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Contos-->O Viajante da Verdade * -- 08/01/2002 - 22:47 (Taitson Alberto Leal dos Santos) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


“Houve um tempo, em que tempo não havia. Num lugar, antes da existência de qualquer lugar. Neste tempo, antes da criação do tempo, e neste lugar, antes da criação de qualquer lugar”, haviam homens alados que podiam voar.
Estes homens alados eram seres pacíficos, incapazes de se questionarem sobre a existência ou o universo. Estes não eram homens da ciência, mas acatavam uma mesma verdade, aceita por todos.
Um destes seres alados, inconformado com estas verdades, decidiu criar sua própria verdade, com base no que seus olhos apurassem.
Esticou suas enormes asas e alçou vôo, iniciando o que denominou Viagem da Verdade.
Não tardou a fazer sua primeira (des)construção da verdade. O universo não era como seus semelhantes criam. O sol não ficava imóvel, mas a Terra. Esta era como panqueca, achatada e plana, flutuando sobre o ar. O sol, movimentando-se ao redor da Terra, está situado acima de tudo, além de todos os outros astros, que igualmente a circulam.
O ser alado ficou extasiado com estas constatações, mas não era o bastante, muito havia a ser descoberto, a verdade ainda não era completa.
Agitou suas asas e seguiu à diante. Passou por cada um dos planetas e seguiu em sua jornada.
Voou por um tempo incalculável e sequer passou por qualquer estrela, constatou que estas eram fixas no limite do universo. Este seria então, o fim de sua jornada. Chegando-se aos limites do cosmos chegaria à verdade procurada. Agitou ainda mais suas asas e redobrou sua velocidade.
Seguiu à diante por muito tempo. Seguia sem rumo, pois somente trevas havia à sua frente, mas a conquista da verdade dava-lhe forças para continuar. E continuou.
O movimento de suas asas foi gradativamente desacelerando, tamanha sua exaustão. Adveio o receio, seria o universo realmente infindo? Mesmo com as crescentes dúvidas continuou.
Mais um longo período e avistou, muito ao longe, uma fosca luminosidade. Seria o fim? O centro do universo? A fonte geradora de todo o cosmos? A ansiedade restituiu-lhe as forças e dirigiu-se para a luz.
Cada novo agito de asas mais próximo ficava da verdade. Percebeu que o que via era uma imensa fenda e que a lume estava para além do que visualizava. Mas seu alcance visual findava nesta fissura, não podendo saber o que havia adiante. Voou, então, pela imensa abertura, cego pela ingente luminosidade
Sim, este era o fim do universo. Era necessário seguir inda mais. Voltou seu olhar para a fenda, no intento de acostumar-se à luz. Quando finalmente voltou a enxergar, deparou-se com algo que jamais imaginara encontrar. O que via, imensamente à sua frente, era nada mais do que uma rã.
Mas como era possível todo o universo. toda a existência humana, não ser nada além das entranhas de uma rã? Mas o alado viajante da verdade não pôde completar suas indagações, a enorme rã desenrolou sua língua, engolindo-o.


Taitson Santos


* Texto publicado no "Jornal de Piracicaba" em 24/03/2000.
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