Não sei quem sou, eis a verdade. Penso em mim como um ser infantil e irracional que depende de outros para sobreviver. E, como esses outros são ignorados! Vejo-os como pobres mortais lutanto todos os dias para fugir do próprio destino incerto do qual tantos abominam ou fingem não existir. Tenho pena deles... ou teria pena de mim?
Meu passado é curto e nada fiz para deviar o caminho. Sei que tenho uma falsa alegria, mantida apenas pelo comodismo de não ter que justificar a minha preguiça de viver. Quem me dera conhecer a morte!! Tão temida e desejada ao mesmo tempo. Olhar em seus olhos e ter certeza de que não é mais um delírio dessa minha mente já exausta de insatisfações e reclamações que nada mais servem.
Se houvesse um emprego fixo, um lar, uma paixão...Mas não fui abençoada a tal ponto. Deus nem sempre é justo a todos. Para mim é apenas mais um mito como dos muitos a que fiu acostumada no colégio de freiras.
Mas se pudesse conhecer me verdadeiro eu! Seria eternamente grata a esse ser sobrenatural de quem não vejo a expressão, se não palavras diabólicas grafadas num livro que merece meu desprezo.
Fé já nao tenho mais. Felizes daqueles que a tenham e conseguem crer em algo bom. Meus dias são em espera pelo fim, mas que sejam infinitos.
