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Roteiro_de_Filme_ou_Novela-->PODERIA SER DIFERENTE PARTE 04 -- 08/07/2002 - 14:24 (LUIZ CARLOS LOCATELLI) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
SEQ. 08 EXT/LAGO/DIA ( 4.30 M )

Sol está bem alto.
Faz se uma panorâmica, saindo do sol e abaixando para a reta da estrada que dá acesso ao Parque. Um carro de cor vermelha ou azul, vem em alta velocidade.
Os seus ocupantes vem fazendo algazarra.
O carro chega num ponto determinado, dá um cavalinho de pau e para.
Descem do carro, Os dois Alunos, Sula, Carla e Katia. Estão todos segurando algum tipo de bebidas nas mãos.
Fazem uma algazarra danada ao descerem do carro.
Carla sai correndo e rodando em volta, dá de cara com o abismo do lago. Se assusta e fica paralisada por uns instantes. Os outros percebem a situação correm até ela.
Carla apenas aponta para baixo e começa a desmaiar.
Os outros a seguram e a levam para debaixo de uma bica de água.
Jogam água na cabeça de Carla, ela acorda assustada.

CARLA: (bêbada) Parece que tá chovendo... I, tá mesmo.

As pessoas saem andando para o lado.

ALUNO 1: Será que Silvia não vem.

ALUNO 2: Acho que nós esquecemos ela lá. (riem)

ALUNO 1: Nem por lá passamos.

SULA: E Sara, porque não veio?

CARLA: Eu é quem vou saber. Para mim, não faz a mínima diferença, ela é uma caretona mesmo.

Silvia chega de Bicicletas

ALUNO 1: Pronto aí está a nossa convidada..

SILVIA: (está linda) Esperei lá na praça por mais de uma hora. Ninguém apareceu, dei um jeito. Tudo certo com vocês?

Os dois meninos caem paralisados no chão.
Carla fala como repórter.

CARLA: Estamos falando diretamente do Lago Encantado em Bird Word, e vamos entrevistar uma jovem que acaba de chegar. Senhorita, como se sente sendo a responsável pelo desmaio frescurótico desses dois pervertidos?

SILVIA: Frescurótico?

CARLA: É. Uma junção de frescura com erótico.

SILVIA: Eu me sinto lisonjeada.

CARLA: E você meu jovem mancebo, que acaba de abrir o olho após alguns segundos fora do ar. O que sentes?

ALUNO 1: (dá um pulo, sai correndo e gritando) Tesão. Pura tesão. Há como é maravilhoso sentir tesão. (vai até Katia) Você deveria sentir tesão, quer sentir tesão comigo?

KATIA: Sai pra lá, você nem empenujou ainda.

ALUNO 2: (acordando) Aí ó, ele exagerou. Falou? Perdi a minha.

CARLA: E assim termina mais um programa, “SUAS PERNAS É O MÁXIMO”.

SILVIA: Aqui todo mundo é louco assim?

SULA: Só de um lado.

KATIA: Do lado de fora.

Riem um pouco e Carla fala.

CARLA: Vamos procurar alguma coisa para fazer.

Cada qual pega alguma coisa e saem andando enfileirados.
Encontram com brinquedos. Corda, cavalos. Eles brincam com tudo. Depois caem sentados.

CORTE:

Chegam embaixo de uma bela árvore, uma boa vista e param.

Arrumam o lugar para fazerem o lanche.

CARLA: Vejamos o que eu trouxe: Maconha, Wisque, Revistas de homens Pelados e...

ALUNO 2: Homens pelados?

CARLA: Claro.

ALUNO 2: Pô, aí num dá meu. Perdi o tesão novamente. (cai)

CARLA: E camisinha, que é o mais importante.

ALUNO 1: Oba, vamos ter sexo.

KATIA: De graça pra todo mundo.

SULA: Calma gente, assim vocês assustam a menina.

SILVIA: Vim do mato mas não sou boba..

ALUNO 2: Eu trouxe um rádio, cervejas, cervejas e mais cervejas. E para completar.

TODOS: (em coro) Cerveja.

ALUNO 1: (Para Silvia) Pega uma aí. E não nos faça desfeitas. Hoje a canoa vai virar.

Silvia pega uma cerveja, abre a toma um gole.
SILVIA: Hum, Essa é das boas, e está no ponto. Desce escorregando.

