O MARCENEIRO E O CHAVEIRO
A primeira porta dava para um vale,
guardião do embrião do sonho.
Com silêncio agudo de véspera,
um vento veio e a trancou.
Da segunda avistava-se um céu de mãos,
descanso de armas,
apenas mesas de artesãos.
Veio a fome por terras e fechou este portão.
A terceira anunciava saídas para o espírito,
colocava o olho no tempo.
Veio um rio de espelhos
e cerrou este pórtico de ilusão.
Com as três portas fechadas,
o homem não tem salvação:
apenas constroem-se chaves e janelas
ao lado de cada uma daquelas portas.
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