Estás aí sentada,
pensativa,
em velha e rústica cadeira,
madeira e palha,
quase uma tralha,
esta relíquia em tua soleira.
Há soberba em teu corpo,
porém singelo,
uma palma sob o queixo,
outra no cotovelo,
decote generoso (nem tanto),
o cabelo em singular desleixo.
Quase uma excentricidade (?),
as pernas sobrepostas,
joelhos à mostra,
o exato reverso da vulgaridade.
Denunciando teu pasmo pensar,
estas pérolas negras que nada fitam,
pois estás tão somente aí,
sentada, neste elegante ficar.
AdeGa/98
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