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Artigos-->NINGUÉM É IMORTAL -- 30/07/2004 - 23:31 (Francisco Miguel de Moura) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
NINGUÉM É IMORTAL





Francisco Miguel de Moura*







O homem chega à questão da imortalidade da alma como chega às demais: pensando e sentindo. Desde o início, os primitivos começaram naturalmente a experimentar a morte e a desejar vida mais longa, escapar de doenças e dos momentos finais, justo por não saber o que pode acontecer depois dela. Causas e conseqüências. Já era o pensamento inquiridor do futuro. Aí começaram a sonhar com paraísos depois, porque esta vida era muito ingrata, e também por desejar a imortalidade.

Entre desejar e existir há um infinito. As religiões tentam preencher esse infinito. Elas trazem esperança. Aí seu benefício. Não quero dizer porém que o homem sem uma religião definida não possa ter o mesmo desejo de imortalidade e não pense existir algo maior que ele. Seria Deus.

Já a fé é um sentimento mais profundo, própria daqueles que são mais simples, têm mais humildade, são mais justos. Vivem melhor. Também não se quer aqui afirmar que a religião faça alguns melhores que outros ou vice-versa. Nada disto. A fé é uma graça concedida pela natureza (ou por Deus), sendo este tudo o que está acima do homem, acima dos conhecimentos, acima dos sentimentos; é uma luz pela qual se enxergaria o fim do túnel, o ideal, a compreensão, o amor.

Falando-se apenas em termos materiais, essa história de imortalidade é uma espécie de auto-defesa, uma coisa furada. Nada do mundo é para sempre nem o próprio mundo. Houve um historiador, um estudioso japonês do qual não me recordo o nome, que previu o fim da história, mas o fim de uma história política, qualquer coisa assim como o fim do Estado, a que Karl Marx já se havia referido.

Mas o fim físico do mundo é o fim de tudo e de todos, talvez não do nosso planeta por algum tempo, que ficará gelado nas noites e muitas regiões e fervente durante o dia, sem florestas, sem rios, sem chuva, atmosfera, como uma outra lua – dela diferente no sentido em que continuaremos a nos mostrar ao sol por todos os lados. E então, tudo o que é vida acaba. Os americanos sonham em mudar-se para outro planeta ou satélite antes do desastre final e continuar a vida, o que não garante de forma alguma a imortalidade. Nem, de outra forma, desmente a possibilidade de outra vida ou de outras vidas, da ressurreição e das encarnações. Mas isto ninguém sabe cientificamente nem saberá talvez antes de morrer. O mistério do mundo é a morte e , por causa dela, os mistérios da vida.

Imortalidade de academia e outras como a de deixar o nome na história são bobagens sociais, vaidades que o homem inventa para sobreviver no nome e nas obras, justamente porque não acredita na imortalidade.

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*Francisco Miguel de Moura, escritor, membro da Academia Piauiense de Letras, a UBE e do Conselho Estadual de Cultura.

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