ALUNO 1: É isso aí, ela é das nossas.

Silvia toma outro gole.

CORTE:

Aos poucos eles se juntam e fazem um brinde jogando Silvia para cima e gritando:

TODOS: Silvia, Silvia, Silvia.

Eles colocam Silvia no chão, e brindam um a um. Depois todos de uma vez.
Aqui eles batem as latas, tomam um gole, mostrar o sol mais baixo.

CORTE:

Há um monte de latas no chão. O aluno 1 tenta equilibrar. Faz uma pia.
Carla fuma um baseado mais ao longe.
Silvia observa Carla, mas fica com os meninos.
O aluno dois, tira a calça e solta um pum, derrubando as latas.
Sula ascende um fósforo.
Todos vão dizer não, mas não dá tempo.
Há uma explosão no local, caem todos para trás.

CORTE:

Num canto o Aluno 1 faz carinho em Carla.
O aluno 2 tenta beijar Katia, que sai andando brava. Somente expressão.

CORTE::

Aqui estão os seis fumando maconha num enorme cachimbó da paz. Passam um a um.

ALUNO 1: Eu queria que o mundo fosse quadrado.

ALUNO 2: Eu queria que o mundo acabasse em mulher pelada..

SULA: Eu queria que o mundo fosse um barril de Wisque.

CARLA: Eu queria que o mundo fosse recoberto por uma camisinha.

KATIA: E eu queria que o mundo acabasse em flechas, para que eu pudesse morrer pelo cupido.

SILVIA: (mostrando a maconha) Há, e eu queria que o mundo continuasse assim. Cheio de surpresas misteriosas. (da uma tragada)

Todos aplaudem.
Ouvem o bater de palmas de uma outra pessoa.
As palmas são batidas lentamente.
Todos se viram para Sara que acaba de chegar

SARA: Meus parabéns. Vocês são demais. Vocês são os melhores anfitriões que uma jovem podia ter. Sabem de uma coisa, eu queria que o mundo acabasse em vergonha, para que vocês pudessem ter um pouco na cara. Vejam só o que estão fazendo.

SILVIA: Calma colega, isso aqui é demais. Fosse eu de você experimentava também.

SARA: E você acaba de decepcionar pela primeira vez. Espero que seja a última. Parecia uma santinha.

SILVIA: Parecia. Fachada, pose, tipo, medo.

SARA: E agora, burrice? Vamos embora daqui antes que chegue a polícia. O mal cheiro já está chegando lá na cidade.

ALUNO 1: I, a Dona Pirou...

ALUNO 2: Tá doidona meu?

CARLA: Viajou na Batatinha.

SULA: Fodeu a bagaça..

KATIA: Sempre tem um para estragar tudo...

Levantam devagar e reclamando, e se encaminham para o lado do carro.
Silvia fica para trás. Sara está mais ao longe olhando para Silvia.
Silvia fica olhando para Sara, e Sara para ela.

CORTE:

SARA EM OFF.

SARA: Aquele olhar de Silvia tinha algo de diferente,
Parecia que ela me pedia socorro.
Mas eu não compreendia ainda a gravidade do problema,
O significado daquilo tudo.

RUINAS TEMPO ATUAL:

Silvia olha fixo para a câmera, aos poucos ela passeia e fica de perfil, mostrando o rapaz em primeiro plano, desfocado, e Silvia continua falando em foco.

SILVIA: Naquele dia eu tentei pedir ajuda, mas minha coragem foi muito menor que o medo. Eu sabia que fazia coisas erradas e começava a causar um enorme problema para mim mesma. Talvez irreversível. (perfil) Ninguém soube me ouvir, ou foi eu que não soube gritar... Talvez porque passavam pelo mesmo problema. Ou não entendiam a gravidade do meu.
SARA NO TEATRO, MOSTRANDO SOMENTE A BOCA.

SARA: A coisa mais triste para uma pessoa é saber que está fazendo algo de errado, e não conseguir controlar seus impulsos.

RUÍNAS TEMPO ATUAL.

Silvia da uma tragada forte, tosse muito.

RAPAZ: Vai devagar aí meu. Assim você não vai conseguir voltar para o lar.

SILVIA: (meio que em pensamento) Voltar para o lar... essa é boa. (pergunta) Voltar para o lar? (traga)

RAPAZ: I I I, olha aí. Eu nem sei o caminho da sua casa.

