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Roteiro_de_Filme_ou_Novela-->PODERIA SER DIFERENTE PARTE 02 -- 08/07/2002 - 14:21 (LUIZ CARLOS LOCATELLI) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

SEQ. 06: INT. RUÍNAS. DIA.

Cena 15:

RAPAZ:
Pô meu, aí oh, chocante. Legal paca. Isso é que é história

SILVIA:
Só eu sei o que passei aqui. Adaptar-me com a nova e frustrante vida. A primeira conversa séria que tive com o meu pai me lembro como se fosse agora.

CORTE:

SEQ. 07 –EXT/ RUÍNAS/ TARDE. ( 2.30 M )

Silvia e Antônio caminham pelas Ruínas.
O mendigo está ao longe olhando.

ANTÔNIO:
Ainda bem que os pedaços de encerado deu pra gente levantar nossa cabaninha.

SILVIA:
Pai, de uma olhada em tudo e reflita comigo. (pausa) Veja no que transformamos. É doloroso estar aqui. Saber que não teremos mais aquelas mordomias, caímos em desgraça. Perdemos nossa identidade. E saber que tudo Podia ser diferente...

ANTÔNIO:
Se as pessoas olhassem mais no fundo do próprio coração, ou procurasse sentir na própria pele os problemas alheios.? É por isso que estamos aqui. É uma prova. Se pelo menos ela tivesse aqui.

SILVIA:
Já faz tanto tempo. Nem me lembro do seu rosto.

ANTÔNIO:
Há como ela nos fez e nos faz tanta falta... Uma hora dessas deve estar servindo de esterco para os outros pisarem.

SILVIA:
Não fala assim, ela é minha mãe.

ANTÔNIO:
(ascende um cigarro)
Você não sabe como foi difícil chegar naquela casa de recuperação de alcoólatras, e descobrir que ela havia fugido com outro igual a ela. Senti-me um lixo. Um tapete velho, que só serve para ser pisado em dias de chuva. Foi aí que começou minha derrocada. Beber para me igualar a ela.

(RUÍNAS – TEMPO ATUAL)

RAPAZ:
Cara,acho que você tá alugando a minha humilde cachola . Quando que uma bisca... (tapa a boca) como tu, um dia foi tudo o que me disse, e depois caiu nessa? Diga-me, como? Fala mais. Fala da sua primeira vez...

SILVIA:
Primeira vez? Primeira vez em que? Eu já tive tantas primeiras vezes, que me transformei numa expert em primeira vez. Mas uma primeira vez que eu me lembro bem, foi quando aqui cheguei e fui parar num colégio dominado por umas velhas chatas. Um local de crianças abandonadas.

(Em off). Uma freira de cara ruim aponta o dedo para a câmera, faz gestos e a câmera vai abaixando. Na seqüência, Silvia está de Castigo num canto da sala.

SILVIA:
E foi assim até a oitava série. O pior foi quando entrei para o segundo grau. Novo colégio, novas turmas, tudo novo.

CORTE.

SEQ. 05 – EXT/INT/EXT/ESCOLA/DIA. ( 4.30 M )

Silvia entra de bicicletas dentro do colégio, da de cara com o Capanga do Gordo.
Um carro preto está parado mais ao longe.
O mendigo também observa tudo.
O Capanga segura no guidão da bicicleta e diz:

CAPANGA:
Cuidado por onde anda, gatinha. O Pitt-bull aqui pode te devorar.(faz sons e gestos com a boca, imitando um cão.)

SILVIA:
Desculpe-me, eu não vi o Senhor. (tenta sair).

CAPANGA:
Deixa de formalidades. E porque a pressa? O dia mal começou. (segurando a bicicleta.)

SILVIA:
É que eu já estou atrasada.

CAPANGA:
A gente se vê. (solta ela).

Silvia sai correndo, bota a bicicleta no estacionamento. Enrosca-se toda para trancar a bicicleta. Sai andando para dentro das salas de aula. Silvia olha para trás. Vê o capanga que a observa de longe. O capanga faz os mesmos gestos de antes, imitando um cão. Silvia vira-se rápido e entra de uma vez.

CORTE:
Silvia procura no corredor o número da sua sala. Anda rápido.
Ao encontrar. Sala 13. Silvia abre a porta e entra.
Passa direto e deixa a porta aberta.
A sala toda está olhando para ela.

CARLA:
Está deixando o rabo.

SULA:
Deve ser muito comprido.

Os restantes da sala riem dela.
Silvia está muito nervosa.
Silvia olha para a turma, para a professora, em seguida, volta e fecha a porta.
Vira-se encostada na porta.

SILVIA:
Onde posso ficar?

KATIA:
Se quiser pode ficar aí mesmo.

Risos da sala.

ALUNO 1:
Ou pode sentar no meu colo, fofinha.

ALUNO 2:
Há não, isso é covardia. Então vamos disputar no par ou impar.

ALUNO 1:
Feito. Eu jogo par.

ALUNO 2:
Um, dois e.... (os dois jogam)



ALUNO 1:
Seis. Ganhei. Vais ter que sentar no colo do papai aqui. Pode vir.

PROFESSORA:
Olha a palhaçada. Querem fazer o favor de deixarem a menina em paz.

CARLA:
Parece um bicho do mato.

ALUNO 1:
Ela não é um animal, é um minério. Um verdadeiro diamante

SULA:
Parece uma coelhinha acuada, coitadinha.

