Numa noite sem Lua, de infinitas estrelas,
descobri
que choram, também, os anjos.
Suas lágrimas, tal como prismas,
partem do azul dos seus olhos
rumo aos olhos azul-celeste que cobrem o mundo
formando arcos,
sobrepondo-se ao mundo e às dores
em arco-íris de sentimentos multicolores.
Mas anjos não são tristeza.
Tristes são as estrelas!
Estrelas cadentes
(decadentes)
que nunca chegam a cair ou mesmo a morrer!
Na fração-luz de um segundo,
ao preço de um desejo infante,
sem uma lágrima,
um sorriso ou adeus,
simplesmente desaparecem.
Estrelas cadentes, estrelas-desejos,
estrelas, apenas,
que deixam de ser.
Para onde vão as estrelas?
Levam com elas, talvez, nossos desejos?
E os arco-íris, para onde vão?
Depositam em potes de ouro suas cores
para que, então, como as estrelas,
também deixem de ser?
O que são as estrelas?
Massas de gases luminosos
que um dia deixam de ser?
Ou serão, talvez, formas de vida encantadas
(mágicas)
capazes de ouvir e realizar desejos?
Fossem todas as estrelas mágicas,
pseudo-cadentes,
Fossem todos os arcos arco-íris
encantados com mil cores,
talvez não houvesse desejos,
talvez não houvesse sonhos,
ou, talvez, eu levasse todos os meus desejos e sonhos
à estrela mais próxima e mais bela,
e, assim, com a certeza de uma criança,
dormiria em paz, finalmente,
sonhando com anjos, desejos e sonhos
que nunca deixassem de ser.
Brenno Kenji
18.12.1999
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