SOMENTE VIA
Ele, taciturno.;
Ela tinha uma carinha de criança. Talvez por isso ele a adorava.
Ele a via quase que diariamente.; ela raramente o notava.
Achava seu rosto bonito, sua pele era macia.; seu sorriso era uma fonte de alegria.
Quando ele a via, se via de mãos dadas, passeando, feliz da vida.;
Quando ele a via, imaginava filhos, imagina-os juntos.;
Quando ele a via, via algum bom motivo para feliz ficar.;
Quando ele a via, via que nada havia.
Amor! pensamento estúpido... ele imaginava-se salvando-a de perigos...
se a amava, porque a queria em perigo? Amor, estúpido...
às vezes, pensava se realmente a amava. Nunca descobria resposta...
Quando ele a via, via longas conversas.;
Quando ele a via, via-os num cinema.;
via-os abraçados numa noite fria, aquecendo seus corpos e seus corações.;
Quando ele a via, triste ficava: nada existia!
Estava sempre a olhar seus rosto. Sempre que podia...
Torcia para que aqueles olhares ela notasse...
Quando ele a via, via o respeito dos amigos.;
Quando ele a via, via brigas por causa das contas de luz, por causa dos filhos.;
Quando ele a via, via-os chegando na casa, na casa de seus sonhos.;
Quando ele percebia, via! ... que nada havia.
Tinha receio de aproximar-se: e se falhasse?
o que seria de tudo o que via?
em quem mais se inspiraria? Quem seria sua musa?
Quando a via, não via as noites em claro.;
Quando a via, não via ócio: via tempo livre para com ela ocupar.;
Quando a via, não via mais motivo para de tristeza chorar.;
Quando a via, via que nada havia!
Somente via... |