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Cordel-->Jesus e Lampião. -- 21/09/2002 - 00:19 (jorge filó) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
DOIS DEDIM DE PROSA
ENTRE JESUS E LAMPIÃO
Autor: Jorge Filó


Meu povo qui tá me uvindo
Me preste muita atenção
Eu num sô de brincadera
Nem de muita falação
Mas quero morrê na cruz
Se onte eu num vi Jesus
De prosa cum Lampião.

Como foi, como se deu
Esse incontro inusitado
Eu vou agora contá
Dum jeito muito ixplicado
Qui é pra num ter quisira
Pois quem dissé qué mentira
Vai está muito enganado.

Foi na estrada que vai
Pru sítio miolo mole
Dibaxo dum juazero
Bin lade tocava um fole
Inquanto Jesus dizia
A Lampião Qui uvia
Inquanto tumava uns gole.

Fui chegano de mancim
Puchei logo um tamburête
Foi na ora Qui Jesus
Falava dos cacuête
Do povo Qui fala im reza
Qui na frente diz Qui preza
Mas pur traz mete o cassete.

E Jesus assim dizia
Na prosa cum Lampião
Pois é meu caro colega
Meu cumpanhero e irmão
Lutá contra as injustiça
A mardade e a cubiça
Né sirviço mole não.

Lampião disse eu concordo
Cum Qui você tá dizeno
Tem muito cabra safado
Qui pru mundo é um veneno
Num vale nem o Qui come
E dessa raça de home
Só vai do mundo eu varreno.

Quando eu vivia no eito
Na lida de noite a dia
Cabra dessa qualidade
Eu logo li advirtia
Pois ô u cabra é direito
Ô mim fartando o respeito
Na merma ora murria

Jesus virô um quartim
Cumeu um taco de bode
Passô a mão pelo os beiço
E disse assim num pode
Tem Qui avê ôta manera
Ô sinão a morredera
Vai dá no mundo um sacode.

Então disse Lampião
Butano a sua lapada
Apois cumigo é assim
Cumigo num fica nada
Se o cabra fô ruim
Logo logo leva fim
Tá risurvida a parada.

E Jesus lambeno a paia
Do seu cigarim de fumo
Disse assim a Lampião
Cumigo eu dô ôto prumo
Pois todo mundo carrega
Mermo Qui as vezes cega
Uma guia pru seu rumo.

Inquanto eles cunversava
Mais gente ia apariceno
No rastro de Lampião
Vei Curisco e Zé Sereno
São pedo se fez presente
Cum um litro de aguardente
E bin no fole mumeno.

A prosa até paricia
De dois velho camarada
Lampião contava um causo
Jesus dava uma risada
E a cana véa ia entrano
Até eu de vez inquano
Butava a minha bicada.

Jesus contô uma história
Dos tempo de antigamente
Quano incontrô Barrabás
Ôto sujeito valente
Mas tava os dois na cadeia
E a coisa ficô feia
Pra um magote de gente.

Disse Quim Jerusalém
O povo Qui li siguia
Li tratava como um rei
Mais Roma num admitia
Quôto reinado izistice
Mas isso era tolice
Pois o reinado izistia.

Ele era rei dos judeus
Purisso foi condenado
Pois Roma já tinha um rei
Que era um cabra safado
E tinha Pônço Pilátos
Qui para negar seus atos
Matô quem foi surtiado.

O sorteio foi cuns dois
Cum Barrabas e Jesus
E quem o povo isculheu
Foi pregado numa cruz
Mas Jesus Qui era deus
Ressucitô para os seus
A quem vivi dano a luz.

Barrabas foi isculhido
Para sê o libertado
Porém ele tava preso
Purque tinha comandado
Contra Roma uma revolta
E povo quiria a volta
Do herói capturado.

Num era purque o povo
Im Jesus perdeu a crença
Mais sim purque Barrabas
A ninguém dava clemença
Inquanto Jesus rezava
Barrabas ia e brigava
Cum a lança pur presença.

Inquanto Jesus falava
Lampião ia iscutano
E quano Jesus parô
Ele já entrô contano
Uma história que se deu
No dia quele morreu
Nem sei mais a quantos ano.

Sem querê li interrompê
Mermo assim li interropeno
Vô li contá uma história
E tá aqui Zé Sereno
Pra num dizê qué mintira
Pois vai tá na minha mira
Quem dissé qué mais-ô-meno.

No dia Qui eu murri
Foi bem grande o tirotei
Nós tava tudo cercado
Como danado eu num sei
Pois vinha tiro acochado
De tudo quanto era lado
E nois morreno no mei.

Começo madrugadinha
Cum nois ainda durmino
A macada chegô
Macia Qui só felino
Qui quano nois demo fé
Já tava armado o banzé
Quem pôde saiu de fino.

E é nessa ora Qui eu digo
Se o cabra é froxo ô valente
Pêdo um camarada meu
Qui já ia lá na frente
Vortô pra morre mas eu
Pois um dia prometeu
Cumpri a sina da gente.

Essa promessa foi quano
Pêdo matô meu irmão
Tava os dois de brincadera
Quano se deu a questão
Mas pêdo na minha frente
Jurô Qui foi acidente
E me fez a devoção.

Pêdo jurô pela cruz
A merma Qui tu morreu
Que no dia Qui eu morresse
Murria do lado deu
Mode pagá o má feito
Quele carregô no peito
Derna quisso acunteceu.

E foi mermo desse jeito
Qui eu tô contano agora
Qui tudo isso se deu
Pois eu tem boa memora
E Jesus lá iscutano
Dano pitada e fumano
Seu cigarrim de caipora.

Já era quase noitinha
E tome os dois cunversá
E quem passava na istrada
Perto do pé de jua
Dava um frei na caminhada
Logo fazia parada
Pra mode os dois iscutá.

E entrô de noite a dento
Os dois num só cunversero
Aqui aculá um gole
Pra num perdê o rotero
Lá pra alta madrugada
Nego dava cabeçada
Trumbicano no terrero.

Porém na barra do dia
Foi quano eu fui me acordano
Fui veno o mundo braiádo
Da cô do céu nevuano
E tinha um cabra sentado
Me cutucano de lado
Inquanto ia falano

Levante meu camarada
O Qui foi Qui acunteceu
Ta ai todo jogado
Parece até que bebeu
Levantei mei aluado
Quano vi tava de lado
Da budega de pompeu.

Vala me nossa sinhora
Disse assim pru budeguero
Qui sonhi da gota serena
Eu tive no seu terrero
Sonhei Qui vi a visão
De Jesus cum Lampião
De prosa num juazero.

Peguei minha bicicleta
Larguei o pau na istrada
Fui passá o fato a limpo
E li digo camarada
Qui o Qui vi num foi mole
Bin bebo inrriba do fole
E a bagacera ispaiada.

Num tinha mais um vivente
Uvino, falano ô veno
Só Jesus e lampião
Qui inda tavam bebeno
Eu disse valeime Deus
Cangaceros e judeus
E saí de lá correno.

Juro pur tudo qué santo
Até pur nossa sinhora
Qui foi o Qui acunteceu
Isso num tem mêa ora
Eu ainda tô suano
Mas isso só vai tumano
Ôta grande sem demora.


FIM
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