SILVIA: (fica brava) É fácil falar em lar para você? Vamos parar com esse assunto. Não quero mais falar da minha vida. Aqui é meu lar.

RAPAZ: Ei, não adianta ficar assim. O que foi feito, já foi feito. O que foi dito, já foi dito. Agora é tarde para lamentar.

Silvia cheira Coca num espelho.

SILVIA: (começa a rir como uma maluca) Estou vendo coisas. (aponta com o dedo) Olha lá um ET. (desmaia).

RAPAZ: Chi. A vadia vai empacotar, eu vou é embora daqui. Já trouxe, onde ela pediu mesmo...

O rapaz sai andando meio cambaleando, e Silvia fica lá desmaiada.

CORTE:

SARA NUM BANCO, MEIO CORPO.

SARA: Até que tentaram formar um lar, na nova casa. Duas peças cedidas pela Prefeitura e um pouco de móveis doado por uma entidade assistêncial.

CORTE:

SEQ. 09 – INT/EXT/CASA/DIA. ( 4.30 M )

É manhã. Silvia acorda com as cantorias do mendigo pelo lado de fora.
É uma casa que fica nos fundos de outra. Para entrar é necessário passar por um corredor.
O mendigo canta lá na rua. Ouve-se de longe.

MENDIGO: Hoje é Domingo, pede cachimbo. O cachimbo é ouro, bate no touro. O touro é valente, bate na gente. a gente é fraco, cai no buraco. O buraco é fundo acabou-se o mundo.

O mendigo repete isso por várias vezes. Cantado de várias formas.
· Silvia Levanta-se devagar, ouvindo a cantoria. Ela está toda “quebrada”, com muita dor no corpo. Aos poucos ela se encaminha para a janela.
· Abre a janela devagar. E observa a evolução do mendigo que canta. Ele corre, pula, salta pneus, etc.
· Silvia olha o mendigo por alguns instantes, balança a cabeça e fecha a janela.
· O mendigo para a correria e silencia. Fica olhando para a cabana, e fixa o olhar na janela. Dá-se um zoom e fecha na janela, em seguida volta a correria cantando.

CORTE:

ANTÔNIO: O que esse imbecil está fazendo aqui? Pede para esse idiota parar com essa barulheira. Hoje é Domingo e quero dormir até mais tarde.

SILVA: Deixa o homem em paz. O senhor se esqueceu de que fomos nós, que invadimos os território dele lá nas Ruínas? ( enquanto isso, coloca uma roupa comum, se apalpa, olha no espelho, tem nojo do que vê, sai para a cozinha)

O pai dorme num canto da cozinha.
Silvia vai no outro canto, onde vê uma torneira instalada.
Silvia olha para o pai, depois para a torneira.
Silvia abre a torneira. Sai água para todo lado.
O pai começa a falar alto depois abaixa o tom.

ANTÔNIO: Filha, não mexa na torneira que...(fala baixo) Que eu ainda não terminei.

SILVIA: (BRAVA) Veja o que essa porcaria fez comigo, me molhou toda.

O pai que já está de pé, começa a concertar o cano.

ANTÔNIO: Calma. É só água não faz mal. Você não queria? Aí está.

SILVIA: E de onde vem?

ANTÔNIO: Da Cia. É gato. Água furtada.

SILVIA: Isso não vai dar certo.

ANTÔNIO: Ninguém precisa saber.

SILVIA: (entrando no quarto) Vou trocar de roupa, assim não posso ficar. (sai)

O pai continua concertando o cano.

MENDIGO: (só voz, do lado de fora) Água roubada. Ele fez um gato. Água furtada, uma moeda por um versinho. A água vai ser cortada.

O pai deixa o cano que já está pronto, vai até a porta. Abre-a e grita.

ANTÔNIO: E eu vou cortar a sua língua, mendigo retardado. (diz e vai fechando a porta)

MENDIGO: (de costas) Retardado é a mãe.

Antônio volta para trás. E presta mais atenção.

MENDIGO: Água roubada. Ele fez um gato. Cuidado com o funcionário da Cia.

ANTÔNIO: (grita) Cala a boca idiota. (sai com eco.)

Antônio vai fechar a porta novamente.

MENDIGO: Eu só queria uma...

