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Textos_Religiosos-->A IGREJA ANTE OS DESAFIOS DO PRESENTE -- 28/04/2010 - 19:57 (Benedito Generoso da Costa) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A Igreja ante os desafios do presente

Por Maria Clara Lucchetti Bingemer

A Igreja Católica tem ocupado insistentemente o noticiário nos últimos tempos e lamentavelmente para nós que somos parte dela no mesmo sentir e na mesma pertença, não muito positivamente. Os escândalos da pedofilia entre membros do clero e mesmo do episcopado parece que destaparam uma grande panela de pressão, obrigando a instituição mais antiga do mundo a rever-se em profundidade em vários pontos.

Acreditamos que isto não deixa de ser positivo. No contexto da grande e radical mudança de época que vivemos, ser levada a olhar-se a si mesma com olhar crítico e procurar trazer à luz pontos problemáticos que apontam para uma necessidade de conversão é uma graça que Deus nos dá neste momento da história. E como tal, necessita ser muito bem vivida, não podendo nem devendo ser desaproveitada.

Ressaltamos a seguir alguns desafios do presente que nos parecem importantes no atual momento que a Igreja atravessa:

1. Nos últimos decênios, a Igreja Católica tem assistido a dramática diminuição de seus efetivos mais importantes. A queda das vocações sacerdotais e religiosas, a evasão dos clérigos que pedem redução ao estado laical, seja porque descobrem que o estado de vida celibatário não é algo a que se sentem chamados, seja porque não encontram mais sentido na vocação que um dia abraçaram com fervor e entusiasmo ou por outros motivos é um fato.

Isto coloca a Igreja inapelavelmente frente à crise de seu modelo. Mostra-lhe que não pode mais configurar-se e erigir-se apoiada fundamentalmente sobre o clero e os religiosos como dirigentes e líderes, deixando o laicato em posição secundária, de subordinação e sem acesso às decisões. Se persistir neste modelo, corre o risco a instituição eclesial de ver-se obrigada a desfazer-se de muitas de suas obras - como escolas, hospitais, universidades - que tanto bem fizeram à humanidade ao longo de 2000 anos que nos fazem a nós, católicos, sentir-nos humildemente orgulhosos do que somos e do que a graça de Deus ajudou-nos a construir durante este tempo.
A teologia pós-conciliar vem chamando insistentemente a atenção para o fato de que a Igreja não deve mais configurar-se como uma instituição baseada sobre um eixo de contraposição clero X laicato; religiosos X não religiosos. Este eixo dá margem a concebê-la como uma instituição elitista, onde haveria os especialistas do espírito e a gente comum e corrente, que estaria sujeita às pobres e menores contingências da condição humana. O modelo eclesiológico da Igreja como Povo de Deus que a Lumen Gentium, documento central no Concílio Vaticano II propõe para a auto-concepção da Igreja pode ajudar-nos muitíssimo a todos os batizados neste momento de revisão. Trata-se de um modelo que concebe a comunidade eclesial a partir daquilo que é mais fundamental para todos os seus membros: o Batismo que os configura a todos e a cada um a Jesus Cristo, Senhor e Mestre a quem todos desejam seguir e servir. A partir desta dignidade que a todos iguala é que surgem os ministérios como serviços e não como privilégios.

2. A Igreja Católica, além disso, juntamente com as outras Igrejas cristãs históricas, tem visto diminuir e desaparecer consideravelmente sua hegemonia e sua força de configuração do comportamento da sociedade civil. De matriz cultural e civilizatória principal e central do Ocidente, passa a ser uma entre outras propostas religiosas, dividindo com estas o espaço e o imaginário da população, e sendo chamada fortemente a dialogar com essas diferentes visões, na abertura e na fraternidade sem disputas ou combates estéreis. O mundo é plural, não mais teocêntrico. Nem mesmo moderno antropocêntrico de corte cartesiano. Outras cosmovisões, outras experiências religiosas, outras dimensões vitais e salvíficas foram trazidas para perto pela tecnologia, pela globalização e por muitos outros fatores. Há que olhá-las de frente e com elas dialogar. Mais: há que a elas dar as mãos para construir juntos os grandes desafios da humanidade: a justiça e a paz. O Papa Benedito XVI fala belamente sobre isso em sua última Encíclica Caritas in Veritate. Integrar as alteridades e as diferenças, delas aprender humildemente, contribuir com aquilo que nos é próprio e com o que constitui nossa identidade, eis o que enriquece e que pode nos fazer todos mais fraternos, mais irmãos, mais humanos.

