Um dia , quem sabe,
Eu volto a ser aquilo
Que nunca fui,
A ter a exata
Medida da
Importância alheia.
Quem sabe, pensando um pouco,
Eu não venha a ser
O reflexo adequado ao espelho.;
A ter a exata
Forma de um coletivo desejo.
Quem sabe, um dia,
Eu não passe a ver,
Com olhos verdadeiros,
A mentira mais lírica
Que possa existir:
Ver o sol como uma estrela,
A lua como um satélite,
A vida como conseqüência natural
De um ciclo – assim como a morte.
Ver o mal onde há mal
E o bem
Num livro de receitas.
Quem sabe um dia
Eu não me torne mais um.
©Anderson Christofoletti
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