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Poesias-->Simples -- 25/02/2002 - 19:13 (Isabela Mendes) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Simples



Ouvi a vida sussurrando

os passos na rua escura

ouvi a prece derramada

os pulsos nos passos na estrada

ouvi a voz muda dos pulos

impulsos passados e nulos.



O frio embeleza a minha solidão

E eu já não me sinto sozinha



O futuro parece cristalizado

como se o final feliz fosse inevitável

orquestras

aplausos



A noite veio calma

a vida veio rasa

e tudo que me arrasa

parece tão ínfimo agora



a noite veio calma

e não há nada que me tire essa paz

no horizonte as luzes não existem

as luzes estão lá mas não enxergo

só sinto a paz que proporcionam

só é a medicina alternativa

só é uma opção de vida



O tempo passando nas nuvens de algodão

O tempo vai parando nos cabelos brancos de meu avô

ele vai caminhando, lentamente vai me contando

como foi, como é...

e eu imagino como será daqui pra frente

agora não temos mais casa

estranhos moram na casa

clientes entram na casa

e no meu quarto de amores

onde eu já fui artista

nossa casa de terrores

hoje é sala de dentista



as músicas ainda são densas

mas não contam já de antes

a saudade que senti

sempre foi do que virá

a saudade que eu sinto

é a falta de mim



garota, menina, graciosa

ela anda por aqui

não queria ter que lembrar

da sua doce alegria

é difícil encarar seus olhos

daquela irritante esperança

ela nunca cessa de esperar

nunca se deixa enganar

pelos outros que desistem

pelos outros que insistem

em dizer que já não dá...

ela fica aqui dançando

com sorriso tão perdido

a garota está sozinha

criança chorando num canto

no fim do quarto minguante

na míngua da própria aflição

quem é que cuidou dela?



pra onde foram seus irmãos?

há algo que cuida dela

tem mais sorte que juízo

nunca sai no prejuízo

porque aprendeu a aproveitar

cada momento infortúnio

que também a faz chorar



a menina senta e chora

reza alto pra seu Deus

a menina esquece a Deusa

a Deusa que a embalou

engendrou-a nas artes do amor

a fez sentir abundância

fez sentir sua própria semente



a terra que a cobre

soterra seus amores

com a seiva da vida respira

pobre seiva da qual se alimenta



o verde das folhas lhe arde

entorpece-lhe o verde da erva

o verde dos olhos lacrimeja

a doce desilusão



a desilusão é bonita

depois que sente esse gosto

em vez de doce amargo fica

mais poema, conclusão



As tardes tardias

caem rápido

enegrecem algum dia produtivo

ela que não planta nada

prefere a noite

pra ficar parada

olhando as estrelas que ela não entende

mas as estrelas entendem a menina



Não estava escrito nas estrelas

as estrelas não escrevem

as estrelas são geniosas

não pedem permissão

as estrelas escolhem pessoas

um olhar, um coração

e aqueles que foram escolhidos

terão estrelas no olhar

terão estrelas nas veias

terão estrelas brilhando

em tudo o que por ventura fizerem



e ela que não faz nada

se lembra que é uma estrela

estrela não brilha sozinha

reflete a luz dos astros

e precisa do sol...



está frio

nada cresce

o sol, violento

me esquece

tudo o que o sol aqueceu

queimou por não saber amar



o que você conseguiu?

nada ainda, ela responde

e o que está procurando?

sigo o caminho do sol

mas só o vejo no poente

sem sol fico doente



as águas que escorrem das pedras

lavam as minhas feridas

o fogo que acende em meu peito

por vezes também arde em mim

assim não morro de frio

porque tenho um desvario

um desejo que corrói

mas me mantém aquecida

o fogo secreto me arde

corro pro sol, mas é tarde



corpo de sol mas é tudo

há sangue escorrendo na terra

a terra que agora é vermelha

há fogo ardendo na pele



deitada na terra vermelha

vermelho do fogo da pele

a boca da moça é vermelha

e o corpo é branco brilhante

o brilho da lua no corpo

o brilho da estrela no olhar

o corpo estremece de medo

faísca da estrela do brilho

o amor bem sabe é doído

prazer bem sabe é extremo

ela vai morrer de amor

ardendo e minguando

aquilo que é delicado

com a força vai morrendo pela terra

a semente germinando o grave sulco

a carne pulsa de prazer, de sentimento

o amor renasce se deságua em próprio ventre

o amor insulta, vem rápido e violento

o amor arde, fogo santo, purifica

toda a água de amor é sagrada

todo ato de amor é suicídio

recebe em si o próprio amor nascido

e morre ao fim do tempo a descansar



e agora há o que precisar

novas preces para o sol a aquecer

tudo é novo, tudo é pronto pra nascer

o branco vira verde vira azul

e o sol a fere um pouco no suor



“quantas mulheres prováveis

interrogam-se no espelho

medindo o tempo perdido

até que venha a manhã”

Carlos Drummond de Andrade

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