ANTÔNIO: (voltando) Uma moeda por um versinho. Está bem, venha buscar. E pare de me encher os picuá.

O mendigo que já estava saindo de cabeça baixa, volta correndo com um cartão nas mãos.
Entrega o cartão a Antônio, pega a moeda e sai pulando.

MENDIGO: Hoje é Domingo...

Antônio balança a cabeça e fecha a porta dizendo para a filha.

ANTÔNIO: Ele é um crianção.

Antônio leva um grande susto ao deparar com a filha vestida com uma micro saia e uma blusa bem curtinha.

ANTÔNIO: O que é isso? Onde você pensa que vai assim?

SILVIA: A lugar nenhum.

Antônio, dá uma volta em Silvia. Observa-a devagar.

ANTÔNIO: De onde vieram essas roupas?

SILVIA: (disfarçando) Eu ganhei.

ANTÔNIO: Ganhou? De quem?

SILVIA: Da minhas amigas da escola.

ANTÔNIO: Por aí se vê que tipo de amigas você arranjou hein?

SILVIA: Há pai, elas são legais. Até já estão me fazendo esquecer pelos problemas que passamos.

Antônio vê manchas nas pernas dela, se abaixa...

ANTÔNIO: E isso, de onde vem?

Antônio levanta-se devagar e fica olho a olho com Silvia.

ANTÔNIO: Você Andou bebendo?

SILVIA: Não pai, claro que não.

ANTÔNIO: Silvia, não minta para mim. E esses olhos avermelhados?

SILVIA: Sei lá pai. Deve ser reflexo.

ANTÔNIO: Está me chamando de idiota? Além de beber, você andou fumando maconha, não foi?

SILVIA: Não.

ANTÔNIO: Quanta ingenuidade garotinha! Tem um corpo de mulher feita, mas ainda é uma criança. Lembre-se de que eu já passei por tudo isso, portanto eu sei o que falo. Melhor parar com esse vício no começo, antes que seja tarde.

SILVIA: (sai andando pela cozinha) Olha quem fala. Um senhor de 45 anos. Cabelos grisalhos e marcas no rosto feitas pelo tempo. Isso indica o máximo da maturidade. Portanto é um adulto feito. (ira-se) Feito de que? De miolo mole. De burrice. Não passa de um projeto de homem que não deu certo. Não vive sem o maldito jogo. Não bastou perder toda riqueza material que tinha, agora está perdendo o caracter, a vergonha. O que mais ainda tem para perder?

O pai vai mudando sua expressão facial, irando-se.

SILVIA: É, esse homem vem me dar conselhos. Não passa de um descontrolado. De um doente. Vê se enxerga-se. (enfoca) Meu pai.

Antônio apenas vira-se e dá-lhe um tapa com muita força em seu rosto.
Silvia cai para trás, levanta-se devagar, sem dizer nada. Bate as roupas, olha-o, limpando a boca que sangra.

ANTÔNIO: Me perdoe, mas eu ainda sou seu pai.

SILVIA: Não será mais. (saindo para o quarto).

ANTÔNIO: Minha filha, venha cá.. (vai atrás dela, entra no quarto)

Silvia passa batom na boca.
Está se arrumando novamente.

SILVIA: Sai de perto de mim seu porco imundo. É por isso que a mamãe bebia? Tanto que chegou até fugir com outro. Tinha nojo do senhor?

ANTÔNIO: Filha, você não sabe de nada. A história não lhe foi contada por inteiro.
Silvia coloca um shorts bem curo por baixo da saia. Depois tira a saia por cima.

SILVIA: O que é, tá me chamando de criança novamente? Pois vou lhe provar que não mais criança. Sei que vou me arrepender, mas preciso fazer isso. Eu tenho que fazer isso.

Silvia pega uma bolsinha, e sai andando apressada.

ANTÔNIO: Silvia, Silvia. Não saia desse jeito...(pausa) o que foi que eu fiz?

Silvia já está longe.
O mendigo olha a menina, depois o pai.

ANTÔNIO: O que foi, nunca viu?

Antônio fecha a porta e lê o cartão que o mendigo havia lhe dado, estava sobre uma caixa na cozinha.

ANTÔNIO: Tudo podia ser diferente, se ao cair da tarde no horizonte, o homem visse a bela fonte de riqueza tão singular.

CORTE COM FADE.

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