Usina de Letras
Usina de Letras
66 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62206 )

Cartas ( 21334)

Contos (13260)

Cordel (10449)

Cronicas (22534)

Discursos (3238)

Ensaios - (10355)

Erótico (13567)

Frases (50604)

Humor (20029)

Infantil (5428)

Infanto Juvenil (4764)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140795)

Redação (3303)

Roteiro de Filme ou Novela (1062)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1960)

Textos Religiosos/Sermões (6185)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Artigos-->Meus olhos fotografaram, como na frase de Machado... -- 13/09/2001 - 20:29 (Anderson O. de Paula) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Machado de Assis já dizia, em Esaú e Jacó, que o olho do homem serve de

fotografia ao invisível.



Não sei até que ponto essa máxima "machadiana", se é que pode ser

considerada assim, é procedente ou não, o caso é que ela se fez verdadeira.



Ora, quem mora em São Paulo - terra de encantos e desencantos - ou em

cidades do mesmo porte, volta e meia vê pessoas vendendo doces e toda sorte de

bugigangas nos semáforos e esquinas da vida.



Ele dirigia seu carro e ia pelo mesmo caminho que eu. Paramos emparelhados

no semáforo, onde havia alguém numa cadeira de rodas prestes a nos dar uma

lição, e da mais digna possível.



Eu não comprei as balas, nem as outras bugigangas que me foram oferecidas,

a propósito são raras as vezes que compro alguma coisa no farol. As vezes

que fiz isso foi mais por compaixão do que por vontade de consumir o tal

produto. Tenho comigo que muitos, uma grande maioria, faz o mesmo.



E ele abriu o vidro e estendeu uma nota de cinco reais. O vendedor notou a

mão estendida e foi lá - forçando os braços para mover a cadeira - prestar

seus serviços no corredor da avenida deixado por tantos carros.



O dono do carro deu o dinheiro e disse que não queria as balas.



O vendedor disse: "O senhor estará ajudando mais se pagar cinqüenta

centavos pela bala do que se der os cinco reais"



Mas não quero as balas? - foi sua resposta, já um tanto constrangido.



"Obrigado por sua ajuda, mas o senhor precisa entender que eu estou

trabalhando. Se quer ajudar compre meu produto".



O dono do carro cedeu: "Tá bom, quero comprar"



"O senhor não tem trocado? Não tenho troco para cinco?"



"Não, eu não tenho"



"Então depois o senhor passa aí e paga"



O verde ascendeu, fomos embora. Certamente o dono do carro voltará para

acertar sua dívida e certamente aquelas balas terão um gosto nunca sentido.



Meus olhos fotografaram, como na frase de Machado, a alegria de quem sabe o

que é necessário fazer para vencer; alegria de um vencedor.







Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui