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| Poesias-->FLORESCÊNCIAS -- 16/02/2002 - 23:11 (Flávio José de Almeida) |
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FLORESCÊNCIAS
Celebra a florça
não a frágil
haste petalar
Tudo perflui
a flácida
vida
O pólen fecunda
o disflorme
solo solar
Clorofiláteras
raízes
rompem
A florescência
crisântemou
sanguíneo vaso
Orquideou relíquias
do semibreve
instante
Espinrosou
o jardinado
recanto
Cravou-se ali:
intacta
in loco
Florada
florescida
flortalecida
Dê lírios
do campoeta
e olhai
Há petulância
numa pétala
fluorescente?
Seu lume
é recôndito
ou é breu?
Incomum
é floridir
luminosidades
Flaubert
não flaviar
ansiedades
A flâmula
minguante
da faselua
A flor neutra
de feltro
cósmico
A flor tênue
de vênus
gótica
A florenigma
de senhas
indecifráveis
A florzinha
arrebatada
pela formiga
A flor flor
cativa
no cultivo
O sofisma
é só istmo
de floragens
Em Florença
brilha o sol
com estes raios?
Turquesas
papoulas
colombianas
Florinda
Bolkan
na Floritálica
Flora
de ramalhetes
e corbeilles
Botões
entreabertos
de Rosalina
Resíduos
do perfume
de Rosimeire
Roseana
qual enfeite
maranhense
Flor de lótus
de rótulos
e retículas
Flor do frio
em estufa
de vidro
Flor de plástico
murchando
no gueto
Audácia de flor
do príncipe
Exupérryano
Flordianoite
em sol
e orvalho
Flor ambígua
brotando
no asfalto
Florística
do misticismo
cético
Florânsia
de tudo
a tempo e hora
Flor ardente
queimando
de beleza
Flor criança
no amanhã
de anteontem
Sólida flor
incrustada
no abismo
Eterna flor
na pintura
a óleo
Girassóis
amarelíssimos
de Van Gogh
Sem ele
a Holanda e sua flor-moinho
giram sós
Flor da demência
de loucos
sãos
Contínua flor
do medo
drummondiano
Flor das veredas
de João sertões
é Rosa?
Flor Clarisse
flor-de-Lis-
pector
Floradélia
no quintal
ou no prado
Flor balzaqueana
com mais de trinta
aniversários
Flor de frutos
anunciando
alvíssaras
Amazônica flor
de régias
vitoriáguas
Flor de ervas
lindinhas
e daninhas
Flor de cáctus
no deserto
intacta
Flor de lata
no túmulo
incauto
Flor da pele
de poros
e pêlos
Mistério de flor
não se explica
ainda
Traduzí-la
é algo
impensável
Reproduzí-la
com integridade
quem há de?
Kafkiana flor
qual humano
inseto
Poética flor
de livres
métricas
Flor inacabada
do planeta
extinguindo-se
Flor raríssima
jamais vista
e tocada
Musical flor
de sons
perfumosos
Flor sutil
da feminilidade
fértil
Seus contornos
maciez
e originalidade
Flor-mãe
de ovário
fecundo
Silenciosa flor
no centro nervoso
de Belo Horizonte
O díesel
agua
teu vegetal
Flor anônima
denominada
flor somente
Semente de flor
no bico
do pássaro
Flor do ventre
da meiga
virgem
Flor carnívora
da ilha
lendária
Que flor é essa
que nunca
floresceu?
Essa é a flor
dos canhões
de Miraflores?
Flor do cerrado
de planta
medicinal?
Quem ouve
a flor
é lunático?
Quem a planta
e cuida
é romântico?
Quem a deixa
ao léu
é relapso?
Quem a colhe
e vende
é prático?
Quem a põe
no altar
é católico?
A flor
nada pede
nada impede
A flor
é por si só
só em si
A flor
eleva o ser
à poesia
A flor
é cor
na paisagem
É feita
de flor
a flor
É dádiva
divina
e é divina
É flor
para onde
for
É serena
se admirada
com mansidão
Da natureza
é símbolo
sublimado
Do tempo
é marca
indelével
Obra-prima
inigualável
do Criador
Simples
simples
e ampla
Complexa
fórmula
aromática
Plena
de cor
e significados
A primeira
não se fez
única
Espalhou-se
ao vento
múltiplo
A flor
tanto fácil
quanto difícil
A flor
é fantástica
dúvida
Inventiva
criação
do acaso
Flor
pensamento perfumado
de Deus-amor
Dez./86 |
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