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Contos-->Um byte sonho -- 27/04/2000 - 23:12 (Edmilson Ferreira da Silva) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

UM BYTE SONHO



Se não fosse tão tarde -tão cedo, melhor dizendo, já são cinco horas, vou colocar o galo para cantar (o salva-tela é acionado, um galináceo abre o bico e cocoricó) -ficaria mais um pouco que do outro quarto pai, mãe, e sei lá quantos, ficam falando que esse menino tá ficando estranho, só trancado, só parado, só computador. Iniciar...o que deseja fazer? Desligar.
Se fechar o olho, a cidade pára. O cérebro pára, depois de milhões de bytes acelerados. Parou. Não parou. O sonho é uma verdade, uma realidade que se renova a cada noite. Reset: a cada manhã, para mim, que tou ficando estranho, só parado, só computador. Só sonho. Só sonho...
Markito tinha um XT ligado a um aparelho de televisão Colorado RQ, um monstrengo eletrônico tão jurássico quanto o homem de Neanderthal -mas era o orgulho do rapaz, que mantinha ao lado do XT um Pentium todo equipado para produzir home page de encomenda.
Um dia o Markito chegou eufórico na escola anunciando a criação de um novo game, resultado de seis meses de experiências (até lembrei o dia em que ele começou a inventar o programa, um Domingo).
-Tá na mão -afirmou Markito. É o KptuxkON.
-Quêêê???
-KptuxkON, baseado nos rituais de passagem dos índios da Amazônia.
-Esse nome é impronunciável -eu disse.
-Quem é que vai entender um treco desses? -falou o Serginho.
-Jogos têm de Ter nomes populares. O que significa isso? -perguntou El Cid.
-Não é um treco, é o nome do jogo que criei depois de meses de pesquisa. Significa...nada. Não tem significado. É amontoado de letras que formam uma estranha palavra. E é nisso que reside o segredo do game.
-O quê? -perguntou alguém.
-A idéia é questionar por quanto tempo uma coisa, uma situação é estranha. Por exemplo:se ficar KptuxkON por cinco minutos, certamente a palavra parecerá menos estranha para vocês ao final desse tempo. Certo?
-É... mais ou menos -eu disse.
-O jovem da tribo dos Sateré-Maué, do Amazonas, tem de cobrir o corpo de selvagens formigas e passar por outros testes para ser considerado um guerreiro -relatou Markito. Essa situação, mesmo que cultural, lhe será bastante estranha até que ele passe por ela. Certo?
-Errado -eu disse. O jovem índio já está naturalmente preparado esses rituais porque terá de passar por eles algum dia.
-Certo. Mas, como se sabe, essas coisas sempre causam estranheza. O lance é o jovem ir juntando as peças do ritual, como eu fiz com o nome do jogo, e formar algo estranho com o objetivo de apenas Ter algo pronto e acabado. Daí, é melhor e mais fácil compreender a situação e vencer o jogo. Ou perder, conforme o entendimento do jogador.
*0*

Estávamos todos curiosos para ver como funcionava o jogo do Markito. Tinha várias opções como ação, mistério, aventura... El Cid clicou "aventura". Numa ilha, o jovem Zoar tem de enfrentar uma cobra gigante para matá-la e apresentar suas presas envenadas para seu pai, Zeno, como prova de sua coragem e bravura, numa demonstração de que já era um guerreiro de verdade.
A cobra, Ninga, sibila pela ponta da cauda, onde há um esporão metálico pronto para ser cravado no peito de Zoar.
As escamas de Ninga se transformam em naves voadoras, que atiram contra Zoar...Nossa!
-Agora vem o melhor -interrompeu Markito.
-As naves saem da tela, deixam de ser virtuais e se tornam reais. Não é estranho?
De repente, Ninga chacoalha-se, revira-se e as escamas voam, digo, as naves saem atirando, atirando...Meu Deus! Acertou El Cid. Desligue, Desligue! Acertou o Serginho!
-Aiii- gemeu Markito. Ahh, vão me acertar... Cadê? Sumiram. Ufa. Zoar matou Ninga e comemora com seu pai.
Mas...não posso acreditar. Sobrou uma escama, digo, uma nave. Vem na minha direção...vai me acertar...Aaaahhh....
-Aaaahhh. Acordei. Suado, coração batendo loucamente. Não tinha nave, cobra, nada. Era só um estranho sonho...


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