O sol brilha vidrento,
faz crescer o alimento.
Os homens, felizes cantam
a fartura que plantam.
As mulheres cozem na cabana,
os filhos correm na savana.
A união hílare e pulsante
faz a vida deleitante.
Fincados no torrão querido,
um povo forte e divertido,
não imagina o destino
do despertar matutino.
Navios apoitados no costão
prenunciam sangrenta invasão
por biltre corja de insanos
a insontes seres humanos.
Atos de selvageria,
extirpam do povo a alegria.
Arrancam filhos dos pais,
separam jovens casais.
Eliminam debilitados,
agrilhoam avantajados,
atirados em fétido porão,
Clamam por explicação.
Os navios singram oceanos,
levam irmãos africanos,
deixam uma dor terebrante
e imutável história aviltante.
Essa nódoa tirana
seguirá a raça humana
como exemplo de maldade
por toda a eternidade.
Não se apaga a vergonha.
A desculpa é tardonha.
O que sobra como apoio,
é o trigo separado do joio.
Esse trigo de boa semente
trava luta perenemente
pela reconciliação universal
num erterno amor fraternal.
24/08/99
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