ALUNO 2:
Ela é sensacional. Deve ser virgem.

Silêncio geral.

PROFESSORA:
Senta-se naquela carteira e esqueça essas brincadeiras.

SILVIA:
Obrigada.

PROFESSORA:
Agora que ela já está se acomodando, vamos voltar à nossa aula. É Silvia, não é, seu nome?

SILVIA:
(vira-se)
Sim Senhora.

Todos riem.

PROFESSORA:
Senhora é a sua... (acalma-se) não me chame de senhora, por favor.

SILVIA:
Sim Senhora (sarcástica).

Risos geral.

ALUNO 1:
Tô gostando dela. A propósito, meu nome é Gustavo.

ALUNO 2:
E o meu é Fernando.

PROFESSORA:
Silvia, por favor, me diga quantos ossos existem no seu corpo?

SILVIA:
No meu? Não sei. Nunca contei..

PROFESSORA:
Em que tipo de escola você estudava menina? Nunca te ensinaram Ter educação, não? Há já sei, estamos no reino animal, racional, e você não pertence a esse mundo.? Não é?

SILVIA:
(nervosa)
Olha aqui. Acho que tão me achando com cara de palhaça. E isso eu nunca fui, não sou e nunca serei.

Silvia sai andando rápido pela porta, ficam todos calados.
Aos poucos, eles vão soltando o riso e riem muito.
Sara, outra aluna, olha séria para os colegas.

ALUNO 1:
Você sabe quantos ossos tem no corpo humano? Alguém aqui sabe?

ALUNO 2:
No dela? Eu não sei. Nunca contei. Mas adoraria contar. Deixa professora?
Mais risos.

CORTE.

Silvia sai apressada no corredor, ao virar numa esquina de salas, tromba com Lucas que vem entrando. Cai todo o seu material.
Lucas se abaixa e pega. Levanta-se mirando o corpo dela, até chegar nos olhos.

LUCAS:
Olá? Meu nome é Lucas. Prazer.

SILVIA:
(paralisada)
Silvia, Encantada. (estende a mão).


LUCAS:
Você é nova aqui, pelo que pude perceber?

SILVIA:
É, você não é o primeiro a perceber isso.

LUCAS:
Sabia que você é linda. Teria coragem até de me casar com você.

SILVIA:
( volta a si)
Eu também, digo, quer dizer... me desculpe. Não sei o que estou dizendo. Olha já vou indo. (saindo)

LUCAS:
(segue-a)
Quero ficar com você.

SILVIA:
(tropeça, quase cai)
Pensaremos nisso. (sai para o pátio. Diz para si) Meu Deus, o que estou fazendo?

CORTE:

TOCA-SE O SINAL DA ESCOLA.

Os alunos começam a sair para o pátio.
Silvia se encaminha para o lado da bicicleta.
Sara, Carla, Katia, Sula, Gustavo e Fernando correm ao seu encontro.

SARA:
Silvia, Silvia. Viemos falar com você.

SILVIA:
Não tenho nada a falar com vocês.

SARA:
Calma garota. Só viemos lhe pedir desculpas.

SILVIA:
Porque? Por me insultarem? Há aquilo foi apenas boas vindas...

Os amigos se olham.

SILVIA:
Oras bolas. Tenho mais o que fazer. (vai saindo)

SARA:
Não seja tão infantil. Você está certíssima. Aquilo era só um trote. É claro que não somos tão idiotas assim.

ALUNO 1:
Feliz agora?

ALUNO 2:
Não está mais de mal com a gente?

SILVIA:
Ufa.

CARLA:
A propósito, o meu nome é Carla. E para que esse mal estar fosse esquecido de vez, queremos marcar um pique nique, que tal?

SILVIA:
Mas é que eu...

SULA:
Não se preocupe com nada. Deixa os preparativos com a gente. você vai adorar.

CARLA:
Vou levar camisinha e baseado.

ALUNO 1:
Camisinha, oba! Vai ter sexo.(todo contente)

SILVIA:
Eu não posso.

Silêncio total.

KATIA:
Claro que pode. Só depende de você. Você é sua própria dona. Precisa conhecer novos lugares, fazer novas amizades. Há , eu sou Kátia.

CARLA:
Novos hábitos de vida.

SULA:
Uns gatinhos. Pode me chamar de Sula.

Os dois alunos fazem pose.

SILVIA:
Está bem ,quando?

SARA:
Sábado, no lago escondido

SILVIA:
o lago escondido. Eu sei onde é. Combinado.

ALUNO 1:
Legal.

ALUNO 2:
Vai ser muito bom.

SULA:
Agora pegue as suas coisas, e vamos voltar a sala.

SILVIA:
Está bem.

KÁTIA:
(SAINDO)
Ei, A propósito, alguém sabe me dizer quantos ossos temos?

SILVIA:
A propósito, temos 308.

Vira-se para entrar e percebe que o capanga está do lado de fora, meio corpo sobre o muro olhando.

ALUNO 1:
Vamos.

CORTE:

Antônio está num banco de praça com um jornal na mãos, procurando emprego no caderno Classificados.

Sara em off.

SARA:
Antônio já havia experimentado o gosto da primeira vez como empregado. E não foi nada bem. Por várias vezes ele foi demitido, não se ajustava à nova realidade. E nos jornais, nas agências,(aqui Antônio caminha por uma Rua) nas ruas Antônio tentava encontrar uma solução...



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