Muita gente já perambulava nas imediações do Arco do Triunfo aguardando a meia-noite. Turmas de jovens, namorados, famílias inteiras, crianças, velhinhas e velhinhos...
Nesta época, com o Arco e todas as árvores iluminadas, a famosa avenida dos Champs Elysées fica uma beleza. Eu já nem agüentava de curiosidade, queria ver fogos coloridos estourando no céu... Ainda mais sabendo que os franceses são mestres nessa arte.
O povo foi chegando, o ajuntamento cada vez maior. De vez em quando moças e rapazes passavam correndo. Algumas bombinhas principiaram a pipocar de um lado e outro.
E os ponteiros do relógio avançando... Meia-noite! 1996 chegou!
Ouvimos um ohhh! em uníssono, acompanhado de muitas palmas. E nada de fogos. O céu escuro. Mas as bombinhas aumentaram. Aumentaram também os grupos que corriam feito trenzinho, empurrando as pessoas.
De repente, estremeci. E se estourasse ali uma bomba de verdade?
Pensando bem, era um bom lugar para terroristas atacarem. Tanta gente reunida! Quantas vítimas fariam?
Ao longo de 1995, Paris foi alvo de alguns atentados. Bombas explodiram no metrô, outras na rua. Não eram ainda ataques do tipo pós 11 de setembro. Enfim, não deixavam de ser perigosos. Felizmente naquela noite não aconteceu nada.
Quando resolvemos nos retirar, parece que todo mundo fez a mesma coisa. As ruas ficaram entupidas de carros. Mas algo diferente se passou. Algo que eu não esperava dos franceses, tão sisudos por natureza. Todos buzinavam e gritavam “bonne année!”
Divertindo-nos com aquela manifestação efusiva, nós também entramos na onda. Demos uma volta pela cidade desejando feliz ano novo a quem víamos, e de farra dizíamos: “bananêêê”! Minha filha, com onze anos, vibrava!
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É claro que não fizemos os gestos que costumam acompanhar essa palavra...Só demos tchauzinho...
