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Contos-->Castigo de mãe -- 20/01/2002 - 17:37 (Adelio Rosa) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Depois do episódio com o ganancioso João Francisco, o conceito do Mestre diante da população do povoado e da cidade tomou proporções imensas e preocupante. Tanto que Mahatma decidiu refugiar-se no interior da mata onde buscaria a paz e a tranqüilidade para ouvir o Universo.
Sentado sobre uma pedra, próximo à grande cachoeira, o sábio meditava sobre o pensamento humano e entristeceu-se ao lembrar que o homem teria muito que aprender até descobrir em si a verdadeira força. Mahatma sabia que dentro de cada homem, que o procurava em busca de luz, existia uma força superior, centenas de vezes maior do que os problemas por todos vividos. Uma força capaz de controlar todo o universo.
Apesar disso, o homem mantinha resistência à essa força. Acomodava-se em sua fragilidade, deixando-se escravizar por coisas tão insignificantes, não sabendo que a força interior era superior a tudo aquilo. O homem, em sua cegueira, estava mais disposto a viver sob o peso do sofrimento, do que descobrir, na luz da sabedoria, a felicidade de reinar sobre sua própria vida.
Estava ali, próximo à grande cachoeira, quando uma mulher, já velha, andando com dificuldades, aproximou-se e disse:
- Mestre, graças a Deus o encontrei. Passei vários dias à sua procura, pois preciso muito de sua ajuda.
Mahatma nada disse. Apenas a ouvia.
- Estou próxima de minha morte e tenho uma filha muito jovem e muito bonita. Criei essa menina com muita dificuldade, já que fiquei viúva quando ela tinha apenas três anos. Somos pobres, mas sempre lutei para que ela tivesse uma vida de conforto. Para ganhar a vida, me prostitui com homens da província, a ponto de não ter mais forças para continuar. Deitava com qualquer um que pudesse oferecer qualquer coisa que fosse bom para minha filha. Levei surras, dormi em estábulos, passei dias de profunda fome. Fui presa várias vezes e estuprada por soldados cruéis. E nunca, nunca me deixei apaixonar, com medo de ter que dividir o amor pela minha filha, com um homem.
Enquanto aquela mulher falava, o Mestre e somente ele, ouvia o choro triste da grande cachoeira, como que compartilhar da dor daquela mãe.
Por fim, depois de relatar toda uma vida de sofrimento em defesa de uma criança, a velha mulher, em prantos, disse:
- Hoje, minha filha, se rebelou contra mim, trocando tudo que fiz por ela, por amizades, festas e uma vida sem responsabilidade. Vive por mentir, enganar, tornando-se uma verdadeira bandida.
A mulher chorava enquanto falava e o Mestre nada disse.
- Tenho certeza, Mestre, que tudo o que eu podia fazer para o bem dela eu fiz. E não gostaria de morrer deixando-a envolvida numa vida que eu conheci de perto e que vai fazê-la sofrer muito. Estou triste, pois apesar de todos os meus esforços e sacrifícios, minha filha está indo para um caminho ruim.
A mulher prosseguiu:
- Diga-me Mestre: Eu errei?
Mahatma, olhando aquela mulher com muita ternura, respondeu:
- Sim.
- Onde eu errei, Mestre?
- Errastes em ser mãe.
- Então, o que faço agora, senhor?
- Morra feliz por ter sido mãe.
- Mas, e minha filha? O que será dela?
- Será castigada.
- Castigada? Mas.. como...?
- Um dia, ela também será mãe.
Naquele momento, o pranto da grande cachoeira, em uma nuvem de gotículas, acariciou o rosto aquela mulher, numa cumplicidade silenciosa, uma cumplicidade de mães.
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