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Roteiro_de_Filme_ou_Novela-->PODERIA SER DIFERENTE PARTE 09 -- 08/07/2002 - 14:31 (LUIZ CARLOS LOCATELLI) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
SEQ. 21 – INT/EXT/CASA SARA/PRAÇA/DIA (4.00 M)

O telefone toca, sara atende.

SARA: Pronto.

Em seguida, Sara apenas ouve o telefone, balança a cabeça. Olha para Silvia que está sentada em um sofá na sala.

SARA: Eu direi, pode deixar. Eu falo. (pausa) De nada.(desliga o telefone)

Sara encaminha-se até Silvia, senta-se do lado.

SARA: Era seu pai.

Silvia continua calada, balança o corpo como se embalasse um criança, mas com os braços abaixados.

SARA: Ele quer falar com você.

Silvia apenas muda sua feição. Fica mais séria.

SARA: Vocês precisam se acertarem.

Silvia dá um pulo do sofá para frente, e já sai falando.

SILVIA: Está bem, se não me quer mais aqui é só me dizer. Não precisa ficar inventando histórias, e nem insistir.

Sara vai até ela.

SARA: Não é nada disso. Você é minha amiga e quero ajudá-la. Por isso insisto que vá falar com seu pai. Ele quer...

SILVIA: (Na porta) Vou pensar nisso.

Alguém bate na porta quando Silvia Vai abrir.
Silvia volta-se rápido, depois abre e dá de cara com Lucas.
Silvia vira-se devagar com desprezo, e um pouco de medo.

LUCAS: Precisamos conversar.

SILVIA: Eu não preciso.

LUCAS: O Assunto é sério.

SILVIA: Não quero saber... (vira-se novamente)

LUCAS: Eu te amo.

Silvia volta-se para ele. Olha-o fixamente em seus olhos, ouve-se um dos versos do mendigo.

VOZ EM OFF: Tudo podia ser diferente, se o brilho dos olhos avermelhados,
Fosse apenas reflexo do fogo do amor.

Os dois se beijam.
Sara abaixa a cabeça, faz um ar de alegre e sai devagar.

LUCAS: Não precisa sair. Será que eu posso entrar?

SARA: Claro, entre.

LUCAS: O que eu tenho a dizer, é bom que você também saiba. (olhando para Sara).

SARA: Senta-se. Toma alguma coisa? Um suco, água?

LUCAS: Não, obrigado.

Os três sentam-se:

LUCAS: Silvia, não sei como dizer isso, mas... o meu amor por você é verdadeiro.

SILVIA: Não estou gostando disso.

LUCAS: Você foi vítima de uma trama.

SILVIA: O quê?

LUCAS: De uma trama diabólica. E eu fui um canalha, sou um canalha...

SARA: Vá direto ao assunto.

LUCAS: Silvia, o nosso primeiro encontro foi tudo um arranjo. Não passou de encenações. Mas olha, foi só no começo. Depois você se tornou importante para mim..

SILVIA: E para que tudo isso?

LUCAS: Aliciamento. Meu patrão, entre outras atividades ilícitas, é um cafetão para alta classe. É claro que ele experimenta o produto antes de enviar ao cliente. E para isso envolveu o seu pai também, sabíamos que ele tinha uma queda por jogos e...

SILVIA: O meu pai...?

LUCAS: Ele foi vítima de uma jogada suja. E numa aposta perdeu milhões sem saber, e como não tinha o dinheiro, o meu chefe exigiu dele, que você fosse a garantia de pagamento.

SILVIA: Meu pai fez isso? Não pode ser.

LUCAS: Fez. Mas não foi culpa dele. Só que deu tudo errado, eu me apaixonei por você, e isso não deveria acontecer. Não te entreguei ao patrão, e por isso o seu pai corre sérios riscos de vida.. Estou fazendo de tudo para desfazer esse nó. Mas se eu conheço bem o meu chefe. Será muito difícil. E por isso, ou eu ou ele vai ter que morrer.

SILVIA: Eu estou pasma. O que você quer que eu diga? Mate? Morra? Isso é demais para mim. Sei lá, não sei nem o que pensar.

SARA: Vocês dois precisam de Deus.

LUCAS: Deixa ele pra lá. Eu já rezei a minha cota por hoje.

