Eu na moto,
pensando na vida.
A morte na esquina,
pensando em mim.
Eu na moto,
sentindo o vento virgem da manhã
acariciando meu rosto.
A morte na esquina,
prestes a chegar ao orgasmo,
pois nada lhe dá mais prazer
do que alguém, pensando na vida
numa moto.
Eu na moto é tão emocionante,
a morte na esquina, fuminante.
Eu na moto sou tão frágil,
o carro na esquina tão sólido.
Eu não estava preparado para isso!
Nunca estamos!
Eu tinha tantas coisas a fazer!
Sempre temos!
Eu não merecia morrer,
mas morremos!
E não existe nada mais comum
e também mais idiota,
do que a vida que se faz no roçar dos corpos
em movimentos de carnes e ossos
se desfazer no roçar das máquinas,
em movimentos de aço e plástico
Outra Poesia!!!
LUA |