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Roteiro_de_Filme_ou_Novela-->PODERIA SER DIFERENTE PARTE 07 -- 08/07/2002 - 14:28 (LUIZ CARLOS LOCATELLI) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
SEQ. 15 – EXT/INT/CASA/DIA. ( 2.30 M )

Antônio descobre as drogas.

Silvia chega de bicicletas.
Está vindo da escola. O mendigo pula em sua frente.
Silvia desvia-se do mendigo e continua pedalando até a casa.
O mendigo apenas abaixa a cabeça, muito triste.
Silvia encosta a bicicleta e entra saltitando.
Antônio está de costas para a porta, vira-se ao ver Silvia entrar.
Segura um pequeno espelho nas mãos.

ANTÔNIO: Então quer dizer que você também é adepta aos costumes de Narciso?

SILVIA: Claro pai. Toda mulher gosta e estar bonita.

ANTÔNIO: Sabia que com um espelho a gente pode fazer muitas coisas?

SILVIA: Claro.

ANTÔNIO: Coisas boas, e coisas ruins?

SILVIA: (desconfiada) Podia ser mais claro?

ANTÔNIO: Com todo o desprazer do mundo. (sarcástico) Vou refrescar suas idéias. Vou tentar ser bem explícito. ..

Antônio levanta-se, e Silvia com medo caminha para trás.

ANTÔNIO: A alma pode ser vista aqui dentro. (bravo) E sua está aqui. Perdeste para a maldita droga.?

SILVIA: Eu não sei do que o Senhor está falando?

ANTÔNIO: Já não bastava a bebida e sexo descontrolado? Agora eu descubro que minha adorável filha, usa drogas. Por que?

Antônio pega pelos cabelos de Silvia, levanta um pouco e grita nos seus ouvidos.

ANTÔNIO: Será que você nunca ouviu falar do mal que essa porcaria causa às pessoas?

SILVIA: Me solta pai, o Senhor está me machucando.

Antônio solta a filha:

ANTÔNIO: Eu não criei uma filha com todo o sacrifício do mundo para ver ela jogada na sarjeta, drogada. Hó Deus o que eu fiz de tão mal assim?

SILVIA: Esqueceu de ser pai a muito tempo.

ANTÔNIO: Já falamos sobre isso. Veja como fala.

SILVIA: (altera-se) Quantas e quantas vezes, quando ainda bem criança, eu me peguei chorando na escola, porque sabia que quando eu botasse os pés para fora do portão, não haveria ninguém ali para me pegar. A não ser um motorista pago. Enquanto que as coleguinhas todas tinham um pai ou uma mãe, ali sorrindo e recebendo-os de braços abertos.
Depois mais tarde. Quantas noites eu passei em claro, rezando e pedindo a Deus que guiasse o seu caminho. E esquecesse o maldito vício do jogo e das bebidas.
Quantas noites eu não sonhei em receber um beijo e um abraço de bom dia do meu pai, assim que levantasse de manhã.

ANTÔNIO: Está falando bobagens. Preciso internar você, antes que fique como sua mãe.

SILVIA:(chorando) O Senhor é um careta, um retrógrado, um palhaço. Um zé ninguém.

Antônio pega a maconha e o pó, junta tudo bem devagar. Se encaminha até ela, coloca tudo na sua frente.

ANTÔNIO: E o que é isso? Chave para o sucesso? Para ser alguém? A evolução da raça humana? A razão de viver da juventude? Ou o anúncio prematuro da morte da maioria dos que tem a sua idade. Ou seja, que não são caretas e nem retrógrados.

Antônio chega calmamente perto de Silvia que está imóvel.
Coloca um espelho em sua frente.

ANTÔNIO: Olha, Veja a visão do inferno.

Silvia empurra o pai e sai chorando para fora.

SILVIA: Eu vou embora dessa casa.
Antes de Silvia sair com a bicicleta, o pai ainda lhe fala.