SILVIA: Preciso falar com o meu pai. Quem sabe assim ele se acalma e me aceita de volta.

SARA: Mas é isso que ele quer menina., vá logo, antes que seja tarde.

SILVIA: Eu vou. Eu vou. (levanta-se meia abobada e saindo)

SARA: Tome cuidado. A sua bicicleta está lá no corredor. A gente se vê.

Silvia sai de vez de cabeça baixa.

LUCAS: Eu sinto muito. Mas é a pura verdade.

SARA: É isso mesmo? Não tem mais nada a dizer?

LUCAS: Não.

SARA: O que significa essa mancha de sangue em sua roupa?

LUCAS: Um acidente com uma cadela no meio do meu caminho. Nada demais.

Sara chega bem perto:

SARA: E esse perfume de mulher, não me é estranho?

LUCAS: Você está sentindo coisas demais, eu vou embora. (vai saindo)

SARA: É de Carla. Você esteve com ela hoje?

Lucas vira-se rápido e nervoso.

LUCAS: Nunca estive com Carla. Tchal. (sai)

SARA: (para si fechando a porta) Muito estranho.

Barulho de moto saindo.

CORTE:

SEQ. 22 – EXT/ INT/ EXT/ CASA/ TARDE. ( 6:00 M )

Silvia chega com a bicicleta.
Para bem longe Da casa.
Silvia está na portaria.
Olha um tempo para o lado da casa. Está séria e triste.
O mendigo vem se aproximando devagar. Dá um pulo e representa...

MENDIGO: Um versinho pelo seu pensamento.

SILVIA: O mundo pela minha paz.

MENDIGO: então, que tal Um versinho pelo seu sorriso.?

SILVIA: Está bem. (sorri de leve e pega o versinho). Obrigada.

Silvia sai empurrando a bicicleta, segurando o cartão na mão.
O mendigo fica olhando por trás.
Ela olha o cartão, e ouvimos a voz do mendigo em off.

VOZ MENDIGO: Tudo podia ser diferente, se ouvíssemos os bons conselhos e desprezássemos os maus. Se enfrentássemos os maus pensadores, com nossos bons pensamentos.

Silvia olha para trás e levanta o cartão, como se dissesse bom.
O mendigo abaixa a cabeça e sai andando.
Silvia vai até a porta e abre. Olha para trás novamente, não vê mais o mendigo.
Silvia entra dentro de casa.

CORTE:

Do lado de dentro de casa, Silvia encontra com seu pai sentado num banco de madeira.
Seo Antônio está cochilando.

SILVIA: Pai.
Antônio acorda devagar.

ANTÔNIO:: Oi filha é você?

SILVIA: O Senhor está bem?

ANTÔNIO: Eu estou, claro, estou sim.

Os dois param de falar por uns instantes e se olham profundamente.
Silvia da um abraço no pai bem apertado.

SILVIA: Ô pai...

Antônio não diz nada. Apenas deixa correr lágrimas pelos olhos ao abraçar a filha.
Aos poucos eles vão se separando.

OS DOIS: Tenho algo a dizer.

Os dois se disfarçam e dão a vez.

ANTÔNIO: Diga você primeiro.

SILVIA: Não. Primeiro os mais velhos.

Os dois se soltam de vez.
Antônio dá dois passos, e quando vai falar, Silvia corta.

SILVIA: Eu já soube de tudo.

ANTÔNIO: Tudo?

SILVIA: Tudo. De tudo mesmo.

ANTÔNIO: Eu não sei como isso foi acontecer...

SILVIA: Foi uma trama, uma aposta, uma promissória, uma garantia.

ANTÔNIO: Da garantia, isso que eu precisava falar.

SILVIA: Pai, escute. (ele senta-se desolado num daqueles bancos da casa) Eu sei que andei me desviando por aí. Andando por caminhos obscuros. Por rotas proibidas... apesar de tudo, adoro muito o senhor e preciso muito do seu apoio e carinho. Só que Preciso desse apoio e desse carinho com o senhor perto de mim.

ANTÔNIO: Eu não queria, fui forçado. Claro que se eu tivesse bancado o homem de verdade não teria feito aquilo. A covardia me dominou, a ganância me perturbou e... e a vontade de tirar você dessa vida imunda, infecta e desumana...

SILVIA: Jogando pai? O jogo foi nossa desgraça, e sempre continuará sendo?

