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Artigos-->Brizola, entre lutas e erros, uma defesa permanente do Brasi -- 23/06/2004 - 08:26 (Humberto Azevedo) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
É com tamanha tristeza que tomamos conhecimento na noite desta segunda-feira, 21 de junho, do desaparecimento de uma das maiores figuras políticas do país. Brizola em sua visão sempre nacionalista por muitas vezes se tornou incompreendido, por várias vezes cometeu erros políticos, mas nunca agiu de forma maniqueísta e covarde como agem a maioria dos detentores do poder, em sua grande maioria da direita udenista, que só querem do poder tirar proveito próprio e nunca emancipar o povo.

Brizola ao contrário de nossas elites financeiras e políticas que defendem sempre a dependência externa tentou por várias vezes quando governou o estado do RJ impingir a educação como prioridade absoluta de qualquer administração. O seu projeto idealizado por Darcy Ribeiro sempre foi jogado na lata do lixo quando deixava o poder.

Assim sendo, os governos de Moreira Franco (PMDB) e Marcelo Alencar (PSDB), destruíram por completo sua maior obra política, os CIEPS.

Para os políticos golpistas e originários da direita gosmenta que fabricaram os governos militares de 1964, Brizola era um lunático que se escondia no socialismo para promover revoluções e convulsões internas, radicalizando as negociações e causando medo. Essa é a definição que a elite porca e imunda do país tem de Leonel Brizola.

Quando vejo um José Sarney ou um ACM (Antônio Carlos Magalhães) proliferando homenagens póstumas ao velho caudilho gaúcho tenho vontade de vomitar. Pois esses dois tipos de lideranças foram sempre os responsáveis por manter o Status Quo de nossa elite ridícula nauseante.

Recentemente Brizola cometeu mais um de seus erros políticos, quando se aproximou de lideranças asquerosas como por exemplo o senador catarinense Jorge Bornhausen do PFL. Mas isso não tira a história, a independência, a honradez deste homem público que pode ser acusado de várias coisas, mas de nunca ter traído o seu país ou de ter praticado corrupção em um país que tem em suas veias a epidemia dessa doença genética e hereditária que tanto maltrata o país e sua gente.

Leonel de Moura Brizola morre aos 82 anos em um momento em que a esperança de conseguirmos a independência financeira de nosso país se esvai nos bueiros do globalitarismo. Brizola era um político que não tinha vergonha de dizer: Eu errei! Tinha coragem para denunciar todos os tipos de armações que nossas autoridades realizavam para manter o povo na eterna ignorância.

Brizola era odiado pela grande maioria de nossos políticos conservadores, originários da direita golpista da UDN, que hoje com as maiores "caras de pau" prestam homenagens em busca de um pequeno espaço na mídia.

Quis o destino que Brizola deixasse sua pátria em um momento que um governo que era para ser o mais arrojado e popular de nossa história tornasse comprometido com a mesma elite que sempre nos governou e nos escravizou.

É pena ver que um líder popular de visão progressista e enraizado com as metas de democratização da sociedade e com o operariado nacional como é o presidente Luiz Inácio Lula da Silva seja vaiado no momento que entra no velório do colega e companheiro de lutas por um Brasil Melhor.

Lula não precisava passar por nada disso. Bastava ser um pouco mais ousado. Bastava ouvir um pouco o conselho de Brizola quando se apossou do poder. Poderia hoje Lula ser um líder tão forte que qualquer tentativa de golpe de desalojá-lo do palácio do Planalto por querer promover as grandes reformas que tanto o país precisa seria facilmente contido. Com certeza se Lula seguisse o que sempre pregou, ele teria Brizola como um aliado incondicional, que como em 1961 assegurou a presidência para Jango não falharia em ir para as fileiras e garantir a permanência de Lula na cadeira de presidente.

Brizola era assim. Muito controverso. Mas honesto. Nunca abandonou sua maior bandeira que era a educação. Lutou até o fim. Morreu sem ter realizado o seu maior sonho pessoal, o de ser presidente da república do país que tanto amou e defendeu em sua vida. Seus parceiros de política são exemplos de vida, de ética e de honestidade. Ao lado dele sempre estavam Darcy Ribeiro, Roberto D avilla, Gilberto Felisberto Vasconcelos, Oscar Niemayer, os ideários de Getúlio Vargas e João Goulart, Luís Carlos Prestes, Miro Teixeira, Ciro Gomes e alguns outros. Certamente que uma celeuma de políticos oportunistas se aproveitaram do velho Brizola e de sua escola, o brizolismo, para conquistarem o poder e dele o usufruírem sem pregar nenhuma das lições políticas que o brizolismo sempre defendeu. Essa lista de oportunistas é grande e podemos dela citar como exemplos: o atual prefeito do Rio de Janeiro César Maia, o ex-governador do RJ Marcelo Alencar, o presidenciável evangélico Antony Garotinho, a atual governadora do RJ Rosinha Matheus, dentre tantos outros.

Sua vertente era de defender com o máximo ardor o país das invasões de transnacionais, que tanto exploram nosso povo e nossa riqueza para dela aumentarem sua força e deixar o Brasil com suas migalhas.

Em São Paulo, Brizola nunca teve penetração, por que era herdeiro de Getúlio Vargas, o homem que humilhou São Paulo e a sua elite na época, os fazendeiros de café. E por isso se explica que ele nunca tenha chegado a presidência. Em São Paulo ele nunca teve receptividade nem por parte da elite que o temia e nem por parte do operariado que era cooptado por lideranças comunistas.

Mas mesmo assim o país nunca esquecerá o seu legado. O mesmo legado de Barbosa Lima sobrinho que sonhava com um Brasil livre das multinacionais, uma pátria livre, um país que tinha e tem tudo para se tornar a maior potência do mundo e que só não se torna por que a elite que sempre nos governou não nos acha capazes de tal feito.

Enquanto não rompermos com esse dogma que todas as autoridades que nos governaram com exceção de Getúlio Vargas e João Goulart, que nós somos uma nação que devemos exportar matéria primária e dependentes de outras nações, nunca esse sonho se tornará realidade.

Escrevendo sobre isso lembrei-me da leitura fundamental que todo brasileiro tem que ler e reler. "Japão - O capital se faz em casa". Uma obra pouco divulgada mas essencial para nós brasileiros. Escrita por Barbosa Lima sobrinho nos anos 30 é tão atual quanto moderna. Um livro de arrepiar e que dá vontade sair as ruas exigindo de cada brasileiro as aplicações de sua nacionalidade. De explicar que esse país vale a pena, que essa gente que habita esse imenso território precisa acordar e fazer dessa nação a maior e melhor de todas.

Brizola era e é isso. E para terminar escrevo que a morte de Brizola não pode significar também a morte do nacionalismo, a morte do sonho de ver essa pátria livre e soberana. Pelo contrário a morte de Brizola deve servir para renascer o sentimento de brasilidade em cada um de nós brasileiros. O mesmo sentimento de brasilidade que hoje parece estar meio adormecido. A morte de Leonel Brizola deve servir para que nós, povo brasileiro, vá as ruas e exija do Governo Lula o rompimento com esse dogma sempre aplicado por nossas autoridades que privilegia tudo o que vem de fora e que acaba jogando nossa gente nas periferias da nossa própria pátria. Vamos ressuscitar o nacionalismo e elevar esse país ao posto que ele merece, que nós, povo brasileiro, merecemos.



Humberto Azevedo

Jornalista no Distrito federal
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