DEIXEM AS AVES VOAR
Quero os pensamentos nus,
Despidos de preconceitos,
Quero gestos naturais,
Não quero nada estudado,
Nem o discurso gravado,
Com vírgulas, pontos finais.
Quero interrogações,
Numa conversa directa,
E sentir as emoções,
Duma resposta concreta.
Estou farto das mentiras,
Que alimentam o mundo,
Palavras prostituídas,
Ditas em tom rotineiro,
Sem vergonha, revestidas,
Com o timbre do dinheiro.
Quero espelhos de cristal,
Correndo livres nos rios,
Não quero as forças do mal,
Em escuros desafios.
Deixem as aves voar,
Em plena liberdade,
Para que possam voltar
Com as asas da saudade!
E quero depois de tudo,
Dizer de forma sentida,
Quem consente e fica mudo,
Merece o que tem da vida!
Fernando dos Santos
23/8/2001
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