ANTÔNIO: É assim que um viciado age. Ele sabe que tá errado, que aquilo só prejudica, mas continua fazendo. A força do vício é maior. E isso é em todas as formas de vícios. A gana é muito forte. É como um verme destruidor. Depois que começa, só pára, para morrer.

SILVIA: (pausa, senta-se ao lado do pai) Pai, o senhor se acha novo para ser avô?

ANTÔNIO: Avô eu, quem me dera. Como?

Aos poucos o rosto de Antônio se transfigura.

ANTÔNIO: Quer dizer que eu vou ser avô?

Antônio se levanta, vai até um canto, pega um garrafão, abre o garrafão, enche um copo

ANTÔNIO: (levanta o copo, está descontrolado) Então brindemos a isso. Espera lá, um pouco pro santo é claro. (joga um pouco no chão).

Antônio toma tudo numa golada.

ANTÔNIO: Mais um brinde. (enche o copo) Dessa vez para o pai. Quem você disse que é mesmo? Há o traficantezinho assassino. Capacho do Gordo. O idiota do Lucas. (vai tomar, para e diz) Dessa vez não vou dar nada pro santo. Sabe porque? Porque ele nunca me deu nada. Nem o santo e nem ninguém. (toma numa só golada, ele já está meio atordoado) Nem esse bostazinho do Lucas aí, o que ele pensa que é? Não é nada...

SILVIA: Ele está tentando nos ajudar...

ANTÔNIO: Quem? O traficantezinho? (ri forte) Esse não ajudaria nem a mãe se tivesse. Quanto mais a nós.

SILVIA: Mas ele me garantiu. Disse que até morreria pelo nosso amor.

ANTÔNIO: Há que lindo! Morreria. Que sujeito macho!

Antônio enche um copo, toma uma golada, e depois vira-se apontando o dedo para o rosto de Silvia e andando para o lado dela.

ANTÔNIO: (irado) E você? Você mesma sua prostituta sem vergonha na cara. Acredita nele. É claro que acredita. Comem no mesmo prato, cheiram no mesmo espelho. Beberam do mesmo do veneno, e está viciada por ele. Viciada por ele e pelas suas atitudes. Ou ainda pior. Enfeitiçada por aquele doente mental.

SILVIA: Pai, é diferente.

Antônio toma o resto que está no copo.

ANTÔNIO: O que é diferente? A droga ou ele? Não são não. É tudo a mesma porcaria. (enche o copo e não toma, já está bêbado)
Silvia chega perto do pai.

SILVIA: Pai, para com isso.

Antônio empurra Silvia com o braço.
Silvia cai no chão.

ANTÔNIO: Sai para lá sua imunda, não encosta em mim.

Silvia levanta-se devagarinho, vai até a velha foto pendurada na parede.
Tira a foto da parede, olha profundamente.
Sai com a foto nas mãos e vai até o quarto.
Antônio fica apenas observando e bebendo mais.
Silvia sai do quarto com uma sacola velha, e a foto nas mãos.
Coloca a foto no mesmo lugar.

ANTÔNIO: Essa daí fez a mesma coisa. Saiu pelo mundo... e deu no que deu.

SILVIA: Ela tinha razão. Nunca compreendi isso. Só agora...

ANTÔNIO: Você não sabe o que está dizendo...

SILVIA: Vou sair por aí. Se um dia tiver em sã consciência, me procure, se por um acaso eu ainda viver. E se me der na telha, quem sabe eu pagarei a sua dívida junto ao tal Gordo.

Silvia pega suas coisas e sai pela porta.
Antônio pega um dos bancos e o destrui no chão.

ANTÔNIO: Não, isso não.

Silvia passa pelo mendigo pedalando apressada.
Ouve-se apenas o barulho do pai quebrando as coisas.
O mendigo está nervoso.

MENDIGO: Precisa de ajuda?

Silvia para a bicicleta.

SILVIA: O quê? O que foi que você disse?

MENDIGO: (se disfarça): Uma moeda por um versinho. Umazinha só. Uma moeda por um versinho. (sai falando a esmo.)

Silvia fica parada ali olhando para fora, ouvindo as falas do mendigo e o barulho do pai quebrando tudo.
Silvia monta na bicicleta, respira fundo e sai pedalando.


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