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Artigos-->É DO MINGO! -- 04/08/2004 - 15:47 (Fernando Antônio Barbosa Zocca) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Tupinambica das Linhas estava praticamente isolada dentro da conjuntura nacional. No dizer do Chuma, considerado o mais chato do pedaço, que ganhava todas de todos, seus moradores viviam mais por fora do que antena de tevê.

Ele chegou, numa certa ocasião a escrever um artigo pro Diário de Tupinambica das Linhas dizendo "Os cidadãos têm os dois lados da consciência humana (o que se refere a si mesmo, e o que se volta para fora) em estado de letargia e semidespertos. O véu é feito com superstição e preconceito. As pessoas aqui viventes nunca se dão conta de si mesmas como membros duma raça, povo, partido, família ou instituição".

É desnecessário dizer que o jornal, por meio do seu redator chefe, o doutor Magino, negou-se a publicar o artiguete, afirmando tratar-se de artiguelho pejorativo.

Chuma, por suas idéias e opiniões, era considerado, nas rodas de café, como um sujeito "mental". Assim, quando a turma via que ele vinha vindo logo diziam: "Ih, muda o assunto, que lá vem o mental".

Mas a turma não deixava de ter uma certa dose de razão. Quando entrava em pane, Chuma confundia bruma com Bruna, depauperado com de pau operado e, má cabra com macabra. Quando estava nesse estado de confusão, ele encontrava dificuldades até pra chegar à rua da Greve, na vila Dependência, local onde morava.

Quando, porém, ele dizia que idéias novas em cabeças velhas, não davam mesmo certo, era batata! Podiam conferir que ele estava certo.

Os mais velhos, do povoado, tinham receio de que o Chuma ao dizer o que dizia, provocava terremotos, incêndios, maremotos, seqüestros, roubos, homicídios e até rebeliões nas cadeias.

Se aquelas ocorrências funestas seriam reações ao seu comportamento verbal, era verdadeiro ou não, isso improcedia. Entretanto a turma, por insinuações, sempre botava a culpa nele.

Um dia, durante uma tarde modorrenta, na praça central, conversávamos sobre a mais profunda filosofia, sob a sombra do monumento aos mortos Tupinambiquences na revolução de 32, quando passou por nós uma quarentona, boazuda ainda, e que murmurava: "Justiça!; justiça!; justiça!"

A primeira idéia que nos veio foi a de que era a ex-amiga do Mingo, deixada por ele, após ter percebido ser a figura, baixinha e briguenta, complexa demais pro seu entendimento.

Chuma e eu nos entreolhamos. Depois de alguns segundos, quando terminou a análise da situação, definiu-a: "Justiça nada. O que ela diz é lingüiça, objeto evocativo dum falo enorme, que está querendo".

Falar o quê pra ele? Ele era o Chuma, meu amigo. E fim de papo.







Leia também do mesmo escritor O TALHER, em contos.





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