ANTÔNIO: Pode ir o caminho está aberto. Se for procurar essa maldita coisa, faça um favor a esse seu pai retrógrado. Não volte nunca mais.

Antônio bate a porta.
O mendigo se aproxima.
Silvia pega a bicicleta e sai correndo.
O mendigo senta-se chacoalhando a cabeça.
Silvia para no meio da rua.
Olha para trás. E sai de vez.
Antônio surge na porta e diz para si.

ANTÔNIO: Meu Deus, o que foi que eu disse? Espero que ela não me leve a sério, como nunca me levou. Porque eu sou um zero a esquerda, mesmo.

Antônio fecha a porta.

CORTE.


SEQ. 16 – INT/TEATRO/DIA. ( 4. 00 M )

Sara está num palco de teatro ensaiando um poesia para declamar nos jogos florais.
Não há cenário. O palco está nu, com escadas, cortinas penduradas, tapumes num canto, um piano outro etc.
Há apenas um encerado branco no fundo.
Uma luz azulada clareia toda a cena.
Um foco branco focaliza Sara.
Sara declama:

SARA:

Há, essa coisa cristalina, que ora é negra.
Que penetra em minhas veias, me fazendo delirar.
Que penetra como um vadio dentro do meu cérebro,
Tomando de posse minha cabeça, e os meus atos.

Meus olhos sofrem, adoecem.
Colirizados pela angústia, dizimados.
Meus olhos amam, abertos.
Apaixonados pela vida, amados.
Meus olhos entristecem, entre abertos.
Sofridos com o mundo, caídos.
Meus olhos se enfurecem, estalados.
Sem esperança de nada, caem.

No meio do texto, Silvia entra e fica observando a amiga, sentada na primeira fila.
Ao terminar o texto, Silvia aplaude forte.
Os outros alunos que estão por ali ficam observando a atitude de Silvia.

SARA: Gente, essa é minha amiga Silvia.

SILVIA: (envergonhada) Prazer.

Todos levantam e dizem a Sara.

TODOS: Merda.

Silvia fica indignada, e vai saindo brava.

SILVIA: Acho que não gostaram da minha presença. Vim lhe pedir uma ajuda, e te tratam tão mal desse jeito? (saindo)

SARA: Isso é apenas uma forma de cumprimento.

SILVIA: (voltando) Que susto!

SARA: O que está acontecendo?

Silvia diz em forma de poesias.


SILVIA: Já que o negócio aqui é tudo teatral...(anda pelo espaço)

VIVER OU MORRER?
MORRER OU VIVER?
SE TENHO CAMINHOS,
QUAL SEGUIR?
SE VIVO, NÃO SEI COMO VIVO,
SE MORRO, DESAPAREÇO.

LABAREDAS QUE SE APAGAM,
USUFRUINDO A CHAMA PURA.
INDO SEMPRE DENTRO D’ALMA,
SUCUMBINDO SEM AMARGURA.

CAI EM DESALANTO,
ASSINANDO SEU ATESTADO.
REMANDO DESAJEITADO, NUM
LAGO VAZIO, SEM NADA.
OSTRACISMO GALOPANTE,
SOBRE O SER PÕE MORADA.

LONGE DE BUSCAS E IDEAIS
UNE A ALMA AO CORPO FRIO.
CAI EM TERRA DESAMPARADO,
ASSINARA SEU ATESTADO,
SOLIDÃO? NÃO. MORTE,
É O QUE PEDIU.

Conforme ela diz, os atores vão se aproximando e se entusiasmam.
No final Silvia é aplaudida por todos.
Silvia fica encabulada.

SILVIA: Não disse nada de mais, só o que sinto. E é a verdade.

SARA: Você é uma ótima atriz.

DIRETOR DE TEATRO: Pode fazer parte do nosso grupo se puder. Estamos ensaiando algumas poesias para serem declamadas no grande concurso, e você pode nos ajudar.

SARA: Está vendo amiga, não está tão sozinha assim. Venha participar conosco.