3. A Igreja Católica neste primeiro quartel de século XXI vê-se convidada a voltar seus olhos para outros hemisférios: o hemisfério oriental e o hemisfério sul. Sempre identificada com o Ocidente europeu, considerado a matriz da civilização ocidental e cristã, agora resulta que a maioria dos cristãos e católicos se encontra na Ásia, na África e na América Latina. O superior geral dos jesuítas, Pe. Adolfo Nicolás, em recente discurso no México, chamou a atenção para o fato de que a grande maioria das vocações para a importante ordem religiosa pela qual é responsável se encontra na India, no Vietnam, na Coréia. Ou ainda na África e na América Latina. Reconheceu publicamente que o próximo superior geral da ordem poderá ser asiático ou africano ou latino-americano. Isto significa que a Igreja está sendo convidada a redirecionar seu olhar para essas partes do mundo onde estão os deserdados do progresso e de suas benesses. Aí estão as culturas dominadas, exploradas secularmente pelo norte vitorioso que escreveu a história oficial. Sem desconhecer todo o bem e a maravilha que muitos missionários presentes nestas regiões fizeram ao longo destes mais de vinte séculos de história, é o momento, parece , de descentrar a Igreja, de mudar seu epicentro do norte para o Sul e do oeste para o leste, procurando ouvir e captar o que Deus está dizendo à comunidade eclesial como um todo desde estas margens da história que sempre foram esquecidas e desvalorizadas por uma visão muito marcada por certo modo de ver e sentir e certo estilo de viver. Pode ser uma excelente oportunidade de abertura e conversão para toda a Igreja em todos os seus segmentos e um saudável momento de um recomeço no seguimento de Jesus em novas bases e novos paradigmas.

No entanto, nenhum destes desafios pode ou deve ser respondido apenas com a adoção de estratégias ou táticas inovadoras e sofisticadas . Os estudos sociológicos e a lucidez histórica podem ajudar-nos mas não nos porão no caminho certo se não vierem acompanhadas de uma profunda atitude espiritual. Nesse sentido as últimas alocuções do Papa, sobre a necessidade da penitencia para toda a Igreja, desde o sucessor de Pedro até o mais humilde dos fiéis, reconhecendo um pecado e uma insuficiência que é de todos nós, apontam numa direção que é a única onde podemos estar seguros de ser guiados pelo Evangelho de Jesus. Não é com arrogância ou dureza, apontando o dedo acusatório contra pessoas ou grupos, que poderemos, enquanto Igreja, sair da crise onde estamos mergulhados. Mas sim com a atitude humilde do publicano que bate no peito e se reconhece pecador entre todos os outros, pede misericórdia e luz por parte do Senhor para ver por onde caminhar. A transparência e a verdade que devem caracterizar a Igreja neste momento doloroso pelo qual passa, se não vierem acompanhadas da humildade e do arrependimento, da penitencia e da conversão, não poderão levá-la muito longe no único caminho que deve ser o seu: o de refletir no meio do mundo a face do Senhor Jesus, que sendo rico se fez pobre , obediente até a morte de Cruz.

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3 comentários.

Comentários para o texto

A Igreja ante os desafios do presente

Enviado por Jose Afonso T.Gomes em 28/4/2010

Parabéns pelo artigo, e na linha do Ebert "Que os nossos Bispos esteja mais atentos ao que acontece na Paróquias, orientando contra todo e qualquer tipo de desvio que firam a Igreja, seja no camo moral, ético, litúgico etc" passo a citar "A diocese a qual pertenço possui 477 paroquias, a minha vigararia possui 30 paroquias, eu e minha esposa fomos chamados para uma reunião com os 30 paracos e o Bispo para criar a pastoral da familia, em plena reunião os padre mais velhos instalados esvaziaram a proposta e não se conseguio formar a pastoral" é esta Igreja que temos Vila do Conde PortugalW

Enviado por Edni Gugelmin em 28/4/2010

E o que dizer do silêncio irredutível da Igreja com relação à posição da mulher em suas fileiras? Às vezes me parece que nem nós, mulheres, temos ânimo para tratar disso. Com respeito, E G

Enviado por Ebert Guimarães Calaça Filho em 28/4/2010

Parabéns pelo artigo! Sugestões, simples, de um leigo: -Rezar muito pela Igreja e por todo o Clero -Voltarmos todos ao primeiro amor por Cristo e Sua Igreja -Selecionar e preparar melhor os jovens que são chamados ao serviço da Igreja -Que os nossos Bispos esteja mais atentos ao que acontece na Paróquias, orientando contra todo e qualquer tipo de desvio que firam a Igreja, seja no camo moral, ético, litúgico etc Proibir, com uma catequese madura, tudo o que for contrário a fé cristão católica. E, que, nós lleigos, possamos participar com mais ardor, sempre, eu disse sempre, sob a autoridade eclesial, lembrando queá Igreja é primordialmente Amor e Serviço, para a implantação do Reino de Deus.

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