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Artigos-->Brizola ,Já vai Tarde!!!!!!!! -- 25/06/2004 - 00:19 (x) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Vai roubar o dinheiro de quem agora seu Brizola???Será que o Diabo tem cofre ,nos quintos do inferno????



por Carlos Reis em 24 de junho de 2004



Resumo: Brizolla vive na memória deles; era uma bandeira, agora é um mito. Serão até capazes de lhe atribuir a salvação do Brasil, quando ela vier; e se ela não vier, dirão que ele fez falta!



© 2004 MidiaSemMascara.org





Brizolla não morreu! É isto o que estão dizendo. Brizolla, um grande brasileiro. Até foi; como Getúlio, com quem mais se pareceu em carisma; Perón, Evita; Tancredo, da nossa memória recente, mas também Hitler, Stalin, Lênin, outros que deixaram viúvas - questão de tão-somenos proporção.



Os relatos de sua vida são os relatos futuros que dele se fazem agora. Uma unanimidade em torno dele, pelo menos na mídia. Desde agora seus biógrafos populares andam a se comprometer em dizer dele belas coisas, coisas memoráveis que se repetirão e formarão um tipo santificado para todo o sempre, não fossem as testemunhas como nós.



"Nacionalista admirável", definiu Oscar Niemeyer; "com ele se encerra um tipo de político", disse outro prócer. À visão de seu caixão, uma popular idosa afirmou que com a morte dele a política, para ela, acabava. De fato, Brizolla vive na memória deles; era uma bandeira, agora é um mito. Serão até capazes de lhe atribuir a salvação do Brasil, quando ela vier; e se ela não vier, dirão que ele fez falta! Farão dele - já o fazem - o único, o maior, um grande estadista!



Estou muito à vontade para falar sobre Brizolla porque conheci seu ambiente, sua ecologia; e sua genética - Getúlio. Agora posso testemunhar do seu décor da década de 50-60 e me arriscar a dizer o que virá a se transformar em um mito. Um mito e um fantasma.



Gaúchos e uruguaios, possivelmente argentinos, têm dele a mesma genuína impressão: um tipo caudilho, cujos traços indistingüíveis estavam no bigode, nas suíças, na imposição física e no linguajar, tudo o que faltava aos refinados, o que o marcou desde sempre. Isso é indício seguro de que tipos assim, que se marcam pelo companheirismo, pelo compadrio político, no populismo simpático ou na simpatia política, quando pretendem falar exaltados em prol do povo - indiscutível dom que possuem e que sempre é o fator determinante do sucesso do carreirista visionário, embora pensador de coisas erradas - mas que diabos, de coisas que o povo ignaro gosta muito! - tipos assim, digo, possuem um destino anterior já traçado por seus companheiros: quando morrem, viram mitos automáticos, no Brasil: floclore, padins políticos!



E tudo reflui depois. Já vimos esse filme - é a mesma choradeira; paixões extremas se extravasando. Mas é só isso; memórias dolorosas e genuínas, embora de conteúdo político útil nenhum. Apenas um enorme sentimento que se incorpora às vidas já sem esperança, o que lhes garante a condoída condição de vítimas desamparadas. Teme-se pelo ressentimento, o mesmo, multiplicado, arquivado para o futuro.



Chora-se Brizolla como se chorou Getúlio e até poderá se matar por isso, não duvidem! Em 24 de agosto de 1954 vi com meus próprios olhos o povo revoltar-se por causa de uma morte. Aqueles incêndios no centro da capital, não esqueço jamais! Foi quando conheci a política, a rua da política, o ponto de vista do povo, a paixão, o medo, a incerteza, a perda coletiva, a turba enfurecida. É tão assustador que é melhor se estar com o povo; é a única hora de se estar com o povo - me acreditem e me perdoem! É também quando a morte, o funeral, em tudo o que ele tem de dramático, e aquela vida que se consome em uma idéia eterna, produzem juntos o motivo pessoal, o motivo político para a ação; é quando os interesses pessoais assumem uma forma coletiva, política, no caso do trabalhismo, nacional, de salvação nacional - matar-se-á por alguém. Vingança é uma solução psicológica nestes casos; urge se encontrar um bode expiatório para aplacar dor tamanha. 50 anos da morte de Getúlio e o fantasma das ruas ressurge desesperado!



As vaias que Lula sofreu no funeral no Rio de Janeiro devem ter-lhe calado fundo; devem lhe ter representado uma apavorante visão em vida: o próprio funeral político.. Mais do que o constrangimento do momento, a impressão nele causada pelo décor, aquele mesmo de Porto Alegre, que pautou a vida e agora a morte de Brizolla, deve ter-lhe causado graves preocupações: ali está uma resistência poderosa, uma oposição verdadeira, talvez a primeira real oposição que tem desde que é presidente. Não tenho receio de afirmar que foi o pior dia do Lula até agora, o dia em que ele vislumbrou o quão é ruim estar contra o povo! Isso se revelou até nas pesquisas do dia.



Quanto a nós... Brizolla, com sua morte, talvez possa ter feito algo de positivo pelo Brasil!













Carlos Alberto Reis Lima, 54 anos, médico neurologista, reside em Amaral Ferrador/RS e trabalha em Camaquã. É natural de Porto Alegre/RS, onde, além de Medicina, cursou História e Ciência Política na UFRGS em nível de Mestrado.

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