Sim, eu digo: não sou sincero.
Não são minhas minhas palavras.
As proferi por desejá-las
e por tê-las em mim, espero.
Sim, a métrica flutua
em minhas frases sem nexo.
O que desejo e o que contesto
- não as minhas, mas as tuas.
Se nem o dom e nem a forma
pousam sobre a minha pena,
dever-se-á chamar poemas
as palavras que ela entorna?
O que se diz mas não se pensa
há de ser colocado à prova
e toda frase, verso ou prosa,
justificar sua existência.
Então farei a coisa certa:
para autenticar o que penso,
meus versos dou ao julgamento
de quem se julgar poeta.
não encareis como pretexto
essas palavras combinadas
- o que eu delas esperava
fica claro em seu contexto.
|