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cronicas-->MOBILIDADE SOCIAL -- 18/09/2001 - 11:44 (Fernando Antônio Barbosa Zocca) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Meu pai foi comerciante. Era proprietário de um barzinho de esquina naquele bairro distante. Antes mesmo que eu completasse dez anos ele formou-se em contabilidade e passou então a gerenciar o departamento correlato de empresa significativa.
Durante seu tempo na companhia notou-se estranhamente que seus sócios proprietários enriqueciam ostensivamente enquanto que a firma em sí declinava na posse da boa saúde financeira.
Meu pai fazendo ouvidos moucos para os comentários deselegantes tratou de cuidar da segurança de sua família. E adquirindo uma casa ali mesmo no local perto do seu antigo bar, reformou-a. Construiu inclusive uma piscina nas bordas da qual eu e meus considerados colegas e puxa-sacos contumazes queimávamos umas carnezinhas durante os finais de semana, regados sempre com muita cerveja e claro estrepitosas canções.
Bom, o meu primeiro casamento não deu muito certo.A doidivanas com a qual me casei arrumou-me um chapéu de touro. Tal fato impedia-me de até mesmo assistir a rodeios. É que os bois e animais que ali eram montados evocavam em mim a nebulosa condição de corno.
Precisei consultar psicólogas e médicos psiquiátras. A doutora sugeriu uma linha terapêutica que a princípio me arrepiou os cabelos. Ela queria que eu simplesmente deixasse de evitar todas as figuras evocativas da minha categoria de traído.
Assim, passei a frequentar festas de peão e boiadeiro.Aprendí inclusive a cantar músicas relacionadas com a temática.
Foi nesse período que me surgiu a segunda mulher. Ela havia acabado de perder seu marido e, estava digamos, saindo do seu estado tenebroso de viuvez.
Passamos a morar juntos. Conseguimos amealhar durante alguns anos grande quantidade de bens materiais. Sua função na sociedade era de muito prestígio e na realidade ela era bastante competente.
Nossas vidas estavam praticamente estabilizadas. Até que as filhas da minha consorte, frutos do seu primeiro casamento, adolescentes, começaram a frequentar nossa casa. Vinham acompanhadas de outras mocinhas bonitinhas, mas não ordinárias.Eram verdadeiras tentações.
A resistência e a contenção dos atos desabonadores induzidos pela luxúria estavam cada vez menos enfáticos. Quebravam-se os grilhões e a sedução encontrava caminho desimpedido nas tardes modorrentas dos finais de semana quentes.
Com minha càmera portátil levíssima pude filmar escamoteadamente todas as candidatas a ninfetas e modelos na exuberància de suas formas juvenis.
À noite exibia as cenas para mim mesmo. Fazia-o as escondidas. Não queria que ninguém soubesse que continha e possuía imagens capazes de provocar verdadeiras comoções em usuários das páginas de sexo na Internet.
Até que um dia depois de um assédio mal sucedido e denunciado, me vi descoberto.Daquele momento em diante a desonra se apoderou de mim. Apesar de cantar a plenos pulmões minhas canções e dedilhar
com certa maestria meu teclado musical,a vergonha que sentia me levou a negligenciar meu trabalho.
Minha companheira não me dirigia mais a palavra e fui ficando assim como direi, no gelo.
Pude perceber que a frequência dos amigos na minha casa deixou de ter aquela alegria que sempre tinha. A nódoa do fato estava presente na consciência dos circundantes apesar de ninguém mencionar os acontecimentos abertamente.
Foi dai então que tudo começou a descer. Assim como água em ladeira abaixo e fogo em morro acima, foi impossível segurar aquela verdadeira descensão social.
Hoje com a minha carriola de apanhar papelão caminho pelas ruas na caça das latinhas de cerveja e embalagens dos produtos que outrora consumia despreocupadamente.
E quando penso que cheguei a ter dois carros novos na garagem arrepios eriçam-me os pelos que logo tento derruir com mais algumas doses de pinga.
Desse modo vivo e deixo viver.E não quero mais saber de o mal desejar ao próximo.
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