Lendo o artigo da médica veterinária Cristiane Fendrich pelo sítio do Jornal Minas do Sul, que me gera ânsia, ao mesmo tempo dou como sacramentado esta Era como tempos de banalização e de vulgarização. O país não só, como o mundo, vive em tempos em que a melhor coisa a ser feita é a ocorrência de uma catástrofe universal, banindo de uma só vez essa estúpida e maléfica raça humana. Seja em qualquer campo da humanidade tudo que se vê é destruição, pavor e outras coisas piores. Não temos ética, quiçá moral. O ser humano chega em pleno século XXI mais maldoso, mais malicioso, mais mal-educado, mais sem solução alguma. Onde nós, em quanto seres humanos, deveremos parar?
O que se esperar de filhos de pais sem educação? O que se esperar de crianças que em suas casas só tem exemplos pérfidos? Eu como ser vivente já não espero nada. Sei que o problema maior está concentrado na pessoa humana. Pensávamos que os problemas eram originados pelos sistemas em que as comunidades viviam. Mas o que são os sistemas se não resultados da inveja, do egoísmo e do terror humano.
Ao contrário do espanto que nossa veterinária teve ao ver moleques chutando um pobre animal indefeso eu não me sensibilizo mais com quase nada. O ser humano é assim. Essencialmente mal. Nossa sociedade moderna é o próprio inferno na terra. Uma sociedade injusta e que se vangloria do caos que ela mesmo provoca.
Não sei se algum leitor do Minas do Sul teve a oportunidade de assistir ao filme Dogville. Mas se puderem assistir, o assistam. Um filme que consegue muito bem registrar o quanto o ser humano é podre por dentro e belo por fora. Qualquer comunidade, seja ela habitada por uns parcos seres ou por um milhão, será a mesma.
Não importa se moramos em São Paulo ou em Cachoeira de Minas. Qualquer comunidade causará imensas dores em cada um de nós, individualmente. Tento às vezes conseguir ter o otimismo do Cony, que mesmo sabendo das barbáries humanas, não deixa de acreditar na pessoa humana.
É triste ver, ouvir e ler que crianças foram capazes de praticar o que há de mais maldoso: agredir um animal indefeso. Mas isso sempre ocorreu e sempre ocorrerá. Isso faz parte do ser humano. Desde pequenos, meninos e meninas, treinados para virarem homens e mulheres sem escrúpulos.
Tirando algumas raras exceções registradas na história, a grande maioria da humanidade é boçal, é fétida, é metida e covarde. Atos de violência e depravação correm dentro das veias humanas. Só se diminui a intensidade e o grau em que ela é aplicada. Pessoas de carne e osso querem atingir o sucesso, a fama, a riqueza material das maneiras mais ilegais, imorais e sem éticas possíveis. O ser humano em si só não aceita que pensa assim, mas age, o que é pior.
O retorno do talentoso Ripley, mais um filme americano desta safra de 2004, é a síntese do que é realmente o ser humano. Logicamente que a maioria das pessoas não tem competência como têm o personagem deste filme, mas em resumo podemos definir os anseios dos seres humanos daquela forma.
Para concluir, o que não gostaria de fazer por que esse tema não tem fim, parabenizo a reação assustada que nossa amiga veterinária teve. Afinal, ela ainda acredita que os problemas são gerados alheiamente aos seres humanos, o que realmente não é verdade. A culpa é nossa. A única coisa a fazer neste caso é pedir que os pais destas crianças percebam o quanto não estão ensinando nada. O quanto estão caminhando para que seus filhos se tornem um destes adolescentes e depois homens que não respeitam nada, absolutamente nada.