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Poesias-->A RUÍNA DE DENISON BORGES E MILENE ARDER -- 17/02/2002 - 06:05 (denison_obras selecionadas) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Ela ruiu. E eu...Como aconteceu? Não sei.

Pois é... Milene ruiu. O que vai resultar desta ruína? Nada. Mas nada é triste.

Denison e Milene jazem num site de literatura decadente. Juntos, enfim, na mesma miséria. Sentei-me junto aos nossos textos, tentei interpretá-los, mas os leitores não os deixaram intactos, mas, saciados, retiraram suas parcelas. Pois eu ainda não entendia esta glória, essa demolição pública de alguém que se está tornando algo e em cuja construção a multidão irrompe desarrumando as pedras.

Pensa que teu nome se arruinou, desiste dele, assume outro, qualquer um, com que Deus possa chamar por ti à noite. E esconde-o dos demais.

É hora, obstinada Milene, de nos desconstruírmos para nos completarmos. Jovem, que sente nascendo em ti algo que te faz tremer, aproveita esta tua atual condição: a obscuridade.

Não esperava por esta, não? A Vida não tem aulas para iniciantes. Já começa nas aulas mais dráticas, não é, Milene?

E se esses que te acham um nada descobrirem teu rosto?

E se esses com quem lida te abandonassem?

E se quiserem te exterminar devido aos teus inocentes pensamentos?

Não leva a sério. Isso é nada. E nada é triste. Há algum tempo eram contra ti, agora lidam contigo como se fosse um deles. Teu caminho foi traçado em falsos mapas, a hipérbole de tua triste trajetória vara o céu num salto, uma vez somente baixa até nós, e afasta-se com horror. E teu teatro nasceu perante nós. Que importa se uma mulher parte ou fica, se os mortos vivem em teus versos e os vivos parecem mortos?

Quem não percebe nossa decadência, Milene? Não queres estar ao meu lado nem mesmo nestas circunstâncias, filantrópica? Tudo parecia tão natural. Andavas como quem atravessa um vestíbulo sem se deter. Mas ali onde nossa vida ferve e se precipita e muda de cor, ali te debruçavas.; no âmago. Lá onde, desconfiada, nunca levaste ninguém. Permaneceste sentada discernindo as mudanças. E porque estava no teu sangue, tomaste a decisão terrível de, sozinha, aumentar aquele mínimo que só divisavas através de vidros, que se apresentasse imenso o teu pequeno e mísero “eu” diante de milhares – e este site serve como uma luva para essas representações – e disso nasce nosso teatro.

Não podia aguardar tornar-se visível aos poucos? Não. Queríamos o Universo da nossa dimensão comprimida em gotas pesadas de letras virgens. Essa virgindade que conferias bem de perto, a leve turvação numa gota de desejo, a sombra de alteração num átomo de confiança.; era isso que precisava constatar e reter.

Inclinada como era a revelar, poeta trágica e temporal, tinha de traduzir todo este caos em um só golpe nos gestos mais convincentes, nas coisas mais reais. E iniciamos aqui o inigualável ato de violência de nossas intenções mesquinhas.

Havia um coelho, uma sala onde alguém andava nu de um lado a outro, havia o perdão (lembra?), um tilintar de vidros no quarto vizinho, um incêndio nas janelas, havia a lua. Havia uma igreja e algumas beatas. Mas isso não era o bastante.; por fim tiveram de entrar as torres, as montanhas e todas as tampas de todas as panelas para cobrir este palco falso que é o Usina, sobrecarregado de coisas absurdas, de amor pelo inconcebível. E eu não suporto mais e definitivamente digo adeus mais uma vez. Desista também você. As duas pontas de suas contradições de mãe casada tediosa que havias reunido e atado afastaram-se num golpe. Tua desvairada força escapou da vara flexível e foi como se teus escritos nunca tivessem existido. De outro modo, como explicar que no fim não queres mais sair da janela do Usina, obstinada como sempre? Querias ver os passantes, claro, pois achavas que, uma vez resolvendo recomeçar, ainda se poderia fazer alguma coisa com eles e continuar se iludindo.

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