"Não resista ao homem perverso, antes dê e faça mais do que ele exigir". Esse modo de agir, se adotado pelos cristãos primitivos, foi abandonado muito cedo, dada a sua impraticabilidade. Todavia, tende a nos ser imposto hoje, ainda com custo financeiro para a sociedade, sob fundamentos um tanto arenosos. O direito de se defender está cedendo ao dever de favorecer aos bandidos.



Medida tão discutível, o Estatuto do Desarmamento está aí. O pior é que nós temos que pagar pelas armas voluntariamente entregues às delegacias, armas essas que não são as mais perigosas.



Após tomar em conta o fato de que mais de oitenta por cento dos assassinatos são cometidos por pessoas do meio do narcotráfico, pessoas essas que jamais irão às delegacias entregar suas armas, consideremos os argumentos pró-desarmamento:



O BANDIDO ALGUMAS VEZES USA A PRÓPRIA ARMA DA VÍTIMA PARA MATÁ-LA. Pensem nisso: o bandido precisa de arma da vítima? Quando ele quer matar, ele tem a própria. Desarmar as vítimas não lhes trará nenhuma proteção. Por outro lado, é bem certo que, após o completo desarmamento dos cidadãos de bem, os bandidos estarão bem mais seguros para assaltar com pedaços de paus, pedaços de garrafas, ou até com as próprias mãos, uma vez que não lhes falta onde treinar artes marciais. O desarmamento lhes trará grande tranqüilidade, mais liberdade, etc. Até invadir as residências se tornará uma tarefa bem mais simples, com muito poucos riscos para os assaltantes.



ALGUMAS VEZES CRIANÇAS CAUSAM ACIDENTES COM ARMAS DOS PRÓPRIOS PAIS. Outra coisa rara, que não deveria ter peso algum numa questão de tanta gravidade. São poucos os pais imprudentes a ponto de deixar armas carregadas ao alcance de crianças. Quantas mortes ocorrem anualmente dessa natureza? Têm alguma relevância diante dos assassinatos cometidos pelos bandidos? Nem devem aparecer nas estatísticas.



PESSOAS ARMADAS SÃO PROPENSAS A MATAR POR POUCA COISA. Realmente, um indivíduo muito irritado, se tiver uma arma, pode usá-la. Mas a porcentagem das mortes ocorridas em brigas fora do âmbito do crime organizado nem é tão grande, segundo informam as autoridades que lidam com o assunto. Para evitar esses fatos, seria o bastante limitar o porte de armas a pessoas bem identificadas e qualificadas para tal, sem se chegar ao extremo de perseguir as armas guardadas nas residências enquanto os bandidos permanecem bem armados. Não é de bom senso deixar todo mundo sair por aí cada um com um revólver na cintura; porque isso poderia ampliar um pouquinho os danos ocorridos em brigas. Entretanto, incriminar a existência de uma arma guardada na residência vai muito além. Isso é deixar o cidadão muito mais à mercê dos meliantes.



OS BANDIDOS PODEM INVADIR AS RESIDÊNCIAS E ROUBAR AS ARMAS ALI EXISTENTES. Outra coisa que não podemos negar, porque para o bandido quase sempre tudo é possível. Mas, tirar todas as armas das residências enfraqueceria os bandidos? Se eles invadem uma residência, eles têm armas sempre muito mais poderosas do que as que podem encontrar ali. Não dependem delas. Esse procedimento governamental apenas servirá para diminuir os riscos de os bandidos serem atingidos do lado de fora por quem está dentro da residência, em melhores condições de ataque, quando até há mais possibilidade de alguém se defender com uma arma menos poderosas do que a do que vem atacar.



Não consigo ver fatos que justifiquem desarmar os cidadãos enquanto não conseguimos desarmar aqueles que mais fazem uso das armas. Deveria haver bastante burocracia para a aquisição de uma arma, para ser mais fácil identificar quem as usassem, e deveria haver punição severa aos comerciantes que transgredissem as normas vendendo sem os devidos procedimentos. Mas, daí a sair suprimindo aos cidadãos de bem o direito de possuir uma arma enquanto aos bandidos é fácil adquiri-las sem obedecer a procedimentos de segurança, há um grande abismo.

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