Cursava o segundo grau e, tomado pela curiosidade, quis saber do professor Fernando qual era a diferença entre conto e crónica. "Veja bem, meu caro..." Ele deu lá uma explicação que não elucidou minha dúvida. Mas bem que se esforçou. Outra vez, perguntei para uma professora por que a moeda de um país valia mais do que a outra. Também fiquei sem resposta. Ainda no campo do ensino, Dona Clóris (é isso mesmo, Clóris) afirmou para o meu amigo Zé Fernandes que era preciso saber latim para justificar a grafia de cobiça. "Por que não é com dois esses?" - queria saber o Zé.
Acho que a humanidade só evoluiu por causa dos chatos. Provavelmente Thomas Edson foi um pentelho de marca maior. Do tipo que não se contentava com evasivas e omissão. Devia encher o saco do seu interlocutor ou corria, sozinho, atrás das respostas. Meu pai dizia que tudo tem explicação, mesmo que ela - a explicação - ainda não seja conhecida. E é aí que os gênios, os revolucionários e os gurus entram em cena. Não sossegam enquanto não tiverem justificativa para tudo. Pode ser. Pode não ser.
- Pai, por que vai ter guerra? - quis saber minha filha de nove anos.
Fechei o jornal e, por alguns poucos segundos, vasculhei a mente atrás de uma resposta convincente. Não encontrei.