A crença no sobrenatural corrói a racionalidade e a afeição humana como nenhuma outra coisa. Que outra coisa senão a fé levaria um pai a matar um filho ou uma mãe a torturar aquele que saiu do seu ventre? Que outra coisa levaria uma pessoa a reprovar a destruição de um embrião enquanto aprova pena de morte contra uma pessoa?



“Em nome da fé, os homens muitas vezes cometem absurdos que vão de encontro à moral e à mais simples lógica. A inquisição foi um desses períodos da história da Humanidade em que se pressupunha salvaguardar a fé religiosa de um determinado grupo simplesmente eliminando todas as manifestações contrárias. Para isso, usavam-se todos os meios à disposição, desde a tortura até a morte.” (Visão Espírita, out./98, pág. 56).



A Bíblia, ao mesmo que tempo que prescreve “não matarás” (Deuteronômio, 5: 17), aponta Iavé determinando o extermínio de nações adoradoras de outros deuses (Samuel, 15: 3; Números, 31; Números, 21: 2, 3).



Se realidade ou ficção, não importa, Jefté é apontado tirando a vida da própria filha como um presente a Iavé (Juízes, 11: 30-39) . E isso estaria em conformidade com a divina Lei (Levítico, 27: 29).



A bíblia aponta a desobediência, principalmente a idolatria, como causa dos infortúnios dos hebreus. Mas depois que eles abandonaram definitivamente a adoração a outros deuses, passando a adorar exclusivamente a Yavé, a situação deles piorou tanto, que nem reis eles tiveram mais, embora tivessem a promessa de que o cetro nunca se apartaria da casa de Davi. Entretanto, a fé não os deixou perceber isso.



"Na Nigéria, a religião predominante é mulçumana e, em outubro de 2003, líderes islâmicos proibiram a vacinação contra a poliomielite. No início deste ano, centenas de milhares de voluntários percorreram dez nações africanas para conter um surto da paralisia infantil. Moradores de diversas localidades expulsaram os voluntários. "O povo resistirá", alardeou Nafiu Baba Ahmed, secretário-geral do Conselho Supremo da Sharia, órgão responsável pela implementação da lei islâmica. De acordo com a Organização Mundial de Saúde, a proibição à vacinação fez com que a paralisia infantil voltasse a ocorrer em sete nações africanas onde já havia sido erradicada e coloca em risco 16 anos de esforços para a erradicação da pólio no mundo" (Carlos Pompe).





Nenhuma mãe entre os chamados irracionais faria isso.



Não fossem os deuses, certamente não existiriam hoje o homens-bomba, que se matam entre os inimigos, imaginando que irão em seguida para o paraíso.



Em um meio extremamente atrasado, um comportamento reprovado até pelas feras selvagens até não pareceria tão absurdo. Mas da estupidez oriunda da fé nem o homem mais poderoso do mundo escapa.



“Para ficar em um exemplo”, observa Peter Singer, “Bush, com base em seu credo declarado na santidade da vida humana, se opõe ao abordo e ao uso de embriões na pesquisa de células-tronco. Ao mesmo tempo, ele é um defensor da pena de morte e não se importa que os ‘danos colaterais’ da guerra matem civis no Iraque” (Veja, 23/06/2004, págs. 99, 100).



Nada além dos deuses é capaz de inspirar irracionalismos tão exacerbados na cabeça do animal mais inteligente do planeta.

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