Vô contá todas coisa qui aprindi
Quando tava no êzilo, nu trumento,
O qui reza no novo testamênto
Do jeitim que prulá sêi qui ôvi,
De memóra aqui võ arripití
Mi alembrando di Deus todo momento
Qui Jezuis foi em riba dum jumento
Cum sua Mãe e o seu pai para o Egito,
Qui nervoso o capêta deu um Crito
Cuma reza o Nôvo Testamento.
Santo Onofre tinha um primo feiticêro,
Cipriano, um mestre em bruxaria,
São Crispim trabaiô na pêxaria
Prumode consiguí argum dinhêro,
E apricá no mescado financêro,
Pois quiria cumprí um juramento
Santo Honóro tinha um cacête bento
Heródia tento ferrá um bode,
E ferrô na trazêra de herode
Cuma reza no nôvo testamento.
Mode aprendê a santa Filusumia,
É perciso tê muito discurtino,
Sê criança no tempo de minino
E crêcê um tiquim a cada dia,
A fazê cuma amãe do Cão fazia
Implorando ao Pai esquicimênto
De juêi numa pedra de cimênto,
Cum uma butija de gaz sôbre a cabeça,
Esperando as graça qui merêça,
Cuma reza o novo testamento.
Jinjuar muiros dias no deserto
Cuma fêz o Bom Jesuiz na juvenia.
Bebê água de Côco todo dia,
Cuma faz no sertão o hôme esperto.
Ficá longe na hora quitá perto,
E rezá o Corão todo momento,
Se isquecê di tôdo isquicimênto,
Nunca chamá os ôtro de Gentalha,
Cortá o côuro da pica com a navalha
Cuma reza no nôvo Testamento.
E dispois qui tivé circuncidado
Dá a vorta no mundo num camêlo,
Qui os rêi mago tivero o malhó zêlo
Di í vê o minino anunciado.
E Nero cum sêu jeitão de viado
Tocô fôco no mundo num momento,
E disse a simão, mago nojento,
Qui era contra a inorme cristãozia
Que um terço do mundo já cumbria,
Cuma reza no novo testamento.
Se istudá a santa filusumia,
Vai aprendê de donde o vento vem,
E mais toda as ingrizia qui o mar têm,
E os nome dos Anjo qui alumia,
I qui troca as noite pulos dia,
Cantando e tocando estrumento,
Na morada di Deus todo momento,
Sem jámais se quexá de tê fobia,
No iscuro, de noite nem di dia
Cuma reza o nôvo testamento.
Vô mimbora agora, e adispois vorto,
Cuma nova lição dessa ciêça,
Vô subí mode í pidí as bença
Pois in sê bom cristão ieu mi importo.
Num blafêmo, nem nunca me arrevorto,
Cum votade de Deus, i vivo atento,
Vô mi mandar no próximo pé de vento
Que assubí no rumo lá de riba
Mêrmo sintindo um frio na barriga,
Cuma reza o novo testamento.
Aqui né ôto não , meu fí, É Limêrinha do tauá, Preto Castãnho da cô do amõ.
Um abraço prá minina Milena, qui se alembrô di Iêu.
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