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Artigos-->6 de Agosto - Como Foi em Hiroshima -- 07/08/2004 - 01:27 (Don Cuervo) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Como foi em Hiroshima







Será a Terra Arruinada Numa Guerra Nuclear?



A 6 DE AGOSTO DE 1945, o B-59, Enola-Gay da Força Aerea Norte Americana sobrevoava a cidade, às 8,16 da manhã, o povo de Hiroshima estava de pé, iniciando um novo dia. Era uma manhã quente, tranqüila, normal. O B-59 despejou o artefato com destino ao centro da cidade. A explosão aconteceu a mais ou menos 800 mts. de altura.



Uma fração de segundo mais tarde, dezenas de milhares de pessoas morreram carbonizadas, estraçalhadas e esmagadas. O centro duma cidade de 340.000 habitantes foi simplesmente nivelado ao chão.



As vítimas ainda não mortas moviam-se num estado irreal. “Eu estava caída no chão coberta por pedaços de madeira”, lembra-se a sra. Hanuko Ogasawara, ainda mocinha naquele tempo. “Quando me levantei num esforço frenético para olhar em volta, havia escuridão. Terrivelmente assustada, pensei estar sozinha num mundo de mortos e fui “ateando em busca de alguma claridade. . . . Subitamente, perguntei-me o que teria acontecido a minha mãe e a minha irmã . . . Quando a escuridão começou a desvanecer, vi que não havia nada ao meu redor. Minha casa, a casa do vizinho ao lado e a próxima, tudo havia desaparecido. . . . Havia um silêncio, muito silêncio — um momento terrificante. Achei minha mãe num tanque de água. Ela desmaiara. Gritando ‘mamãe, mamãe’, eu a sacudi para que ela recobrasse os sentidos. Após voltar a si, minha mãe começou a gritar por minha irmã, feito louca: ‘Eiko! Eiko!’”



Aos seus gritos juntaram-se outros. Essas cenas, tiradas de um livro de memórias chamado Unforgettable Fire (Fogo Inesquecível), inclui este relato feito por Kikuna Segawa:



Uma mulher, que parecia grávida, jazia morta. Ao seu lado estava uma menina de uns três anos de idade que havia trazido um pouco de água numa lata vazia que encontrara. Ela tentava dar de beber a sua mãe.



Dentro de meia hora, à medida que se erguia no céu o manto de escuridão, irrompeu a onda de incêndios. O professor Takenaka tentava resgatar sua esposa de debaixo de uma viga de telhado. As chamas o afastavam, enquanto ela implorava: “Fuja, querido!” Foi uma cena que se repetiu por incontáveis vezes, à medida que maridos, esposas, filhos, amigos e estranhos tinham de abandonar os que estavam morrendo nos incêndios.



Uma hora após a explosão começou a cair uma “chuva negra” sobre as partes da cidade que ficavam a favor do vento. A precipitação radioativa continuou até o cair da tarde. A inteira conflagração de fumaças e de fogo foi sacudida por um estranho e violento tufão que durou várias horas. Desordenadas procissões de queimados e feridos começaram então a emergir da onda de incêndios. Robert Jay Lifton cita um comerciante de secos e molhados no seu livro Death in Life (Morte em Vida): “Mantinham os braços dobrados . . . e a pele deles — não apenas das mãos mas também do rosto e do corpo — estava pendurada. . . . Muitos deles morreram ao longo do caminho. Ainda posso visualizá-los — pareciam fantasmas caminhantes. Não pareciam ser pessoas deste mundo.”



Alguns vomitavam — um sintoma primário de doença radioativa. O colapso físico acompanhava o colapso emocional e espiritual. As pessoas sofriam e morriam, estupefatas e inertes, sem emitir um som sequer. “Os que tinham condições perambulavam silenciosamente pelos subúrbios nas colinas distantes, de espírito abatido, sem iniciativa”, escreveu o dr. Nichikhito Hachiya em seu Hiroshima Diary (Diário de Hiroxima).



Dentro de três meses o número de mortos em resultado da bomba de Hiroxima chegava calculadamente a 130.000. Mas, a cobrança do tributo final continua a se arrastar. Semanas após o bombardeio números incontáveis de sobreviventes começaram a apresentar hemorragias na pele. Esses primeiros sinais, acompanhados de vômitos, febre e sede, podiam ser seguidos por um esperançoso, mas enganador, período de abrandamento. Mais cedo ou mais tarde, porém, a radiação atacava as células reprodutivas, especialmente a medula óssea. Os estágios finais — a queda de cabelo, a diarréia e a hemorragia dos intestinos, da boca e de outras partes do corpo — provocavam a morte.



Uma ampla série de doenças se desenvolveram da exposição à radiação. Os processos reprodutivos foram alterados. Defeitos congênitos, cataratas, leucemia e outras formas de câncer caracterizaram a sorte dos expostos à bomba de Hiroshima.



Essa bomba, contudo, era pequena. Seus doze e meio quilotons de potência mortífera (igual a 12 1/2 milhares de toneladas de TNT) é hoje considerada uma simples arma tática. Em comparação, uma bomba de hidrogênio pode comportar tantas quantas 1.600 vezes a sua potência. O que aconteceu em Hiroshima não é nem mesmo uma milionésima parte de um holocausto que seria causado segundo os níveis atuais de preparação nuclear mundial! “O que aconteceu ao povo de Hiroshima”, escreveu Jonathan Schell, “. . . é uma imagem do que o nosso inteiro mundo está sempre sujeito a se tornar, um pano de fundo de um dificilmente imaginável horror que jaz logo abaixo da superfície de nossa vida normal, e capaz de irromper nessa vida normal a qualquer segundo”. — The New Yorker, 1.° de fevereiro de 1982.



Será desse modo que o mundo acabará?





Don Cuervo





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