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Textos_Religiosos-->O ATUAL PAPA E O PAPA ANTERIOR -- 14/04/2010 - 18:45 (Benedito Generoso da Costa) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Sem carisma de João Paulo 2º, Bento 16 pode ser melhor papa
Autor(es): ROSS DOUTHAT DO "NEW YORK TIMES"
Folha de S. Paulo - 14/04/2010

No pontificado de Karol Wojtyla, Joseph Ratzinger resolvia escândalos que seu antecessor não coibia; acusações atuais contra ele são mais fumaça do que fogo


O MUNDO NEM sempre concordava com o papa João Paulo 2º, mas sempre pareceu amá-lo. Bem apessoado e carismático, com estilo de ator e confiança de estadista, ele transformou o pontificado de um anacronismo italiano em um fenômeno mundial. Sua santidade pessoal inspirou uma geração de jovens católicos. "Santo subito!", pediam as multidões romanas enquanto ele agonizava.
Não ouviremos o mesmo pedido com relação a Bento 16. Era evidente que o mundo encontraria mais dificuldade para amar, como papa, o antigo cardeal Joseph Ratzinger. Mais introvertido, menos político e menos disposto a viajar do que seu predecessor, seu rosto enrugado e expressão fechada conferem a ele um ar de tio-avô sinistro. Enquanto o papa anterior organizava eventos que atraíam presidentes e astros do rock, o cardeal Ratzinger cuidava das coisas em Roma, enfrentava os teólogos liberais e chegou a ser caricaturado como "o rottweiler de Deus". A recompensa dele deveria ter sido a aposentadoria. Em lugar disso, foi alçado ao trono de Pedro e, ao que parece, ao desastre.
A inexorável sucessão de escândalos sexuais nos quais Bento 16 interveio começou a ser revelada em março por um incidente sério: um padre pedófilo que retornara ao sacerdócio em Munique com a aprovação dos então subordinados ao arcebispo Ratzinger -e talvez com seu conhecimento.
As supostas provas mais recentes, no entanto, oferecem mais fumaça do que fogo. O papa está sendo criticado não só por permitir crimes sexuais ou acobertá-los mas porque, nos anos 80 e 90, a burocracia do Vaticano agiu com lentidão quanto a pedidos para excluir formalmente do sacerdócio padres que já haviam perdido suas posições na hierarquia.
No entanto, a fumaça é suficiente para causar estragos. Em meio à onda de escândalos, o catolicismo precisava do magnetismo de um João Paulo 2º, de um mestre dos gestos ousados e dos atos comoventes de penitência. Em lugar disso, a igreja tem de se conformar com o introvertido Bento 16.
João Paulo 2º, porém, amava e defendia Marcial Maciel Degollado, fundador dos Legionários de Cristo. Mas agora sabemos que Maciel era um sociopata sexualmente voraz. E graças a um recente artigo de Jason Berry para a revista americana "National Catholic Reporter", conhecemos o segredo do sucesso de Maciel no Vaticano: sua extraordinária capacidade de arrecadar fundos, que muitas vezes fluíam para assessores próximos do papa.
Apenas um líder da Igreja sai incólume da história de Berry: Joseph Ratzinger. Berry conta sobre uma palestra de Ratzinger a um grupo de padres membros dos Legionários e do envelope repleto de dinheiro que recebeu no evento para "seu uso em caridade". O cardeal "se mostrou inflexível", relata uma testemunha do incidente, e o dinheiro terminou rejeitado.
Não se trata de um caso isolado. Nos anos 90, foi Ratzinger que pressionou pela investigação completa do caso de Hans Herrmann Gröer, cardeal de Viena acusado de pedofilia, mas viu seus esforços bloqueados pelo Vaticano. Foi Ratzinger que reabriu a investigação há muito adormecida sobre a conduta de Maciel, em 2004, dias depois de o papa João Paulo 2º ter homenageado os Legionários de Cristo em uma cerimônia no Vaticano. Foi Ratzinger, depois de virar papa, que baniu Maciel para um mosteiro e ordenou um inquérito abrangente sobre sua ordem.
Isso significa que o altaneiro João Paulo 2º permitia que escândalos se espalhassem sob seus pés, enquanto Ratzinger, desprovido de carisma, ficava com a missão de resolvê-los. Esse padrão se estende a outras questões controversas que o papa anterior tendia a evitar -o aviltamento da liturgia católica ou a ascensão do islã na Europa um dia cristã. E envolve também o calibre dos bispos da igreja, um quesito no qual as indicações de Bento 16 vêm sendo vistas como grande melhora com relação às escolhas de João Paulo 2º.
Será que Bento 16 fez o bastante para limpar a casa e demonstrar contrição? Certamente não. O Vaticano que ele agora comanda respondeu aos escândalos com ressentimento, resistência e certa dose de autopiedade que nada tem de cristã? Com certeza. Será que o atual papa será capaz de reconquistar o respeito e a admiração, à sua pessoa e ao seu posto, de que João Paulo 2º desfrutava? De maneira alguma.
Mas por mais improvável que isso possa parecer hoje, Bento 16 talvez no futuro venha a merecer ser recordado como um papa melhor do que o seu adorado antecessor.



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