Não bebo, é o que sempre digo, mas isso em relação à cerveja e à famosa
pinga. Entretanto, não recuso um bom vinho, seja ele caro ou até barato, ainda mais agora, depois que uma certa pesquisa disse que as pessoas que o bebem são, em geral, mais inteligentes e resolvidas na vida. Será?
Bem, se sou inteligente não sei, faço o possível.
Se sou resolvido, depende do que se trata, mas respondendo ao que você está pensando minha resposta é sim.
Nos Alpes Italianos existia um pequeno vilarejo que se dedicava ao cultivo
de uvas para produção de vinho, pois não poderia ser a outra coisa mesmo, até por conta da introdução que vim fazendo à tal bebida.
Assim, uma vez por ano ocorria uma festa para comemorar o sucesso da
colheita. A tradição exigia que nesta festa, cada morador do vilarejo trouxesse uma garrafa do seu melhor vinho, para colocar dentro de um grande barril que ficava na praça central.
Entretanto um dos moradores pensou - sempre tem um, ou mais, que pensa coisas desse naipe: "Levarei água no lugar do vinho, pois no meio de tanto vinho, ninguém irá sentir a diferença"
E assim o aplicador da lei de Gerson fez.
No auge dos acontecimentos, como era de costume, todos se reuniram na
praça, cada um com sua caneca, para pegar a porção daquele vinho, cuja fama se
estendia além das fronteiras do país.
Contudo, ao abrir a torneira do barril, um silêncio tomou conta da
multidão.
Daquele barril apenas saiu água, nada mais que água.
Certamente no lugar, vou fazer uma conjectura, deve ter tido um
engraçadinho que disse: "Igual o milagre de Jesus na festa de casamento, mas às
avessas!"
Deve ter tido um outro também, cheio de pudor, e religiosidade, que disse a
esse engraçadinho: "Não diga o nome de Deus em vão!"
Feito as conjecturas... o fato é que todos pensaram exatamente a mesma
coisa.
Ora, não é assim que é a vida? Não é assim que somos nós?
Certamente, e isso é pura e boba pretensão de minha parte, você nunca mais
beberá ou verá alguém a beber vinho do mesmo jeito.
Ou sei lá, talvez fique pensando que eu realmente não tenho o que fazer,
para ficar escrevendo esses textos, tão sem cabimentos.
Mas o que fazer se essa é uma das minhas parte?
Talvez a sua, nesse momento, seja ler.
Anderson
andersonop@yahoo.com
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