,25%
É Favorável 18,75%
Não sabe o que é isso 0,0%
Eutanásia É Contra 77,10%
É Favorável 16,67%
Não sabe o que é isso 6,23%
Aborto É Contra 93,75%
É Favorável 6,25%
Não sabe o que é isso 0,0%
Casamento Gay É Contra 70,83%
É Favorável 29,17%
Não sabe o que é isso 0,0%
MST É Contra 60,42%
É Favorável 37,50%
Não sabe o que é isso 2,08%
No BLOCO 01 temos um exemplo incontestável de Acurturação, dada a influência perniciosa dos meios de comunicação, ou seja, a mídia em si. Contudo, atesta a necessidade da implementação de formas alternativas de ensino, onde, unindo-se o útil ao agradável, a gama de filmes disponível no mercado possa ser usada na Aculturação do indivíduo, a exemplo do que já vem sendo feito, e com sucesso, em muitos estabelecimentos de ensino. Contudo, não aleatória e irresponsavelmente como se observa, deixando o aluno entregue às suas próprias fantasias diante de uma tela de vídeo, mas devidamente acompanhado por um Monitor capacitado.
Considere-se que o conhecimento da literatura expressado nesse bloco está em REGULAR, beirando a BOM, enquanto o conhecimento de filmes está em MUITO BOM, beirando a ÓTIMO!
No BLOCO 02, a situação se não hilária é deprimente. O conhecimento de Livros e Autores está, estatisticamente, entre BOM e MUITO BOM, no entanto, na análise caso a caso, verifiquei ser tal conhecimento apenas superficial, dado que a imensa maioria dos alunos não soube “ligar” a Obra ao Autor, tendo casos, inclusive, onde o aluno atribuiu Obras de um a outro, confundindo gêneros e épocas, tal como dando a Monteiro Lobato a autoria de Grandes Sertões. Veredas!
Identicamente ocorreu com as Artes, ou seja, Pinturas e Esculturas e seus Autores. Monalisa ganhou “de capote” de todas as demais Obras de Arte conhecidas, contudo sua autoria, pela maioria dos alunos, foi creditada a Michelangelo. Agora, legal mesmo foi terem conferido a Aleijadinho a autoria dos “Afrescos da Capela Cistina”!
Com relação às Esculturas e seus Autores observa-se que o conhecimento está entre PÉSSIMO e REGULAR. Fato curioso: dentre os que conhecem um Escultor, Aleijadinho foi o mais citado, embora tenham mudado seu nome de batismo e conferido-lhe, também, a autoria dos “12 Profetas”.
Desinformação, pura e simplesmente decorrente de um método de ensino já paupérrimo e arcaico, pouco ou nada diferente de seus princípios escolásticos.
No BLOCO 03 temos a melhor média de interesse dos entrevistados, mas vexaminosa quanto ao conteúdo. Dos que lêem Jornal a quase totalidade só o faz de vez em quando; dos que vêem TV a imensa minoria assiste ao Jornal e a Programas Educativos. A predileção é por Novelas, Filmes e Seriados.
Já dentre os que ouvem rádio a maioria citou preferência pelo Programa “Transalouca” da Rádio Transamérica, e nenhum citou a Rádio Unimontes, que tem uma programação cultural sem ser didática ao extremo ou maçante.
Dentre os gêneros musicais preferidos sobressaíram o Rock, o Rap e coisas e tal, sem nenhuma preferência por Bossa Nova, Partido Alto ou, pelo menos genericamente a MPB.
No BLOCO 04 o conhecimento da política brasileira ficou em MUITO BOM, no prego! No entanto, o desinteresse pela política, em si, foi gritante. Observei, aqui, a influência negativa dos próprios professores, exercida em sala de aula, que tem levado os alunos a desencantarem-se com a política brasileira. Isso é mal! Muito mal! Mesmo porque não é ético o exercício do poder de influência intelecto-psicológica em benefício próprio, no exercício de cargo e/ou função pública. Em palavras simples, como um professor meu conhecido costuma dizer, além de antiético e imoral é covardia usar das prerrogativas do cargo de Professor para “envenenar” as mentes incautas dos alunos contra o Governo. Isso poderia ser caracterizado como uma forma de “deseducação”.
Quanto à política internacional o destaque ficou para Che Guevara, ou “Cheik Vara”, e Hugo Chaves. Sugestivo, não!? Pior é que o conceito de globalização foi lançado “às favas”, já que quase todos alegaram “NÃO VEREM NECESSIDADE DO CONHECIMENTO DA POLÍTICA INTERNACIONAL”. Dançou a aculturação.
O BLOCO 05, dos temas polêmicos, nos informa muita coisa já nos números iniciais que apresenta. Por eu ser Evangélico, de formação cristã, ortodoxo por opção e convicto de minhas opiniões, eximo-me de comenta-lo em suas muitas nuances, reservando-me o direito a duas constatações:
1ª - A existência de estudantes, em via de prestarem exame vestibular para a Universidade, que não sabem o que é a Eutanásia;
2ª - A maioria dos entrevistados se declararem contra o MST justamente após o alarde da mídia sobre a invasão e depredação de uma fábrica de celulose no sul do Brasil, por uma facção do tal Movimento.
Encerrando esta externação de minhas preocupações, conjeturo: “o que aconteceria se a mídia, principalmente Rádio e TV, se empenhasse mais na educação do povo e menos no sensacionalismo?
De meu humilde banquinho.
Montes Claros/MG, 17/03/2006
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