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Textos_Religiosos-->22. Da consideração da miséria humana -- 25/04/2010 - 23:59 (José Francisco Bessa da Costa) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
22. Da consideração da miséria humana


1. Miserável serei, onde quer que esteje e para onde quer que me volte, se não me voltar para Deus. Por que me afligir, quando não me correm as coisas a meu gosto e vontade? Quem é que tem tudo à medida de seu desejo? Nem eu, nem homem algum sobre a terra. Ninguém há no mundo sem nenhuma tribulação ou angústia, quer seja rei quer Papa. Quem é que vive feliz? Aquele, de certo, que sabe sofrer alguma coisa por Deus.

2. Muitos mesquinhos e tíbios dizem: Olhai, que boa vida tem este homem: quão rico é, quão grande e poderoso, de que alta posição! Devo olhar para os bens do céu, e ver que nada são os bens corporais, mas muito incertos e onerosos, pois nunca vive sem temor e cuidado quem os possui. Não consiste a felicidade do homem na abundância dos bens temporais; basta-lhe a mediania. O viver na terra é verdadeira miséria. Quanto mais espiritual quer ser o homem, mais amarga lhe será a vida presente, porque conhece melhor e mais claramente vê os defeitos da humana corrupção. E também se torna pesado o comer, beber, velar, dormir, descansar, trabalhar e estar sujeito a todas as demais grandes misérias e aflições para o homem espiritual que deseja estar isento disto e livre de todo pecado.

3. Sim, muito oprimido se sente o homem interior com as necessidades corporais neste mundo. Por isto roga o profeta a Deus, devotamente, que o livre delas, dizendo: Livrai-me, Senhor, das minhas necessidades (Sl 24,17). Mas, ai daqueles que não conhecem a sua miséria, e, outra vez, ai daqueles que amam esta miserável e corruptível vida! Porque há alguns tão apegados a ela - posto que mal arranjem o necessário com o trabalho ou com a esmola - que, se pudessem viver aqui sempre, nada se lhes daria do reino de Deus.

4. Ó insensatos e duros de coração, que tão profundamente jazem apegados à terra, que não gostam senão das coisas carnais. Infelizes! Lá virá o tempo em que hão de sentir, muito a seu custo, como era vil e nulo aquilo que amaram. Os santos de Deus, e todos os fiéis amigos de Cristo, não tinham em conta o que agradava à carne nem o que neste mundo brilhava, mas toda a sua esperança e intenção se fixavam nos bens eternos. Todo o seu desejo se elevava para as coisas invisíveis e perenes, para que o amor do visível não os arrastassem a desejar as coisas inferiores. Não percas, minha alma, a confiança de fazer progressos na vida espiritual; ainda tens tempo e ocasião.

5. Por que queres adiar tua resolução? Levanta-te, começa já e dize: Agora é tempo de agir, agora é tempo de pelejar, agora é tempo próprio para me emendar. Quando estás atribulado e aflito, é tempo de merecer. Importa que passes por fogo e água, antes que chegues ao refrigério (Sl 65,12). Se não te fizeres violência, não vencerás os vícios. Enquanto estamos neste frágil corpo, não podemos estar sem pecado, nem viver sem enfado e dor. Bem quiséramos descanso de toda miséria; mas como pelo pecado perdemos a inocência, perdemos também a verdadeira felicidade. Por isso devemos ter paciência, e confiar na divina misericórdia, até que passe a iniqüidade (Sl 52,6), e a vida absorva esta mortalidade (2Cor 5,4).

6. Como é grande a fragilidade humana, inclinada sempre ao mal! Hoje confesso os meus pecados, e amanhã cometo outra vez os mesmos que confessei. Resolvo agora me acautelar, e daqui a uma hora estou como quem nada se propôs. Com muita razão nos devemos humilhar e não nos ter em grande conta, já que tão frágeis somos e tão inconstantes. Assim, facilmente se pode perder pela negligência o que tanto nos custou adquirir com a divina graça.

7. Que será de nós no fim, se já tão cedo somos tíbios? Ai de nós, se assim procuramos repouso, como se já estivéssemos em paz e em segurança, quando nem sinal de verdadeira santidade aparece em nossa vida. Bem necessário nos fora que nos intruíssemos de novo, como bons noviços, nos bons costumes; talvez assim houvesse esperança de alguma emenda futura e maior progresso espiritual.
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