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Contos-->A tristeza -- 13/01/2002 - 22:51 (Adelio Rosa) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Um caçador chegou com cuidado ao casebre rústico. Observou a casa, feita de bambus e coberta de palha, encostada a uma grande pedra. O terreiro era limpo e uma grande árvore oferecia sua sombra durante o dia, e aconchego à noite.
O caçador era João Ramiro, homem rude, criado sob luta diária do batente pesado. Pouco foi à escola, o suficiente apenas para ler e escrever. Apesar da pouca cultura, Ramiro era muito esperto, experiente e tinha grande vontade de aprender. Sua maior força estava na originalidade e na simplicidade diante dos fatos da vida.
Diante do Mestre, o homem narrou seu drama.
- Senhor, durante vários anos tenho convivido com muitas pessoas, no bar da cidade, onde todas noites busco um pouco de diversão. Acontece que tenho ficado triste quando percebo tamanha minha ignorância, se comparada com as pessoas da cidade. Por isso Mestre, eu lhe rogo: o que devo fazer para ser sábio?
Mahatma, sentado à sombra da grande árvore, disse:
- Vou lhe dar uma pílula. Ela fará de você um grande sábio. Mas devo alertá-lo: você somente deverá ingeri-la quando todos os que estiverem próximos de ti estiverem tristes. Lembre-se: tome um comprimido somente quanto todos estiverem tristes.
E o homem foi-se profundamente feliz e esperançoso. Nashi, o discípulo, ficou admirado. Não sabia que seu Mestre tinha um remédio tão importante.
- Eu não sabia que o senhor tem a pílula da sabedoria.
- Nem eu, respondeu Mahatma.
João Ramiro, por diversas noites, esteve no bar da cidade, aguardando o momento certo para tomar a pílula da sabedoria. Sempre que chegava, Ramiro atraia as pessoas, que riam muito com suas estórias, seus casos e sua forma simples e alegre de ver as coisas da vida. Ali estavam pessoas que não tinham muitas oportunidades de sentirem alegres. Sofriam as dores de se viver longe do conforto e da esperança. Quando o caçador falava todos se alegravam.
Um dia, depois de muitas tentativas para tomar a pílula, João Ramiro chegou ao bar muito triste. Ficou infeliz quando percebeu que não conseguia o momento necessário para tomar o remédio que faria dele um sábio. Não conversou com ninguém. Estava triste e muito deprimido.
Passou horas sentado em uma cadeira, no fundo do estabelecimento. De repente percebeu um silêncio profundo em todo o bar. Muitas pessoas estavam ali, mas o ambiente era de profunda tristeza. Ramiro emocionou-se. Como previra o Mestre, a hora de tomar a pílula tinha chegado. Tirou o comprimido do bolso e já o levava a boca, quando parou e ficou estático, quieto, como se já não estivesse ali. Depois de alguns minutos, Ramiro, o homem rude e forte, que procurava a sabedoria, guardou a pílula em seu bolso e começou a falar, a contar seus casos e transmitir alegria a todos. O ambiente alegrou-se como num passe de mágica. E no fundo de sua alma, João Ramiro acabava de descobrir sua sabedoria.
Naquele mesmo instante, um pouco distante, sob o aconchego de uma grande árvore, Nashi indagava ao Mestre:
- Há alguns dias o senhor deu uma pílula da sabedoria para um homem forte. O que devo fazer para conseguir uma?
- Vá à farmácia, na cidade e peça uma Aspirina, disse o sábio.
O discípulo começou a rir descontroladamente, enquanto o Mestre, olhando para ele, disse:
- Há homens que são tão sábios na arte de proporcionar felicidade aos outros, que não respeitam o limite do tempo, espaço... ou da intelectualidade.
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