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Cronicas-->Novo Milênio - perspectivas? -- 12/10/2001 - 13:33 (Patricia Rosa) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Lembro que quando eu era criança ficava imaginando como seria o ano 2000. Eu teria 30 anos e essa idade para uma criança é como se pensar já cheia de responsabilidades, com cabelos brancos, carro, casa, etc...
Via no televisor o desenho animado dos Jetson´s e me imaginava no distante ano 2000, trafegando pelo céu, com uma empregada robó e a casa cheia de botões que iriam fazer surgir das paredes a satisfação de todas as minhas necessidades. Ficava horas imaginado como seria minha vida de mulher adulta, lidando de igual para igual com os outros adultos. O mundo estava todo projetado na minha imaginação infantil, ingênua. Poderia viajar para outros planetas em naves particulares, a comida seria em cápsulas de todos os sabores, eu teria a liberdade de comer o que quisesse, as verduras, é claro, não estariam no meu cardápio.
Depois desse sonho maravilhoso de um mundo completamente automatizado, comecei a receber informações de outras crianças que ouviam dos seus pais que o ano 2000 seria o marco do fim de tudo. Uma grande catástrofe, a guerra final ou o terceiro segredo de Fátima. Da ilusão dos meus 30 anos cheios de liberdade e robós me servindo, veio o pavor do ano 2000. O final dos tempos, eu jamais teria cabelos brancos, tampouco iria viver a tão esperada liberdade.
Os anos foram passando, guerras por toda parte, fome, miséria, exploração, intolerància, eu pensava que meu sonho era realmente uma bobagem e que meus colegas é que tinham razão, a vida no ano 2000 estaria mais para Mad Max do que para Jetson´s. Desisti, nessa época, de pensar no futuro, queria só viver e esperar a adolescência acabar, as espinhas sumirem do rosto e viver o que me restava até o dia em que nós colocaríamos fim em tudo.
Hoje tenho 30 anos, vejo que pouca coisa mudou, não tenho aquela liberdade toda, nem uma empregada robó que me auxilie nas tarefas domésticas, aliás estou desempregada e vivo num país em que existem muitos na mesma situação, não tenho casa nem carro, mas alguns cabelos brancos; ainda tenho que comer verduras e hoje elas são ainda mais ruins, cheias de agrotóxicos. Do outro lado do mundo ainda se briga pelas mesmas razões que eu lia que se brigava a séculos atrás, religião, terra, poder, status, domínio. Num país aqui de cima, os negros continuam sendo marginalizados, justamente naquele país que eu imaginava, na inocência da minha infància, que viriam todas as maravilhas para o bem-estar da humanidade.
O século não acabou no ano 2000, apesar de muitos o terem levado à porta de saída no último reveillon, ele continua lá, como uma visita chata que fica emendando assunto no portão quando estamos loucos para entrar em casa, tirar os sapatos e estarmos finalmente sós.
Do alto dos meus, hoje, poucos 30 anos, fico mais serenamente esperando que o próximo século seja pelo menos um pouco daquilo que eu sonhei quando criança, nada de Jetson´s muito menos de Mad Max, mas que cheguemos finalmente a conclusão que podemos todos ser igualmente livres para sermos diferentes, que essas diferenças sejam respeitadas e que a tolerància possa ocupar em nossas mentes e corações o lugar que até hoje só vejo poluído pelo desafio de manter alguns no alto e a maioria bem abaixo.
Ainda sonho com o século XXI e que possamos ter aprendido com aquilo que passou, que temos o direito de ter perspectivas melhores, que destruir a natureza é assinar nossa própria sentença de morte e talvez dar às nossas crianças o direito de sonhar com a esperada era de aquário, onde tudo será mais bonito do que apenas robós nos servindo e todos possam ter o direito a vidas dignas.
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