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Poesias-->DE UM SUICIDA PARA DANIEL FIUZA E KILANDRA -- 23/02/2002 - 14:38 (denison_obras selecionadas) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Caro Daniel Fiuza,



Por que descubro as palavras mais doces e noturnas, nesta minha fase lírica, e minha voz de ódio se detém suave entre o coração e a garganta?

Eu não sou como os dos Usina. Sei que é estranho dizer isso, mas leia minha carta como se lê versos, como quem beija, como quem chora ao longo do muro. Eu tenho que sair de lá...do Usina...aquela coisa distante e estranha. Um dia eu saio.

Talvez, meu Deus, queira que eu deixe tudo e os ame. Ou por que será tão difícil não os seguir quando passam diante de mim? Não que queira me diferenciar deles, Daniel, é que simplesmente ainda não cheguei lá. Tenho de sair do Usina, mas é aquilo que me mantém vivo. Sem escrever lá e me desnudar, eu estou morto. Não tenho força para viver a vida que levam.

Acho que, se um braço deles se atrofiasse, eles tentariam, a todo custo, esconder. Mas eu, não, Daniel. Apareço diariamente ante os terraços dos cafés, e, embora seja difícil tirar o sobretudo e sair de todas as minhas confusas roupas, não temo este esforço de me desnudar. E posto-me diante de todos eles lá, não sem orgulhoso, com meu membro ressequido e deformado.; vê-se que é algo bem raro.

Não, não que eu me pretenda diferente.; mas estaria sendo arrogante se quisesse me igualar a eles. Não sou. Não tenho nem sua força e nem sua grandeza. Eu me alimento, e de refeição em refeição existo sem mistério algum.; mas eles sobrevivem quase como se fossem eternos, como se não cometessem crimes.

Postam-se nas suas esquinas cotidianas, mesmo em junho, e o frio não os faz gritar. O nevoeiro e a chuva chegam, deixa-os indistintos, e ainda assim eles SÃO.

Eu estava congelado, e doente, muitas coisas em mim pereceram. Eles, porém, ainda vivem, Daniel. E o Usina está repleta de gente que escorrega devagar até eles. No começo, a maior parte resiste, mas sucumbem no final.

Sei que, se estivesse destinado ao pior, de nada adiantaria disfarçar-me sob os meus melhores trajes franceses, atrás do meu cachimbo inglês. E só agora, Daniel, compreendo que o verdadeiro consolo só começa quando a felicidade passou e está para sempre perdida.



Denison Borges. 23 fev 2002







Querida Kilandra,



Meus Deus, pensei com veemência, então é assim que és, minha menina paulista?

Há provas de sua existência, Fernanda! Esqueci-me de todas, jamais exigi alguma, só pedi.; pois que monstruosa obrigação me acarretaria tal certeza! E ainda assim isso agora me é revelado. Esse é o teu gosto, o teu signo, a data natal, as tuas primaveras vividas, isso é o que te agrada.; teu mistério impenetrável. Se pudéssemos tolerar tudo, sem fazer julgamentos...quais as coisas duras? Quais as misericordiosas? Só tu sabes, Kilandra – Fernanda – Maria – Lânguida - Fanática – Mania.

Quando vi Keiko com toda aquela roupa sofisticada, tomando uísque e rodeada de pessoas elegantes e vi você, uma mulher extremamente sensual e delicada, amante da noite, bastante cheirosa e escovada, pensei comigo: Todas as mulheres genuinamente paulistas possuem este nível? Me responde isso...

Olha...Quando for inverno outra vez, vou precisar de um sobretudo novo: permite que eu o use assim, enquanto for novo.



Denison Borges. 23 fev 2002
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