Em uma sociedade que se desenvolve atada a uma evolução social que estimula nos indivíduos a competitividade e que relacionada às melhorias de condições de vida proporcionada pelos avanços na área das ciências experimentadas pelas famílias deste final de século, nos deparamos com uma ascendente inversão de valores humanos e morais devida, ao meu ver, ao grande despreparo da humanidade em conviver com estas novidades que para proporcionarem, verdadeiramente, um bem considerável para toda a civilização deve estar acompanhada a altura pelo desenvolvimento espiritual humano.
O desenvolvimento material e espiritual constituem dois paralelos cuja o desequilíbrio leva a anarquia, a desumanidade, a ambição, a destruição. Uma reação destrutiva que começa no indivíduo e evolui a níveis coletivos que podem levar a aniquilação total de uma espécie.
Nosso desenvolvimento, a nível material na área tecnológica associada a social, embora não tenha posto fim a muitas doenças e a fome, tem dado ao homem mais tempo ocioso que deveria ser usado para seu desenvolvimento espiritual. A sociedade com um corpo deve induzir esta idéia nos indivíduos o que viabilizaria a construção de convivência pacífica em meios a todas estas mudanças e adversidades. A alma humana é uma terra fértil que precisa ser trabalhada a todo momento para que não brote nela o que é ruim.
"Nas terras ociosas, embora ricas e férteis, pululam as ervas selvagens e daninhas, e para aproveitá-las cumpre trabalhá-las e semeá-las a fim de que nos sejam úteis. (...) Assim igualmente os espíritos: se não o acupamos com certos assuntos que os absorvam e disciplinem , enveredam ao leu, sem peias, pelo campo da imaginação." Montaigne - Pensadores, Ed.1997. Pg.-53
Ao contrário do que poderia ser, o tempo ocioso conquistado pela sociedade é utilizado de maneira errônea, maligna. Um alma vazia de conhecimentos altruísta e carente de noções suaves que a fortalece é uma terra fértil a idéias destrutivas, "forjando vãs ilusões, semelhante a fantasias de um doente" (Horácio).
É sabido que as pessoas do futuro terão uma melhor qualidade de vida e com a ajuda das maquinas, um maior tempo para o lazer, de ociosidade. No entanto se continuar a ignorar a possibilidade de uso construtivo no desenvolvimento espiritual neste período proporcionado, o meio negativo se alastrará pela sua vida adentro, uma vida sem conceitos, sem importância, sem um objetivo a alcançar a não ser o trasbordamento para o meio social deste potencial destrutivo, caótico característico destas almas ociosos que chegam a tentar contra si mesmas, colocando seu próprio corpo material em risco fatal.
Em cada instante livre o homem deve doutrinar-se a cultivar bons pensamentos, a prática do altruísmo, ao equilíbrio alma/corpo, a ocupar cada espaço vago em sua alma com práticas que possuam potencialidades construtivas. Não existem ervas daninhas em um campo bem cultivado e cuidado e mesmo que estas apareçam o vegetal de importância sempre se sobreporá ao mau e saberá distingui-lo e separá-lo de suas ações finais, ações ainda tão mal exteriorizada em reflexo ao que existe no coração do homem.
Uma mente repleta de pensamentos ativos e estruturadas em ações benignas certamente poderá contar com uma sociedade notável. Não existem dificuldades, para cada passo evolutivo um tempo maior de espera é acumulado a bagagem existência da criatura para que ela desenvolva seu lado espiritual e humano habilitando-a a manutenção continua da paralela desenvolvimento material e espiritual. Esta harmonia capacita uma cooperação entre as manifestações da Criação dando ao homem a chave para um verdadeiro desenvolvimento onde o futuro realmente levará o homem a cumprir sua missão como centelha de Deus.
Não deixe linhas em branco no seu livro da vida, mesmo que tenha que borra-lo ou rescrevê-lo por diversas vezes. Mas ensine-se a cultivar de maneira adequada sua alma para que o mundo não o vença.