SILVIA: Bem, eu, eu. (Silvia cai sobre as próprias pernas, desmaiada)

SARA: Silvia? O que deu nela?

DIRETOR: Chamem uma ambulância.

CORTE:

Mostrar uma placa do hospital.
Sara sai segurando Silvia.
Estão todos do lado de fora do Hospital, sob a sombra de uma árvore.
Os amigos estão por ali.

SARA: Calma, quem sabe com a chegada de uma criança tudo muda em sua vida. Afinal é um novo ser que vem aí, alegre-se menina.

CARLA: Novo ser?

SILVIA: E meu pai? Quando ele souber...

SARA: Ele terá que saber, mas primeiro prepare o terreno.

ALUNO 1: Gente ela está grávida.!

Dão vivas para ela.

SILVIA: Prevejo que vai ser muito difícil.

SARA: E Lucas?

CARLA: O que tem Lucas?

Todos olham para Carla.

SARA: É verdade, o que tem o Lucas, Carla?

CARLA: Nada, oras. Eu só perguntei, não podia?

SILVIA: O Lucas é obrigado a saber, é o pai.

CARLA: Eu sabia, mais um...

Viram-se todos novamente.

CARLA: É claro, é o namorado dela, não é?

Silvia abaixa a cabeça.
Sara chega perto e diz:

SARA: Venha para a minha casa. Pode ficar uns dias lá. Meus pais estão viajando.

SARA EM CLOSE, TEMPO ATUAL: Silvia já não tinha mais controle sobre sua vida. Não sabia mais o que fazer. Mas mesmo assim tentou seguir em frente.

CORTE:

SEQ. 17 – EXT/RUA/DIA. (2. 40 M )

Lucas está sentado sobre a moto, numa esquina, próximo ao Colégio de Silvia.
Bate o sinal de saída do colégio de Silvia.
Silvia sai com as amigas, vão uma para cada lado. E ela sobe a Rua.
Ao virar a esquina, Silvia dá de cara com Lucas que tira o óculos e pergunta.

LUCAS: Matando aulas?

SILVIA: Não, faltou uma professora, saímos mais cedo. (beijos rápidos)

LUCAS: O que tanto você tem para falar comigo?

SILVIA: Como você soube que eu...

LUCAS: Um passarinho me contou.

SILVIA: Tem nome?

LUCAS: O quê?

SILVIA: O passarinho... Lucas.

LUCAS: (bravo) Há, sei lá. Desembucha logo. Estou sem tempo.

SILVIA: Aqui Não. Precisamos de um lugar reservado.

CORTE:

A moto e bicicleta estão à beira de um Jardim enorme.
Lucas anda apressado e Silvia atrás.

SILVIA: O que eu tenho para lhe dizer é muito sério meu amor.

Lucas para, pega nos braços de Silvia, olha bem firme no rosto dela.

LUCAS: Então me diga. Mas seja breve. O meu tempo é precioso.

SILVIA: Vamos ter um bebê.

Lucas vira o rosto, morde os lábios. Sai andando apressado rumo à moto. Senta-se sem dizer nada. Liga a moto. Tira o óculos, respira e olha para Silvia que está distante parada.

LUCAS: (fala alto, devido ao motor da moto) Você tem certeza que é meu?

SILVIA: Imbecil.

Lucas ironiza.

LUCAS: Por um acaso, você tinha essa intenção?

Silvia apenas chora.

LUCAS: Com certeza, você sabia o que fazia. Porque não se preveniu? Estou vendo que dei atenção há uma vadia, e é nisso que foi dar.

Silvia, apenas, abaixa a cabeça. Sem dizer nada, se encaminha até sua bicicleta. Monta e sai sem olhar para trás.

LUCAS: (para si) Vai meu amor. Eu não podia me apaixonar por você e nem você por mim. Vai, vai em busca da sua liberdade.

Lucas olha para o céu.
Põe o capacete e sai em alta velocidade.

CORTE:

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