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Contos-->O MESTRE E OS DISCÍPULOS -- 11/01/2002 - 18:02 (Amauri Junior) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
NOTA DO AUTOR: "Não vivemos para nós mesmos;vivemos para eles:a humanidade.
Passamos a vida a ser o que não somos só para lhes agradar. Emprestamos-lhes nossos corpos para lhes servirem de alicerces da humanidade;inconscientemente acabamos por seder-lhes e, passivamente, aceitamos ser subjugados por eles; inconscientemente deixamos de ser nós mesmos e infantilmente nos entregamos-lhes, a fazer o jogo sujo,ou seja a de fazer o que for possível para conseguirmos algo que o julgam ser importante.
No dia em que obedecermos realmente ao que somos e ao que verdadeiramente queremos será mais fácil a vida para todos.
Amauri júnior-SP-11/01/2002.



O MESTRE E OS DISCÍPULOS


Em dois pontos opostos do mundo viviam dois
jovens apegados aos estudos e reflexões sobre
a vida. Tinham uma vida absolutamente austera e,
apesar de jovens, os seus costumes contrariavam
a regra, por viverem como dois velhos eruditos
apegados a assuntos platônicos.
Mas, em um certo dia, entediaram-se da vida
em que viviam por acharem que não aprenderiam mais
sobre a vida se continuassem alí, lendo e
ponderando sobre a vida. Achavam, eles, que se
tivessem um mestre, o mesmo mostrar-lhes-iam,
aquilo que eles supunham ainda não saber, o único
modo de bem viver.
Coincidentemente, os dois sabiam da existência
de um em algum lugar nas altas geladas montanhas
do Nepal. E o mais surpreendente é que resolveram
conhecer o tal mestre;e ainda o mais inesperado é
que partem os dois, cada um de sua região,
ao mesmo dia. Os dois viajam durante dias a
imaginar como seria ter um mestre. Alguém que já
havia vivido o bastante para saber os atalhos da
vida digna e pura;que os conduzissem à erudição de
uma vida que lhes mostrasse o verdadeiro sentido
da vida.
Para surpresa de ambos, ao chegarem ao cúme
da montanha, o jovem que subia a montanha gélida
pelo lado do sudoeste , avistou um outro jovem a
subir a mesma montanha pelo lado sudeste. Os dois,
concomitantemente, por instinto, correram em
direção a morada do mestre da qual estavam, ambos,
pertos;e até a distância que os separava da
morada era a mesma. A iminência do concorrente
chegar primeiro ao mestre, fê-los correr como
nunca haviam feito antes, com agravante de que ao
correrem fazia com que o vento aumentasse sua
intensididade de tal forma que ambos tiveram a
mesma impressão:a de que ao chegarem à morada não
teriam mais faces, por conta dos ventos que
cortavam como navalhas afiadas. Antes mesmo que
chegassem junto à casa do mestre, o mesmo intuiu
que procuravam por ele. Assim, saiu à porta.
Os jovens que tanto viajaram e sonharam agora
estavam lá, diante do célebre mestre. Estavam
ambos cansados da viajem e mais ainda da carreira
que se obrigaram a fazê-la. O mestre com a sua
habitual fleuma os mirava impassivo. Percebeu em
seus olhares deslumbramentos por estarem diante de
alguém que tem por hábito correr os olhos para a
vida por caminhos contráros aos da humanidade;
alguém que com um olhar altivo mira os homens.
Os jovens perceberam que se eles não tomassem
a iniciativa de falar, ficariam os três a
entreolharem-se o dia todo. A um só tempo os dois
falaram:"mestre, quero ser o vosso discípulo".
Os dois entreolharam-se e voltaram-se novamente ao
mestre. Ele com a sua impassividade hatitual
olhou o horizonte ao sul. Refletiu, sob aquelas
navalhas eólicas, e voltou-se aos jovens.
"Só posso ter um discípulo", falou de modo seco e
sem demonstrar expressão facial. "Logo temos um
problema", continuou, "já que ambos chegaram
juntos aqui. Portanto, com intuito de resolver
esta questão, fareis-vos uma pergunta, mas
peço-vos que a respondereis sinceramente",
completou o mestre. Os jovens mais uma vez
entreolharam-se. "Aquele que não souber me
responder corretamente a questão que vos fareis,
será escolhido o meu discípulo", informou-lhes o
mestre. Os aspirantes à discípulos entreolharam-se
mais uma vez, mas agora com ares de interrogação.
"Vou perguntar-vos" alertou o mestre. "Quanto
é um mais um", perguntou secamente o mestre com
ares de desdém. Aquela pergunta conseguiu
surpreender ainda mais os viandantes. Afinal, no
lugar de uma pergunta que eles julgavam ser tão
difícil de responder, o mestre, para surpresa deles,
fez-lhes uma pergunta absolutamente fácil de se
responder.
O jovem do sudeste, astuto, respondeu errado,
mesmo sabendo a resposta correta. O jovem do
sudoeste, percebe que ele não pode vencer aquela
disputa porque sabia a resposta; já que a vitória
advinda de uma forma ardilosa não seria realmente
uma vitória, mas apenas sua apropriação indevida.
Então, respondeu que era dois o resultado da questão.
O rapaz do sudoeste baixou a cabeça por intuir que
não seria o escolhido. O mestre com a sua fleuma
de sempre, olhou para o aspirante do sudoeste.
"Vós, meu rapaz, deveis voltar à vossa terra",
falou serenamente o mestre, "porque respondestes
corretamente à minha pergunta". "Ides, meu rapaz,
porque não deveis procurar um mestre, mas sim um
discípulo". Terminou o mestre que se virou e
entrou em sua morada. O rapaz do sudoeste foi
embora com um sorriso de quem não estava a
acreditar no que acabara de ouvir; e a sua alegria
foi crescendo tanto por dentro de si que começou
a achar que seria capaz de levá-lo de volta para
casa voando como um pombo que anseia por voltar a
casa.
O que explica a atitude do jovem do sudoeste
talvez seja a sua incapacidade de fazer tudo para
conseguir algo, o que mostra que ele caminha
contra a maré da humanidade; concerteza, ele,
naquele dia, percebeu o sentido da vida - ao agir
como se esperava que ele agisse - já que não
existe vitória quando se tenta enganar a si mesmo...

Amauri Júnior - SP - 11/01/2002.



























































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